kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

segunda-feira, maio 02, 2011

A BESTA


Outra fonte de entretenimento, tem sido o vídeo onde o vice-presidente da comissão política do PSD descreve as dificuldades de quem aufere dez mil euros por mês, e generosamente nos explica o que é, afinal, a classe média-baixa europeia. Nem vale a pena falar do vídeo em si. Vale, isso sim, perceber a discussão promovida pelas palavras do senhor Campos, especialmente numa plataforma como o Facebook.

Rapidamente, várias foram as vozes mais ou menos anónimas, que se levantaram para atacar o fiscalista e a sua teoria. Ao fazê-lo, incorrem no mesmo erro dos políticos, ou seja, teorizar. Teorizar e em demasia. Portugal precisa tanto de teorias, neste momento, como um cego precisa de óculos bi-focais. Do que Portugal precisa - e nunca vai ter, como é fácil de compreender - é de mais gente com responsabilidade a dizer o que tem a dizer com as palavras todas. Por exemplo, seria bom que algum deste opinion makers a soldo, tivesse o sangue frio para, num qualquer jornal nacional, afirmar, sem papas na língua, que o senhor Campos, vice-presidente da comissão política do partido que anda desesperadamente à caça do poder, é uma forte, refinada e desavergonhada besta. Que os restantes políticos, deputados e autarcas, pensam como ele, e que é por isso mesmo que esta merda não só não melhora, como apresenta fortes indícios de vir a piorar.

Em vez disso, o que temos são os tais anónimos, revoltadíssimos e ofendidos, e que perdem tempo a discutir estes assuntos com outros anónimos, alguns deles - e sei-o de fonte segura - que até recebem o seu ordenado das mãos do partido do Governo. Claro, têm direito à sua opinião, com revolta ou sem revolta. Mas a verdade, é que também esses contribuem para manter o país na pocinha de lama onde o enfiaram, já que não conseguem, nem lhes interessa, crackar o chip do partidarismo.

Diogo Leite Campos é uma besta, que faltou ao respeito de muita gente em poucos minutos de verborreia; que obviamente sabe que o que disse não faz sentido, nem no panorama nacional, nem no panorama europeu. Sabe disso, mas faz de conta que não sabe, para poder servir os lobbies que o servem e alimentam. É disto que a classe política e empresarial é feita e nós, que estamos fartos de o saber, preferimos espingardar por uns dias, para dar a entender que estamos atentos, e voltar ao mesmo do costume, para darmos a entender sei lá bem o quê.