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Bom Karma... ou não!

quarta-feira, novembro 12, 2014

OLHA UMA MOEDINHA, FACHABOR...




Acho muito bem! Grande decisão, a do Costa, de cobrar um eurito a quem quiser entrar no seu feudo, sim senhor que é de homem com os colhões (que é como se diz cá no Porto) de aço bem polido, brilhante e garboso. É assim mesmo, ó Costa, se agora os farsolas quiserem entrar aí têm de pagar a respectiva taxa que é para não pensarem que a Lisboa é de todos, que é fácil, que se abre a qualquer um. Não senhor, agora têm de pagar e é se querem. Não pagam para entrar num parque de diversões, nos aquaparques dos parolos no Algarve e ainda em alguns bares? Pois então, pagam para entrar na cidade do Costa que não é nenhum menino e sabe o que faz com a sua cidade, sua e dos seus que o elegeram e esses não pagam, pois tá claro, como podiam pagar se é lá que moram? Não há cá pão pra malucos (é assim que se diz no Porto). 

Sim senhor, ó Costa, quiseste fazer como as grandes cidades da Europa que também cobram a quem lá quiser entrar e elevar o teu feudo à qualidade de grande também e como não havia outra maneira não foste de modas e toma lá morangos (diz-se assim no Porto, não sei se aí em baixo também se diz) que isto é pra quem pode, não é pra quem quer. Acho muito bem que alguém que manda na Lisboa, como o Costa, pense nós não queremos nem precisamos aqui de tanta gentinha e não perca muito tempo a ter uma ideia de génio, regressar à idade média de que tantos sentem a falta e comece a cobrar entradas a torto e direito, que Lisboa não é pra todos. 

Até podias fazer uma coisa que era bem engraçada, ó Costa, e de que eu me lembro com saudade: podias fazer como no Jardim Zoológico de Lisboa (nem de propósito) quando eu era pequenino e tirar fotografias às pessoas que entram em Lisboa. No fim da viagem, à saída, vendias-lhes a fotografia e ainda fazias uns trocos, que isto hoje em dia toda a gente quer ter uma recordação das férias para pôr no Face eu na Portela, eu na portagem, essas merdas. Não sejas morcão (já sabes que é assim que se diz no Porto) Costa, vai por mim e não pares pela taxa. Se a taxa é turismo então pensa em todas as possibilidades que isso te pode trazer de fazer mais algum. Podes vender balões com a forma dos Jerónimos nas portagens da ponte 25 de Abril, nossas senhoras fluorescentes a quem chega nos cruzeiros e galos de Barcelos daqueles que mudam de cor para anunciar chuva aos que vão no pendular. 

Já viste, Costa, podes fazer tanto guito (como se diz no Porto) com os papalvos que por alguma razão querem ir à Lisboa e ficas-te pela taxa? Tem juízo nessa moleirinha (também se diz assim, no Porto). Olha, pela parte que me toca, vou pensar seriamente nessa estratégia e aconselhar aqui o Porto, a cidade onde moro e onde podes vir de borla (e tu podes mesmo vir de borla) a seguir o teu exemplo, campeão (não perguntes, é uma coisa que se diz no Porto). Não a cobrar um euro a quem cá entra mas a cobrar dois euros a todos os lisboetas que quiserem cá comer francesinhas. Porquê dois euros, Costa? Eu explico. É que o teu vice, o Fernando Medina, disse que esta taxa equivale a, e passo a citar, «pouco mais de um café diário» e cá no Porto o café (que é um bem de primeira necessidade) na maioria esmagadora dos sítios não custa mais de 60, 65 cêntimos, havendo ainda quem, imagina, Costa, cobre apenas 50 cêntimos. Ou seja, claramente o nível de vida aí na Lisboa é bem superior ao nosso e se um café vos custa sem esforço um eurito, acho justo que vocês paguem mais para comer uma francesinha do que nós para irmos à Lisboa. 

Ainda por cima porque o que vocês têm por aí também nós temos por cá, sendo que nós temos boas francesinhas e vocês… bem, vocês orgulham-se da sardinha assada e dos caracóis, mas se são esses os vossos ex libris gastronómicos então só posso concluir que todas as vilazinhas piscatórias deste nosso Portugal vão passar a cobrar uma fortuna para lá entrarmos. Espero que não, ó Costa, que a tua ideia é incrível e não gostava nada que alguém se aproveitasse dela para sacar umas coroas à má fila (é uma expressão de cá de cima, Costa) e sem nenhuma justificação por mais ilógica que fosse. Abraço, Costa!