A VERGONHA CHAMADA FATAL
Gostava de começar por esclarecer que as seguintes declarações reflectem única e simplesmente a minha opinião dos acontecimentos vividos na última edição do FATAL - Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa. Ou seja, a responsabilidade do que aqui se vai ler é inteira e exclusivamente minha, não enquanto membro do TUP, mas enquanto indivíduo que gosta, acima de tudo, de boa educação, boa vontade e de ser tratado com respeitinho.
O FATAL é um momento importante na vida dos grupos de teatro universitário. É o festival maior em Portugal, aquele em que todos querem participar, a que todos querem levar o seu trabalho. É uma forma, cedendo ao centralismo da capital, de se conseguir descentralizar a actividade dos grupos universitários, levando-a a outro público, à partida pouco ou nada familiarizado com o que se faz por esse país académico fora.
O FATAL podia ser o festival de teatro universitário por excelência. Porque tem condições. Porque tem apoios como poucos eventos culturais em Portugal. Porque é em Lisboa e Lisboa, já se sabe, é uma cidade dada a estas coisas da cultura; porque tem público curioso e interessado, que quer ver, conhecer e saber mais. O FATAL podia ser enorme. Não o é pela incompetência, sobranceria e má educação de muitas das pessoas que por ele dão a cara - e pouco mais, diga-se de passagem.
Mais uma vez, falo em nome próprio. Falo por mim e pelo que observei em três anos de presenças do TUP no FATAL. Mas falo por mim, não pelo TUP nem como membro activo do TUP.
Em 2009 RECUPERADOS não foi a concurso porque os responsáveis pela escolha dos grupos concorrentes não tinham sequer visto o vídeo integral do espectáculo que, por força de já ter tido uma carreira no Porto, não estava em fase de ensaios - critério que, mesmo contrariando o regulamento do festival, era tido como o mais importante por parte da organização. Segundo o regulamento, o vídeo do espectáculo, esse sim, era critério fundamental. Não o quiseram ver. Não fomos a Lisboa.
Em 2010 o TUP sofreu única e simplesmente com a pouca ou nenhuma vontade dos técnicos responsáveis pela montagem dos espectáculos em ajudar quem estava ali para trabalhar - e trabalhar toda a noite. Nesse mesmo ano o nosso ALAN viria a vencer o festival, destronando, viríamos a saber mais tarde e pela boca de um dos jurados, o espectáculo do CITAC de Coimbra que, mesmo sem saber, já era vencedor indiscutível. Na altura, o que nos foi dito foi que já tinham decidido que era o CITAC o vencedor, mas que depois alguém disse «já agora, vamos ver o que trazem os do Porto». E em 2010 foi só isto. Isto e um ano e meio à espera do dinheiro que o prémio representava. Incidentes, pensámos.
Em 2012 as coisas correram relativamente bem. Alguns problemas com o estacionamento dos carros, coisa pouca - resolvida facilmente pelos técnicos da Politécnica(!) e não pelos produtores do FATAL - e nada mais a declarar. O TUP conquista o prémio para espectáculo mais inovador e, mais uma vez, fica à espera. E continua à espera. Ironicamente. O espectáculo chamava-se A ESPERA e era ao mesmo tempo um prenúncio de mais um ano à espera pelo dinheiro referente ao prémio.
Este ano, o pior dos anos. O TUP leva ao FATAL MEDEIA DE NOITARDER, que para a organização do festival, e na revista do certame e em letras gordas, será para sempre MEDEIA DE NOITARDECER. E depois começam os incidentes. A caminho de Lisboa, e depois de termos comunicado por diversas vezes as 19:30 como hora de chegada, recebemos um telefonema da produtora - estávamos nós no Pombal a esticar as pernas, eram isto 17:00 - ameaçando que, ou chegávamos às seis para jantar ou perdíamos essa regalia, que a moça tinha um espectáculo para ver e não podia ficar à nossa espera. Ora tal não podia ser. Não num festival que «assegura alojamento e refeições». Vai daí a tal produtora passa-nos para as mãos do colega produtor, que esse sim ficaria à nossa espera e nos levaria à cantina para jantar. Chegados à cantina e ao dito produtor perguntámos «onde estacionamos as carrinhas?». A resposta rápida como se estivesse ensaiada «não sei, eu ando de bicicleta».
Estacionar em Lisboa nunca é tarefa fácil, muito menos para quem conhece mal a cidade e tem dois furgões carregados com material - muito material, milhares de euros em material. Decisão: ir para a Politécnica, que aí sim conseguiríamos estacionar os veículos e alguém haveria de nos conseguir levar uma caixinha de comida. Mas não por vontade do dito produtor, que deu um rígido NÃO a quem lhe perguntou isso mesmo.
