BLAH, BLAH, BLAH...
Não me perguntem porquê mas tive a oportunidade de ver o novo programa da Luciana Abreu na SIC, "Lucy", e gostava aqui de desabafar acerca disso mesmo. Estava a tomar o meu último café na Zambujeira, e a televisão do estabelecimento estava precisamente a transmitir, sabe-se lá porquê, a nova aberração do canal de Carnaxide. E a coisa explica-se muito facilmente. Portanto, temos a antiga Floribela, agora com mais silicone e supostamente ainda mais sexy, de cabeleira preta, vestida como se tivesse acabadinha de sair de um mau filme de blaxploitation - ou, se preferirem, disfarçada de puta de Las Vegas - à frente de um programa matinal para os mais pequeninos. Eu disse programa? Ora bem, aquilo não é bem só um programa, mas uma elaboradíssima sucessão de entertenimento, passatempo e curiosidades científicas para a mais pequenada. Ainda pensei que tanta animação pudesse ser refreada com a transmissão, pelo meio, de alguns desenhos animados - uma coisa obviamente mais antiquada e tal -, mas não! "Lucy" foi desenhado para servir, não o público alvo que julgaríamos, mas sim a sua protagonista. Ou melhor, para dar espaço à aparentemente infindável vaidade de Luciana Abreu. Quando muito, o programa poderá agradar, isso sim, aos paizinhos dos pivetes, já que o one woman show de Luciana é feito em mini saias e decotes nada infantis. Estava eu já convencido da pobreza de tudo aquilo, e pronto para sair do café onde estava, quando uma supresa ainda maior me atingiu como uma pisadela de um dos altíssimos tacões da anfitriã Abreu: intercaladas com as actividades do programa, são-nos oferecidas verdadeiras sessões de karaoke deluxe com direito a elaboradíssimas coreografias por parte de um corpo de bailarinos e tudo. Ou seja, Luciana Abreu a fingir que canta enquanto se bamboleia, e um punhado de moços e moças a fazerem os mesmo passos que aprendem nas piores aulas de qualquer ginásio parolo da modinha. Tudo isto, claro, ao som do Top Ten da Rádio Cidade.
Honestamente, tenho cá para comigo a seguinte teoria: era impossível à SIC não aproveitar todo o sucesso granjeado pela pequena tripeirinha; todo o hype em torno da sua vida pessoal, dos seus namorados, das suas mamas novas, das suas férias, enfim, de tudo o que acontecia à sua volta. O único problema, e que aparentemente já era demasiado tarde para contrariar, é que Luciana Abreu esteve demasiado tempo longe da televisão, e que essa mesma vida pessoal a afastou de uma vez por todas do pequeno público que a elegeu rainha da miudagem.
Não sei quanto tempo vai a SIC aguentar um programa tão mau no ar; o que sei, é que assim que este lixo televisivo vestido de lantejoulas acabar, termina também a fugaz cafreira de uma moça que até tinha qualidades para se safar no caótico regulamento da televisão portuguesa.
O Red Bull Air Race voltou ao rio Douro: as hostes animaram-se, a malta veio de todo o lado deste Portugal, fecharam-se ruas, condicionou-se trânsito, gastou-se dinheiro e deu-se dinheiro a ganhar aos pequenos comerciantes. De tanto reboliço, acho que só mesmo este último factor representa realmente algo de positivo. É que o estado dá dinheiro para esta competição, ambas as autarquias interessadas na corrida contribuem também com cerca de 500 mil euros e, no entanto, o ano passado, a organização da corrida dos Fórmula Um do ar acusou um prejuízo de 630 mil euros. Ainda assim, o público que acorre às margens do Douro encolhe os ombros, diz "não é nada comigo", e vem ao Norte para passar um fim-de-semana do caraças. E faz muito bem.
Entretanto, e para não dar descanso aos tripeiros, vai-se realizar também no Porto o primeiro rodeio da Invicta. Apetecia-me começar já a insultar toda a gente envolvida nesta demonstração idiota e, pelo caminho, reduzir a energúmenos todos os que vão assistir a um espectáculo insultuoso para a vida animal. Nem me vou cansar. Não vale a pena. Continuamos a demonstrar uma gritante falta de sensibilidade ecológica e de ignorância dos direitos dos animais. Somos estúpidos, é o que somos. E como estúpidos que somos, vamos deliciar a nossa estupidez a comer rodízio enquato assistimos alegremente a um animal aos saltos com uma besta às costas. Provavelmente não nos questionamos porque razão salta ele afinal... Mas vai mais uma maminha com farofa.
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