O MENINO DA GELATINA DE MORANGO (NÃO É CRONISTA COISA NENHUMA)
Pensava eu que não teria de falar novamente de um tal senhor Nuno Ferreira quando, para meu sincero espanto, o biltre volta a sair de debaixo do calhau onde habita para voltar a presentear o mundo com a sua imensa parvoíce. A crónica que o rapaz tinha escrito aqui há uns dias, e em que destilava todo o seu desprezo pelos jovens Calimeros deste país, foi um sucesso tremendo e alvo das mais ásperas e enojadas reacções por parte de quem teve o azar de a ler. Pois o menino não esteve de modas e decidiu escrever um novo texto – recuso-me a chamar-lhe crónica – para dessa forma justificar e explicar o que havia vociferado dias antes e, ao mesmo tempo, atirar umas quantas farpas aos seus detratores.
Com este novo escarro Nuno Ferreira
comprova definitivamente algo de que eu havia demonstrado suspeitar no texto
que publiquei neste mesmo blog: o rapaz é tão cronista como eu sou engenheiro termonuclear
e só publica no P3 por ser primo, sobrinho ou namorado de alguém com as chaves
da redacção. Porque um cronista escreve o que escreve, defende o que defende e
aguenta as potenciais reacções negativas com o nobre silêncio de quem, correcto
ou errado, acredita verdadeiramente no que diz. Ser cronista é de homem de
barba rija ou de mulher segura de si própria. Nuno Ferreira claramente não se
qualifica como nenhum destes. É um espirro de gente, uma criatura rastejante
que quis ser cronista por achar sexy escrever num órgão de comunicação social e
a quem deram a password de um computador simplesmente pela natureza das suas
amizades ou relações familiares.
O mais triste em todo este episódio trágico-cómico
chamado Nuno Ferreira é a posição de um órgão de comunicação que, por mais que
defenda que trata tudo por tu, se quer sério e idóneo. Permitir a um cronista
um texto da natureza deste último assinado pelo jovem Nuno não coloca o P3 do
seu lado nem lhe atribui a característica de advogado do assalariado nem tão
pouco justifica a perda de leitores – como alguns
deixaram bem claro nas respostas ao referido texto. Diz muito, no entanto, acerca do nível de
quero-lá-saber de quem manda na política editorial daquele site noticioso.
E é pena. Num panorama jornalístico já
de si tão pobre e feio e em que abundam os correios da manhã e os jornais de
notícias, com as suas constantes poças de sangue alheio, má escrita e
tendências clubísticas e partidárias, era importante um órgão de comunicação
como o P3 parecia querer ser. Para ser o que queria, o P3 tinha de demonstrar
um critério de qualidade bem mais forte. Para ter essa qualidade, necessitava o
P3 de recorrer a profissionais do jornalismo (e não só) que tivessem realmente
atributos interessantes e algumas particularidades chamativas. Não é o caso e
muito menos é o caso do Nuno Ferreira. Não só pelo que escreveu quando falou
dos tais Calimeros, mas também pela pouca qualidade da sua escrita, o
desinteresse dos temas que decide abordar e a atitude nada consentânea com um
verdadeiro cronista.
Mas, justiça seja feita, há uma coisa
que o Nuno Ferreira conseguiu com esta demonstração triste de sobranceria,
arrogância e má educação: a partir de hoje, e independentemente das ameaças de
abandono que inúmeros leitores prometeram ao P3, muito vão ser lidas as
crónicas deste rapaz. Significa isso que o P3 vai ter mais visitantes diários e
isso é realmente o que interessa a uma empresa de prestação de serviços mais ou
menos jornalísticos. O quê, pensavam que era um jornal digital? Que divertido,
nada disso! Da mesma forma que o CM não é um jornal, que o JN é um jornal a
meio caminho de um folhetim piroso – escrito às três
pancadas e desesperadamente a necessitar de um batalhão de revisores – e que o
Público é cada vez mais uma sombra triste do que já foi. Pudera que a imprensa
escrita esteja em crise há uma pancada de anos: é só um reflexo da crise no
ensino universitário e da fábrica de incapazes em que a universidade portuguesa
se tornou. Caramba, mais um bocadinho e via-me forçado a concordar com o senhor
Nuno Ferreira…
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