FILMITOS
Dá-me ideia que o passatempo preferido dos realizadores de cinema brasileiros é ver quem vai ser o next big thing do meio e realizar o próximo "Cidade de Deus". Ou seja, quem vai ser o próximo autor a dar nas vista e a revolucionar novamente o panorama do cinema canarinho. No entanto, não é Fernando Meirelles quem quer e filmes como "Cidade de Deus" não nascem nas árvores.
Isto a propósito de "Tropa de Elite", o tão anunciado filme de José Padilha que arrecadou o Urso de Ouro do Festival de Berlim, e que anda a roubar as atenções de público e crítica. Mas será "Tropa de Elite" o tal next big thing brasileiro? Não, longe disso, até. Mas tenta por todos os meios possíveis sê-lo. De tal forma que chega a cheirar a cópia desavergonhada - por muito que nos esforcemos a tentar não pensar nessa hipótese. A técnica é a mesma, o conteúdo também, e a estética, provavelmente o que mais tinha espantado na obra prima de Meirelles, é sacada a papel químico - câmara ao ombro, fotografia saturada e uma dinâmica de filmagem avassaladora. E a coisa até funciona e nem chateia. Ao fim e ao cabo, Fernando Meirelles inadvertidamente acabou por criar com "Cidade de Deus" uma espécie de sub-género cinematográfico, e já se sabia que não era preciso esperar muito para que mais realizadores começassem a seguir o seu estilo. O pior é que José Padilha consegue reproduzir esse estilo tão peculiar e utilizá-lo com habilidade, não conseguindo, no entanto, atribuir ao seu filme a mesma densidade dramática da obra que em 2002 colocou o Brasil no mapa cinéfilo mundial, e o seu realizador na tão apetecível Hollywood.
"Tropa de Elite" parece um documentário encenado. Como aqueles que tantas vezes vemos na televisão e em que actores dão corpo às histórias verídicas contadas na primeira pessoa por aqueles que verdadeiramente passaram pelos acontecimentos relatados. Está muito bem feito, é (mais uma vez) tecnicamente irrepreensível, é servido por actores excelentes e bastante credíveis, mas tem um argumento demasiado pequeno para um filme de duas horas e meia, e personagens unidimensionais, sem qualquer tipo de profundidade e que parecem passar pela história sem realmente se fazerem notar.
Isto a propósito de "Tropa de Elite", o tão anunciado filme de José Padilha que arrecadou o Urso de Ouro do Festival de Berlim, e que anda a roubar as atenções de público e crítica. Mas será "Tropa de Elite" o tal next big thing brasileiro? Não, longe disso, até. Mas tenta por todos os meios possíveis sê-lo. De tal forma que chega a cheirar a cópia desavergonhada - por muito que nos esforcemos a tentar não pensar nessa hipótese. A técnica é a mesma, o conteúdo também, e a estética, provavelmente o que mais tinha espantado na obra prima de Meirelles, é sacada a papel químico - câmara ao ombro, fotografia saturada e uma dinâmica de filmagem avassaladora. E a coisa até funciona e nem chateia. Ao fim e ao cabo, Fernando Meirelles inadvertidamente acabou por criar com "Cidade de Deus" uma espécie de sub-género cinematográfico, e já se sabia que não era preciso esperar muito para que mais realizadores começassem a seguir o seu estilo. O pior é que José Padilha consegue reproduzir esse estilo tão peculiar e utilizá-lo com habilidade, não conseguindo, no entanto, atribuir ao seu filme a mesma densidade dramática da obra que em 2002 colocou o Brasil no mapa cinéfilo mundial, e o seu realizador na tão apetecível Hollywood.
"Tropa de Elite" parece um documentário encenado. Como aqueles que tantas vezes vemos na televisão e em que actores dão corpo às histórias verídicas contadas na primeira pessoa por aqueles que verdadeiramente passaram pelos acontecimentos relatados. Está muito bem feito, é (mais uma vez) tecnicamente irrepreensível, é servido por actores excelentes e bastante credíveis, mas tem um argumento demasiado pequeno para um filme de duas horas e meia, e personagens unidimensionais, sem qualquer tipo de profundidade e que parecem passar pela história sem realmente se fazerem notar.
Contudo...
"Tropa de Elite" tem também um par de bons argumentos e que merecem ser realçados. A história, embora curta, conta e mostra o que se passa nas piores favelas do Rio de Janeiro; a relação da polícia com os traficantes, e a forma como o BOPE - uma força especial de intervenção criada propositadamente para a guerrilha urbana - lida com ambas as partes de um conflito que às vezes apenas serve para disfarçar um universo de corrupção como não deve haver em mais nenhum local no mundo. E esse universo - das favelas brasileiras - é algo de tremendamente apetecível para o público. Todos querem ver como é uma favela, como são os traficantes, como actua a polícia, como são aqueles seres humanos tão diferentes de nós, afinal. nesse sentido "Tropa de Elite" não desilude nem um bocadinho. É gráfico, violento, brutal, duro e às vezes difícil de engolir. Mais uma vez, é um documentário. Como se uma equipa de filmagem da Globo tivesse a coragem de acompanhar o BOPE nas suas investidas ao Morro da Rocinha, e autorização para filmar tudo, sem censura.
Para além disso, "Tropa de Elite" tem também a melhor interpretação do cinema brasileiro de que me lembro - só ultrapassada pela Fernanda Montenegro do maravilhoso "Central Brasil". Wagner Moura, o Capitão Nascimento, já tinha dado nas vistas no mediano "Carandiru", e mostra, de uma vez por todas, ser um actor do caraças; com uma energia e uma força avassaladoras, mas sempre com uma tristeza assustada no olhar, que denuncia a agonia em que Nascimento, o futuro pai de família, farto da vida de soldado, vive. Nascimento, o capitão, é rígido, agressivo e violento o necessário para não dar sequer uma hipótese ao inimigo. Wagner Moura consegue gerir essas duas personalidades de uma forma intocável, e merece, sem somra de dúvidas, a nomeação para o Oscar de melhor actor. Sem exagero.
Em conclusão, "Tropa de Elite" vê-se bem e não chateia nadinha, mas o seu valor enquanto objecto fílmico, resume-se simplesmente ao valor documental de uma realidade que todos querem conhecer a fundo.
"Death Defying Acts" - estupidamente traduzido para "Houdini - o Último Grande Mágico" - é 99% mau. A única coisa boa do filme chama-se Saoirse Ronan, a actriz de 14 anos que interpreta a filha da mulher por quem Houdini se apaixona. A miúda já teve uma nomeação para o Oscar de actriz secundária, pelo seu papel em "Atonement" e percebe-se porquê. É realmente demasiado boa para quem tem tão pouca experiência e consegue carregar sozinha o filme às costas.
A figura de Harry Houdini merecia melhor, e continua a faltar o biopic definitivo sobre uma das personagens mais entusiasmantes da história. É pena.
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