BLAH, BLAH, BLARGH!
A cerimónia de abertura das olimpíadas em Pequim, da responsabilidade do realizador Zhang Yimou, foi vista por uns impressionantes 15% da população mundial, o que lhe concede de imediato o espectáculo mais visto de sempre na história da humanidade. Para além disso, deve ter sido o melhor espectáculo que já vi. E nem me vou dar ao trabalho de o tentar descrever ou sequer adjectivar, foi uma daquelas coisas únicas e que é obrigatório ver para compreender tudo o que representa.
No entanto, na melhor seda chinesa cai a nódoa de Chop Soi de porco, e começam agora a surgir revelações interessantes que mostram que alguns detalhes desta cerimónia poderão ter sido... «trabalhados». As fantásticas sequências aéreas do fogo-de-artifício em vários pontos da cidade de Pequim são falsas; segundo fontes oficiais (sempre quis dizer isto), as imagens terão sido criadas digitalmente, e com a intenção de embelezar a transmissão televisiva.
Para além disso, a mocita que a dada altura encantou o povo com o seu trinado (Lin Miaoke) afinal só lá estava porque a verdadeira proprietária da voz (Yang Peiyi) não tinha cara para aparecer na televisão. Assim, em vez do governo chinês matar toda a sua família e perder mais uns meses à procura de outra cantora infantil em orfanatos e refúgios, optou pela solução do marketing e foi à procura de uma carinha laroca para condizer com a angelical vozinha. Sinceramente não percebo a polémica; em décadas de cerimónias do género, inúmeros foram os cantores, mais ou menos famosos, em pleno exercício de karaoke. Esta, pelo menos, fez um playback bastante profissional, e soube desfilar uma panóplia de expressões fofinhas e queriduchas, tão ao gosto dos camaradas chineses.
E depois temos Michael Phelps. Ainda não alcançou o objectivo com que chegou a Pequim - ou seja, bater o mítico recorde de Mark Spitz, que em 1972, em Munique, conquistou sete medalhas de ouro - mas a verdade é que não só já se tornou no atleta mais medalhado da história dos jogos olímpicos (11 medalhas de ouro e 2 de prata) como se arrisca severamente a ultrapassar a marca de 33 recordes mundiais, também pertença de Spitz. Até agora Phelps já bateu recordes mundiais por trinta vezes, e é o actual detentor da melhor marca mundial em seis eventos - 100 metros livres e mariposa, 200 e 400 metros estilos, e as estafetas de 100 e 200 metros. Destas seis marcas, cinco foram conseguidas nestes jogos olímpicos, o que diz muito da vontade que o jovem americano tem de colocar o seu nome na história da natação. Como se fosse realmente preciso fazer ainda mais...
Entretanto, e para cúmulo da ironia, uma das finais de tiro com pistola destes jogos, foi disputada entre uma atleta da Georgia e uma da Rússia. Felizmente as senhoras eram civilizadas - coisa que os seus respectivos governos não são - e em vez de se esquecerem dos alvos e desatarem à chumbada uma à outra, abraçaram-se e mostraram que a política ainda pode (e deve) ficar afastada do desporto. E da maior parte das coisas da vida social, já agora.
Uma coisa que fica deste estúpido e ridículo conflito no Cáucaso, para lá de toda a falta de sentido e necessidade que o envolvem, é a impressionante rapidez com que duas nações erguem exércitos já preparadíssimos para uma guerra. Em poucas horas tanques, aviões, navios, mísseis e soldados estavam totalmente instalados e prontos a disparar. Assustador.
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