OLHA UMA MOEDINHA, FACHABOR...
Acho muito bem! Grande decisão, a
do Costa, de cobrar um eurito a quem quiser entrar no seu feudo, sim senhor que
é de homem com os colhões (que é como se diz cá no Porto) de aço bem polido,
brilhante e garboso. É assim mesmo, ó Costa, se agora os farsolas quiserem
entrar aí têm de pagar a respectiva taxa que é para não pensarem que a Lisboa é
de todos, que é fácil, que se abre a qualquer um. Não senhor, agora têm de
pagar e é se querem. Não pagam para entrar num parque de diversões, nos
aquaparques dos parolos no Algarve e ainda em alguns bares? Pois então, pagam
para entrar na cidade do Costa que não é nenhum menino e sabe o que faz com a
sua cidade, sua e dos seus que o elegeram e esses não pagam, pois tá claro,
como podiam pagar se é lá que moram? Não há cá pão pra malucos (é assim que se
diz no Porto).
Sim senhor, ó Costa, quiseste fazer como as grandes cidades da
Europa que também cobram a quem lá quiser entrar e elevar o teu feudo à
qualidade de grande também e como não havia outra maneira não foste de modas e toma
lá morangos (diz-se assim no Porto, não sei se aí em baixo também se diz) que
isto é pra quem pode, não é pra quem quer. Acho muito bem que alguém que manda
na Lisboa, como o Costa, pense nós não
queremos nem precisamos aqui de tanta gentinha e não perca muito tempo a
ter uma ideia de génio, regressar à idade média de que tantos sentem a falta e
comece a cobrar entradas a torto e direito, que Lisboa não é pra todos.
Até
podias fazer uma coisa que era bem engraçada, ó Costa, e de que eu me lembro
com saudade: podias fazer como no Jardim Zoológico de Lisboa (nem de propósito)
quando eu era pequenino e tirar fotografias às pessoas que entram em Lisboa. No
fim da viagem, à saída, vendias-lhes a fotografia e ainda fazias uns trocos,
que isto hoje em dia toda a gente quer ter uma recordação das férias para pôr
no Face eu na Portela, eu na portagem,
essas merdas. Não sejas morcão (já sabes que é assim que se diz no Porto)
Costa, vai por mim e não pares pela taxa. Se a taxa é turismo então pensa em
todas as possibilidades que isso te pode trazer de fazer mais algum. Podes
vender balões com a forma dos Jerónimos nas portagens da ponte 25 de Abril,
nossas senhoras fluorescentes a quem chega nos cruzeiros e galos de Barcelos
daqueles que mudam de cor para anunciar chuva aos que vão no pendular.
Já viste,
Costa, podes fazer tanto guito (como se diz no Porto) com os papalvos que por
alguma razão querem ir à Lisboa e ficas-te pela taxa? Tem juízo nessa
moleirinha (também se diz assim, no Porto). Olha, pela parte que me toca, vou
pensar seriamente nessa estratégia e aconselhar aqui o Porto, a cidade onde
moro e onde podes vir de borla (e tu podes mesmo vir de borla) a seguir o teu
exemplo, campeão (não perguntes, é uma coisa que se diz no Porto). Não a cobrar
um euro a quem cá entra mas a cobrar dois euros a todos os lisboetas que
quiserem cá comer francesinhas. Porquê dois euros, Costa? Eu explico. É que o
teu vice, o Fernando Medina, disse que esta taxa equivale a, e passo a citar, «pouco
mais de um café diário» e cá no Porto o café (que é um bem de primeira necessidade) na maioria esmagadora dos sítios
não custa mais de 60, 65 cêntimos, havendo ainda quem, imagina, Costa, cobre
apenas 50 cêntimos. Ou seja, claramente o nível de vida aí na Lisboa é bem
superior ao nosso e se um café vos custa sem esforço um eurito, acho justo que
vocês paguem mais para comer uma francesinha do que nós para irmos à Lisboa.
Ainda
por cima porque o que vocês têm por aí também nós temos por cá, sendo que nós
temos boas francesinhas e vocês… bem, vocês orgulham-se da sardinha assada e
dos caracóis, mas se são esses os vossos ex libris gastronómicos então só posso
concluir que todas as vilazinhas piscatórias deste nosso Portugal vão passar a
cobrar uma fortuna para lá entrarmos. Espero que não, ó Costa, que a tua ideia
é incrível e não gostava nada que alguém se aproveitasse dela para sacar umas
coroas à má fila (é uma expressão de cá de cima, Costa) e sem nenhuma
justificação por mais ilógica que fosse. Abraço, Costa!
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