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Bom Karma... ou não!

sexta-feira, agosto 01, 2008

CLOVERFIELD REVISITADO




Estive sinceramente dividido entre ver ou não ver os extras da edição em DVD de um dos mais espectaculares filmes de sempre. E porquê? Porque nunca nenhum outro filme me enganou tanto quanto este. Porque nunca tinha estado uma hora e meia convencido de que estava realmente a ver um documentário sobre o dia em que um monstrengo arrasou Nova Iorque. E porque sabia que ver esses (fantásticos) extras iria diluir esse tão imperdível efeito sobre o espectador de que já (quase) nenhum filme é capaz.

Ao ver o documentário e ao acompanhar todos os milhões de pormenores técnicos que um filme destes exige, fica-se com a certeza de que o que aparenta ser simples e feito assim às três pancadas, é afinal resultado de milhares de horas de trabalho minucioso de uma equipa de centenas de pessoas. É assustadora a margem infinitesimal de erro no processo de construção de um filme como "Cloverfield". Tudo é de tal forma planeado, tudo é tão criteriosamente decidido, que ficamos com dor de cabeça só de pensar no que aquelas cabeças tiveram de pensar para conseguirem um resultado final daqueles.

Engraçado é perceber também o carinho que quase todas as equipas de filmagem, produção, efeitos especiais e até de actores, desenvolveram pelo tal monstro a quem deram o nome de "Clover" - assim em jeito de só para amigos. E curiosa a explicação que o próprio desenhador da criatura dá para o seu estranho aparecimento em Manhatan. Segundo ele, que teve de tentar perceber as suas motivações e emoções para o conseguir criar em lápis e papel, aquele monstro não está zangado nem tem nenhum particular interesse em ver uma cidade arrasada. Aquele monstro não é mais do que uma cria, perdida, assustada e, como tal, completamente desorientada. Giro...

Como giro, e absolutamente surpreendente é percebermos finalmente o que poderá ser a origem do monstro. No cinema, a imagem só passa uma vez, e quem consegue ver vê, quam não consegue... tem de esperar pelo DVD para a poder ver as vezes que forem necessárias. Na última sequência do filme acompanhamos a viagem do casal Beth e Rob a Coney Island, e durante alguns segundos é-nos mostrada a praia. Se tiverem paciência, concentrem-se no lado esquerdo do ecrã e tentem perceber o objecto que se despenha no mar...

Impressionante a qualidade dos efeitos especiais, que nos enganam mesmo quando pensamos não ser necessário. Certas cenas, que acreditamos serem filmadas, por exemplo, na ponte de Brooklyn, não são mais do que um espectáculo CGI, filmadas num cenário cercado por ecrãs verdes. Aliás, "Cloverfield" é provavelmente o melhor exemplo até hoje da utilização desse tal de CGI. Duvido muito que durante o filme alguém consiga de facto perceber quais as imagens concebidas digitalmente e quais as 100% reais. E esse é o ingrediente que torna uma hitória absolutamente inverosímel em algo de tão realistico e quase palpável. Honestamente, não estou a ver nenhum outro filme com uma tão grande qualidade de efeitos especiais e, acima de tudo, com uma tão perfeita e justificada aplicação desses mesmo efeitos no decorrer dos acontecimentos.

"Cloverfield" vai ficar na história do cinema, isso sem dúvida. Não só por ter (re)criado um estilo de cinema e por imediatamente o ter enterrado - nenhum outro filme conseguirá tamanho efeito surpresa -, mas também pelo prodígio tecnológico que representa, mesmo que na maior parte do filme essa qualidade não seja totalmente perceptível.

Está decidido, vou comprá-lo.






Entretanto, existem já inúmeros vídeos na net que mostram os pequenos segredos de que o filme está repleto. Alguns são somente teorias, mas a maior parte resulta mesmo das horas que os fãs passaram a analisar "Cloverfield" para tentarem descobrir de facto aquilo que no cinema nos passou despercebido. É interessante e divertido, e obriga-nos a ir ver o filme com o comando na mão e um dedo constantemente no PAUSE.

Ah, lembram-se de ter referido que ao terminar o genérico final de "Cloverfield" estava talvez o maior segredo do filme? Quando se ouvia uma voz sussurrar algo imperceptível? Pois bem, a primeira coisa que se percebeu é que se assemelhava vagamente a qualquer coisa como "help us". Afinal, e graças aos tais fãs que perderam dias a desenterrar os segredos escondidos, descobriu-se que se ouvirmos o tal som ao contrário, conseguimos perceber nitidamente "it's still alive"...


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