Ao longo do fim-de-semana foram vários os exemplos desta arrogância de quem trabalha num festival que parece mais do que realmente é. Arrogância e má educação. E frete, e sobranceria e pouca, muito pouca vontade de se fazer fosse o que fosse. Até porque o Benfica vinha ao Dragão e isso, Deus me livre, vale mais, muito mais do que qualquer trabalho ou responsabilidade. Valeram-nos o Chicó, o Nuno e o Henrique, sempre bem dispostos e sorridentes, mesmo com tantas horas de trabalho pesado às costas.
E depois? Bem, depois o espectáculo, estava já decidido unilateralmente e pelos organizadores, teria de ser atrasado por motivo do jogo do ano. Não seria nem foi atrasado, mesmo ameaçados com a certeza de pouco público nessa frase que fica para a história «ok, então não têm público».
Fez-se. E fez-se bem, muito bem. E nas semanas seguintes, o vídeo do nosso espectáculo, ao contrário de todos os outros, não foi publicado na página do festival no Facebook. E foi publicado um vídeo da entrega de prémios onde o TUP, vencedor, novamente, do prémio de inovação nem sequer aparece, pese embora tenha enviado um grupo de actrizes que com a encenadora subiram a palco para receber a estatueta referente. E tudo isto cheira mal, mesmo mal. Cheira pior do que o Largo de Camões em noite de bebedeira.
Para além de tudo isto? Para além de tudo isto ficam os esquecimentos consecutivos de reservar lugares para os grupos verem os espectáculos a concurso - e aconteceu diversas vezes - fica a desistência do GEFAC por motivos muito tristes, e de que prefiro não falar, fica a total incapacidade de resolver problemas pequenos e à partida simples de tratar, e fica uma cinzenta e desagradável sensação de que os grupos são convidados a participar num evento onde não são bem vindos. E fica a dúvida: será isto somente incompetência ou há aqui uma grande dose de arrogância do tipo «para quem é, bacalhau basta»?
É que se é assim, então algo está muito mal com quem pretende ser levado a sério, Quem se diz defensor do teatro académico. E alguma coisa me diz que grande parte destes incidentes não chegam aos ouvidos de quem manda e pode resolver o caos instalado. Ou, pior do que tudo, chegam mesmo. Seja como for é triste. Imensamente triste.
O FATAL é um momento importante na vida dos grupos de teatro universitário. É o festival maior em Portugal, aquele em que todos querem participar, a que todos querem levar o seu trabalho. É uma forma, cedendo ao centralismo da capital, de se conseguir descentralizar a actividade dos grupos universitários, levando-a a outro público, à partida pouco ou nada familiarizado com o que se faz por esse país académico fora.
O FATAL podia ser o festival de teatro universitário por excelência. Porque tem condições. Porque tem apoios como poucos eventos culturais em Portugal. Porque é em Lisboa e Lisboa, já se sabe, é uma cidade dada a estas coisas da cultura; porque tem público curioso e interessado, que quer ver, conhecer e saber mais. O FATAL podia ser enorme. Não o é pela incompetência, sobranceria e má educação de muitas das pessoas que por ele dão a cara - e pouco mais, diga-se de passagem.
Mais uma vez, falo em nome próprio. Falo por mim e pelo que observei em três anos de presenças do TUP no FATAL. Mas falo por mim, não pelo TUP nem como membro activo do TUP.
Em 2009 RECUPERADOS não foi a concurso porque os responsáveis pela escolha dos grupos concorrentes não tinham sequer visto o vídeo integral do espectáculo que, por força de já ter tido uma carreira no Porto, não estava em fase de ensaios - critério que, mesmo contrariando o regulamento do festival, era tido como o mais importante por parte da organização. Segundo o regulamento, o vídeo do espectáculo, esse sim, era critério fundamental. Não o quiseram ver. Não fomos a Lisboa.
Em 2010 o TUP sofreu única e simplesmente com a pouca ou nenhuma vontade dos técnicos responsáveis pela montagem dos espectáculos em ajudar quem estava ali para trabalhar - e trabalhar toda a noite. Nesse mesmo ano o nosso ALAN viria a vencer o festival, destronando, viríamos a saber mais tarde e pela boca de um dos jurados, o espectáculo do CITAC de Coimbra que, mesmo sem saber, já era vencedor indiscutível. Na altura, o que nos foi dito foi que já tinham decidido que era o CITAC o vencedor, mas que depois alguém disse «já agora, vamos ver o que trazem os do Porto». E em 2010 foi só isto. Isto e um ano e meio à espera do dinheiro que o prémio representava. Incidentes, pensámos.
