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Bom Karma... ou não!

quarta-feira, maio 18, 2011

QUE PAÍS É ESTE?


Ao ponto a que chegamos. Eleições à porta e as previsões começam a apontar para uma vitória do homem que, até aqui, ninguém parecia querer no poder. E porquê? Porque a alternativa é uma anedota sem graça. Perder as eleições para Sócrates será, para Passos Coelho, a maior das humilhações. Porque perder para o político Sócrates, vil e reles Sócrates, é prova inegável da pouca qualidade do programa apresentado pelo líder do PSD e do nível de credibilidade que este goza junto do eleitorado.

Poderia ser mais ou menos evidente que Passos Coelho será Primeiro Ministro, sim. Um dia, claro, não agora. A verdade é que sabendo que o homem concorre pelo PSD - o maior ninho de víboras com sede de poder na realidade política nacional - é mais provável que seja rapidamente substituído, caso perca realmente as eleições de dia 5, do que levar um voto de confiança da parte do mobiliário clássico lá do partido. Passos Coelho, por estes dias, é verdadeiramente um homem encostado à parede.

E por culpa própria. Já famoso pela quantidade absurda de tiros no pé durante a sua curta carreira como líder do maior partido da oposição, Coelho não quis deixar a fama esmorecer e tratou de continuar a colecção de erros tácticos no arranque da campanha eleitoral. Para além do já badalado "eu sou o candidato mais africano de todos", que deixou no ar uma dúvida de cariz fortemente sexual, Passos Coelho vem agora anunciar ao mundo que vai extinguir o Ministério da Cultura. Diz o candidato que a cultura portuguesa passa a ser matéria de secretaria de Estado, controlada directamente por Passos Coelho Primeiro Ministro.

Portanto, sosseguem, maluquinhos da cultura, artistas e produtores culturais, o Passos Coelho é a vossa salvação. Porquê? Porque claramente é um homem da cultura, sensível, preocupado, conhecedor da importância que a cultura tem no bem-estar do povo. Ou então... preocupem-se maluquinhos da cultura, artistas e produtores culturais, o Passos Coelho é daqueles que acredita que quaisquer meia dúzia de euros investida num evento cultural é dinheiro deitado ao lixo.

E é este o cenário político português, exactamente igualzinho ao que estava antes da crise, antes da queda do Governo, antes do FMI. É assim que vai estar, independentemente do resultado das eleições. Os nomes já pouco importam. Especialmente porque nada podem contra os maus princípios, a falta de inteligência e de cultura e os interesses pessoais dos políticos que - e ainda há quem acredite nisto? - nos representam e olham pela nossa vida.