EU ESTOU BEM
Alguém um dia me disse "palavras tuas, Nuno, usa palavras tuas" e eu, que já passei a fase da pretensão a escritor, respondi "também são minhas, estas palavras". Porque a minha escrita é jornalística, sempre encontrei nas palavras e imagens dos outros as coisas que também me pertencem. Porque falamos todos dos mesmos assuntos, acredito eu.
E esta música, já tantas vezes o reflexo dos meus dias, em fases tão distintas da minha vida, banda sonora de tantos momentos mais ou menos significativos, que me assombra, me conforta ou alegra, ou que me faz cair na realidade das coisas mais ou menos más, é um desses exemplos. Um exemplo de como as palavras de alguém podem fazer tanto sentido na vida dos outros. Como se fossem escritas a pensar em nós.
E porque, neste caso, são coisas em que acredito as Coisas que o Manuel canta e que escreveu porque as viveu como eu as vivo vivi e espero viver mesmo as que custam e aleijam e nos deixam os joelhos arranhados das quedas de bicicleta e nos levam a correr para o colo da avó a choramingar como se fosse a pior coisa do mundo mesmo sabendo que não é verdadeiramente assim tão grave e que só o fazemos porque as mãos da avó são sempre as melhores mãos do mundo.
E eu hoje sinto a falta das mãos da minha avó, mãos tortas, engelhadas, nós dos dedos como nós a sério, daqueles de cordas grossas, e que me podiam receber daqui a umas horas, quando eu chegar a casa. Mas já não podem. Porque a única coisa de que precisava, e que não posso pedir a mais ninguém porque à minha avó eu nem precisava de choramingar, é simples e pouco exigente.
Leva qualquer eu a meu dia
Dá-me paz eu só quero estar bem
Dá-me paz eu só quero estar bem
1 Comments:
At 12:41, baba said…
:)
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