Em 2012 as coisas correram relativamente bem. Alguns problemas com o estacionamento dos carros, coisa pouca - resolvida facilmente pelos técnicos da Politécnica(!) e não pelos produtores do FATAL - e nada mais a declarar. O TUP conquista o prémio para espectáculo mais inovador e, mais uma vez, fica à espera. E continua à espera. Ironicamente. O espectáculo chamava-se A ESPERA e era ao mesmo tempo um prenúncio de mais um ano à espera pelo dinheiro referente ao prémio.
Este ano, o pior dos anos. O TUP leva ao FATAL MEDEIA DE NOITARDER, que para a organização do festival, e na revista do certame e em letras gordas, será para sempre MEDEIA DE NOITARDECER. E depois começam os incidentes. A caminho de Lisboa, e depois de termos comunicado por diversas vezes as 19:30 como hora de chegada, recebemos um telefonema da produtora - estávamos nós no Pombal a esticar as pernas, eram isto 17:00 - ameaçando que, ou chegávamos às seis para jantar ou perdíamos essa regalia, que a moça tinha um espectáculo para ver e não podia ficar à nossa espera. Ora tal não podia ser. Não num festival que «assegura alojamento e refeições». Vai daí a tal produtora passa-nos para as mãos do colega produtor, que esse sim ficaria à nossa espera e nos levaria à cantina para jantar. Chegados à cantina e ao dito produtor perguntámos «onde estacionamos as carrinhas?». A resposta rápida como se estivesse ensaiada «não sei, eu ando de bicicleta».
Estacionar em Lisboa nunca é tarefa fácil, muito menos para quem conhece mal a cidade e tem dois furgões carregados com material - muito material, milhares de euros em material. Decisão: ir para a Politécnica, que aí sim conseguiríamos estacionar os veículos e alguém haveria de nos conseguir levar uma caixinha de comida. Mas não por vontade do dito produtor, que deu um rígido NÃO a quem lhe perguntou isso mesmo.
Ao longo do fim-de-semana foram vários os exemplos desta arrogância de quem trabalha num festival que parece mais do que realmente é. Arrogância e má educação. E frete, e sobranceria e pouca, muito pouca vontade de se fazer fosse o que fosse. Até porque o Benfica vinha ao Dragão e isso, Deus me livre, vale mais, muito mais do que qualquer trabalho ou responsabilidade. Valeram-nos o Chicó, o Nuno e o Henrique, sempre bem dispostos e sorridentes, mesmo com tantas horas de trabalho pesado às costas.
E depois? Bem, depois o espectáculo, estava já decidido unilateralmente e pelos organizadores, teria de ser atrasado por motivo do jogo do ano. Não seria nem foi atrasado, mesmo ameaçados com a certeza de pouco público nessa frase que fica para a história «ok, então não têm público».
Fez-se. E fez-se bem, muito bem. E nas semanas seguintes, o vídeo do nosso espectáculo, ao contrário de todos os outros, não foi publicado na página do festival no Facebook. E foi publicado um vídeo da entrega de prémios onde o TUP, vencedor, novamente, do prémio de inovação nem sequer aparece, pese embora tenha enviado um grupo de actrizes que com a encenadora subiram a palco para receber a estatueta referente. E tudo isto cheira mal, mesmo mal. Cheira pior do que o Largo de Camões em noite de bebedeira.
Para além de tudo isto? Para além de tudo isto ficam os esquecimentos consecutivos de reservar lugares para os grupos verem os espectáculos a concurso - e aconteceu diversas vezes - fica a desistência do GEFAC por motivos muito tristes, e de que prefiro não falar, fica a total incapacidade de resolver problemas pequenos e à partida simples de tratar, e fica uma cinzenta e desagradável sensação de que os grupos são convidados a participar num evento onde não são bem vindos. E fica a dúvida: será isto somente incompetência ou há aqui uma grande dose de arrogância do tipo «para quem é, bacalhau basta»?
É que se é assim, então algo está muito mal com quem pretende ser levado a sério, Quem se diz defensor do teatro académico. E alguma coisa me diz que grande parte destes incidentes não chegam aos ouvidos de quem manda e pode resolver o caos instalado. Ou, pior do que tudo, chegam mesmo. Seja como for é triste. Imensamente triste.
2 Comments:
At 13:46, Anónimo said…
Outra questão é como é que os juris podem avaliar os espectaculos se dormem durante os mesmos como eu vi acontecer este ano!
At 23:58, karmatoon said…
Ou se não vão de todo...
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