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Bom Karma... ou não!

quinta-feira, junho 07, 2012

A SELECÇÃO E OS «INTELIGENTES» - 2

Há duas maneiras de abordas o timing das declarações de Manuel José e Carlos Queirós acerca da forma como a preparação da selecção foi gerida. Muitos dirão que falar mal antes do tempo prejudica jogadores e restante equipa técnica; outros, que falar depois do campeonato seria um potencial aproveitamento da possível má prestação de Portugal no campeonato europeu de futebol. Eu digo que ambas as hipóteses são um aproveitamento de algo que acompanha sempre o futebol português: a visibilidade dos intervenientes. Externos, neste caso. 


Portugal é um país de treinadores de bancada. Das mesas de café às cadeiras dos estádios, passando pelas páginas dos jornais e programas televisivos, o batalhão de comentadores de futebol é também uma imensidão de boçalidades que parece não querer para de crescer. E percebe-se. O futebol representa sempre uma win-win situation. Se a equipa ganha, temos quilómetros de notícias, comentários e análises. Se a equipa perde, maior é a quantidade de informação gerada.


Portanto, e neste caso em particular, as declarações de José e Queirós são particularmente preocupantes porque partem de pessoas que estão directamente ligadas ao futebol português. Por outras palavras, são declarações proferidas por profissionais da bola, com experiência mais do que suficiente para saberem que essas mesmas declarações fariam estrago e teriam a devida - e desejada - propagação mediática. Ou seja, deveriam ter estado caladinhos, antes e depois do campeonato europeu. Em especial Queirós, que facilmente e para sempre será acusado de dor de corno de ex-seleccionador falhado.


Posto isto, convém no entanto fazer justiça às críticas dos dois treinadores. Porque realmente o folclore que rodeou e rodeia diariamente a selecção portuguesa de futebol é um exagero a que ninguém fica indiferente. E é-o, única e simplesmente, porque há muito boa gente a ganhar dinheiro às custas da equipa. Órgãos de comunicação, patrocinadores oficias e não oficiais e, lá está, os tais treinadores de bancada que ganham a vida a fazer o que José e Queirós fizeram. É demasiada tentação, digo eu.


No fundo, e para terminar um assunto que nunca o deveria ter sido, reitero o que já havia dito: toda a gente leva demasiado a sério esta coisa do futebol e de participarmos numa fase final de um campeonato europeu. É só um campeonato europeu, o grupo é o mais difícil de que há memória, e Portugal, por inúmeras razões, vai ter de esperar muitos, mas muitos anos até voltar a conquistar a presença numa final de uma competição desta dimensão. Só que os interessados na glória e na desgraça da selecção não se convencem disso...