kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quarta-feira, abril 29, 2009

EU SEI TUDO! EU NÃO SEI DE NADA!



Fui ver "Knowing" apesar de não ter lido absolutamente nada abonatório acecra deste novo filme de Alex Proyas. Uma só vírgula, sequer. E fui...
Começo desde já por dizer que qualquer filme que tenha como protagonista Nicholas Cage corre graves riscos de meter água. Valentemente. O homem continua a ser um eterno erro de casting, não vale a pena. Tinha piada no início da sua carreira, mas o Oscar fez-lhe decididamente mal. Tornou-se canastrão, arrogante, cabotino, e consegue estragar tudo em que se mete. Há anos que não faz um filme de jeito - o que diz muito das suas escolhas e consequentemente da gestão da sua carreira - e acumula desempenhos vergonhosos.
Ainda assim, e apesar de estar suficientemente avisado, lá fui ver o primeiro filme-catástrofe da temporada - está para estrear "2012", o concorrente vindo das mãos do expert Roland Emmerich. E a coisa nem começa mal. A premissa é interessante: um bilhete escrito por uma criança na década de cinquenta, e que supostamente devia respresentar a sua visão do futuro, vai parar ao professor de astofísica, ou matemática aplicada ou seja lá o que for que Cage tenta ser, que, intrigado pela sequência aparentemente aleatória de números, o decide decifrar. O homem é bom no que faz, e rapidamente descobre que os números são previsões de catástrofes humanas dos últimos cinquenta anos. Portanto, o resto já se sabe como é. As próximas datas estão para breve, o facto do papel ter ido parar aos olhos atentos e sabedores de um determinado homem não é mera coincidência e tal e tal. Mas até funciona. Ficamos atentos ao ecrã e ansiosos por descobrir afinal o que se passa.
Para além disso, as cenas completamente apoteóticas de dois gigantescos acidentes - previstos no papelito - são brutais e muito bem conseguidas. Ou seja, continuamos colados ao filme. O problema, é que afinal a história não tem somente uma permissa mas várias, com que o realizador vai atropelando o filme e os espectadores. Às tantas já não se percebe por onde vai aquilo tudo, o que vai acontecer, e qual a explicação, se é que há uma.
Tudo começa a meter água, não só Nicholas Cage, e o que parecia um divertido (e assustador) episódio da "Twilight Zone" em versão hiper, resvala sem hipóteses de sobrevivência para um daqueles objectos chatos e repleto de chavões a que Hollywood parece não conseguir fugir. Mesmo tendo na realização um homem que já deu provas mais do que suficientes de conseguir sacar filmes especiais e um pouco ao lado do mainstream. "The Crow", "Dark City" e "I, Robot" não conseguiram a unanimidade do público e crítica, mas deram ao realizador egípcio-australiano a imagem de auteur de filmes de ficção/aventura. O que é bom e muito raro nos dias que correm.
Em suma, simpatizei com filme enquanto ele cheirava a ficção série B. Assim que começou a cheirar a plástico queimado, desisti. Até porque estava lá o Cage. Não é M. Night Shyamalan quem quer, e havia um monte de actores que, perante a ameaça de desgraça, até conseguiam aguentar a cena. Este carrega no botão que diz "explodir com esta merda toda".
Para acabar em beleza, o filme apresenta uma solução para tudo o que se está a passar que é de bradar aos céus, literalmente. Só vendo...