EU SEI TUDO! EU NÃO SEI DE NADA!
Fui ver "Knowing" apesar de não ter lido absolutamente nada abonatório acecra deste novo filme de Alex Proyas. Uma só vírgula, sequer. E fui...
Começo desde já por dizer que qualquer filme que tenha como protagonista Nicholas Cage corre graves riscos de meter água. Valentemente. O homem continua a ser um eterno erro de casting, não vale a pena. Tinha piada no início da sua carreira, mas o Oscar fez-lhe decididamente mal. Tornou-se canastrão, arrogante, cabotino, e consegue estragar tudo em que se mete. Há anos que não faz um filme de jeito - o que diz muito das suas escolhas e consequentemente da gestão da sua carreira - e acumula desempenhos vergonhosos.
Ainda assim, e apesar de estar suficientemente avisado, lá fui ver o primeiro filme-catástrofe da temporada - está para estrear "2012", o concorrente vindo das mãos do expert Roland Emmerich. E a coisa nem começa mal. A premissa é interessante: um bilhete escrito por uma criança na década de cinquenta, e que supostamente devia respresentar a sua visão do futuro, vai parar ao professor de astofísica, ou matemática aplicada ou seja lá o que for que Cage tenta ser, que, intrigado pela sequência aparentemente aleatória de números, o decide decifrar. O homem é bom no que faz, e rapidamente descobre que os números são previsões de catástrofes humanas dos últimos cinquenta anos. Portanto, o resto já se sabe como é. As próximas datas estão para breve, o facto do papel ter ido parar aos olhos atentos e sabedores de um determinado homem não é mera coincidência e tal e tal. Mas até funciona. Ficamos atentos ao ecrã e ansiosos por descobrir afinal o que se passa.
Para além disso, as cenas completamente apoteóticas de dois gigantescos acidentes - previstos no papelito - são brutais e muito bem conseguidas. Ou seja, continuamos colados ao filme. O problema, é que afinal a história não tem somente uma permissa mas várias, com que o realizador vai atropelando o filme e os espectadores. Às tantas já não se percebe por onde vai aquilo tudo, o que vai acontecer, e qual a explicação, se é que há uma.
Tudo começa a meter água, não só Nicholas Cage, e o que parecia um divertido (e assustador) episódio da "Twilight Zone" em versão hiper, resvala sem hipóteses de sobrevivência para um daqueles objectos chatos e repleto de chavões a que Hollywood parece não conseguir fugir. Mesmo tendo na realização um homem que já deu provas mais do que suficientes de conseguir sacar filmes especiais e um pouco ao lado do mainstream. "The Crow", "Dark City" e "I, Robot" não conseguiram a unanimidade do público e crítica, mas deram ao realizador egípcio-australiano a imagem de auteur de filmes de ficção/aventura. O que é bom e muito raro nos dias que correm.
Em suma, simpatizei com filme enquanto ele cheirava a ficção série B. Assim que começou a cheirar a plástico queimado, desisti. Até porque estava lá o Cage. Não é M. Night Shyamalan quem quer, e havia um monte de actores que, perante a ameaça de desgraça, até conseguiam aguentar a cena. Este carrega no botão que diz "explodir com esta merda toda".
Para acabar em beleza, o filme apresenta uma solução para tudo o que se está a passar que é de bradar aos céus, literalmente. Só vendo...
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