kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quarta-feira, setembro 10, 2008

DEATH SENTENCE

Na altura em que se estreou por cá, não o fui ver meramente por ter sido realizado pelo responsável por "Saw". Não que esse filme tivesse sido mauzinho, nada disso. "Saw" tinha matéria mais do que suficiente para merecer a visita, embora lá mais para o fim se perdesse em chavões desnecessários e para os quais já nem o mais puro fã de filmes de terror tem grande pachorra.

Depois de ler algumas críticas surpreendentemente positivas, despertei tardiamente a minha curiosidades para "Death Sentence", de James Wan, e este fim-de-semana resolvi finalmente levá-lo para casa. E não fiz nada mal, não senhor. Porque o filme é, nem mais nem menos, um bom e clássico western urbano e contemporâneo, apimentado por uma dose mais generosa e desavergonhada de violência, extremamente bem filmado, dinâmico e com um ritmo avassalador.

Os primeiros quinze minutos, contudo, chegam a confundir e assustar o espectador. De um thriller interessante, passa rapidamente para uma insuportável charopada de drama familiar, para voltar ao thriller contagiante e terminar em regime de duelo ao pôr do sol, afogado em hemoglobina e cheinho de emoções fortes.

Kevin Bacon, o actor principal, porta-se como sempre o faz, extremamente bem, e é muito bem acompanhado por Garrett Hedlund - o vilão de serviço - e o enorme John Goodman - numa personagem perfeitamente nos antípodas daquilo a que nos tem habituado. A câmara é nervosa e leva-nos permanentemente para o centro da acção, mas nunca chega a chatear ou a provocar náuseas - alguns realizadores ainda não sabem distinguir entre câmara activa e câmara histérica. A única coisa que irrita, aqui e ali, é o abuso da estética videoclip e a consequente saturação da fotografia. Não chega para incomodar, mas podia ter sido mais bem gerida.

Para terminar uma referência a uma das melhores e mais genias sequências que já vi nos últimos anos: um plano-sequência de cinco minutos, filmado num parque de estacionamento e em que a câmara ultrapassa obstáculos, sobe e desce andares e corre coladinha ao rosto e ao corpo do perseguido Bacon, que foge de um terrível bando de marginais cujo único propósito é mandar o pobre homem desta para melhor. O efeito da filmagem é só um, colocar-nos na pele de alguém que sabe que se tropeçar ou se ceder ao cansaço, morre. Mais nada.