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Bom Karma... ou não!

terça-feira, setembro 05, 2006

Regresso ao Avante

Ontem o cansaço não me permitiu escrever tudo o que tinha planeado acerca da minha ida à mui bela festa do Avante. Ficaram coisas importantes por dizer. Sofri a merecida reprimenda, e como sou moço de bom espirito critico venho por este meio refazer-me do esquecimento, na certeza de que foi apenas isso: um esquecimento.

O problema do Partido Comunista continua, na minha opinião de leigo, a ser o mesmo. Domingo foi dia de comicio no Avante, e quem olhasse para o relvado em frente ao palco principal podia facilmente perceber duas coisas: o nivel de adesão ao discurso politico era manifestamente inferior ao que os responsáveis comunistas desejariam. As clareiras eram mais do que muitas, e o calor que se fazia sentir não serve como argumento para explicar a aparente falta de interesse politico nesta festa. Para além disso, outro facto que já ultrapassou o conceito de mera anedota: a população comunista continua a ser velha e cada vez mais velha e cansada. E nem sequer estão a «ouvir» as palavras de quem sobe a um palco para falar das suas convicções. Estão lá porque sabem que têm de estar. Da mesma forma - o que é bem mais grave - que votam no PC porque sabem que têm de votar. E é esta a forma de fazer e viver a politica em Portugal. Seja em que poartido for, os militantes votam por saberem que é assim que tem de ser.

No entanto...
No entanto, há quem se dirija ao Avante com a verdadeira crença de que ali poderá estar a diferença. De que acreditar naqueles que levam o PC para a frente poderá de facto mudar alguma coisa no panorama nacional. Eu confesso-me completamente descrente. No PC, como no PP, como em qualquer outro partido que prometa o El Dorado a troco de uma assinatura e do pagamento das cotas. Não acredito na politica e muito menos em quem a faz, os ditos politicos. Mas admiro quem acredita. De verdade, admiro. Principalmente as gentes mais novas do que eu, como o grupo que acompanhei nesta incursão ao Avante, e que são genuinos na sua crença de que ainda podem mudar qualquer coisa no mundo.
Eu não partilho dessa fé. Acho que podemos mudar alguma coisa, no máximo, no nosso jardim. Mas a energia politica que regula o mundo; a energia politica que é diferente de país para país, mas que forma um bloco compacto e que decididamente regula o mundo, é forte demais para ser mudada. Lamento, mas é esta a minha verdadeira crença. Não acredito nos homens, e muito menos nos homens-politicos. Mas acredito naqueles que acreditam. Por muito ilógico que isto vos possa parecer.
E áqueles que foram a minha companhia na festa digo isto: senti orgulho na vossa alegria e no vosso acreditar. A sério. E mudou um bocadinho a minha maneira de ver algumas destas «politiquices».
E repito, até para o ano.

2 Comments:

  • At 11:25, Blogger Supirinha Amarela said…

    Nuninho meu lindo,

    Não quero ser mázinha contigo, mas essa descrença parece-me a forma fácil de lidar com o problema,na verdade com os problemas em geral.
    A falta de consciência politica é um dos grandes problemas da sociedade actual.
    Cada vez mais é preciso fazer alguma coisa, e se todos nos sentarmos conformados na certeza de que não somos capazes de mudar nada, estamos a ser cumplices de tudo o que de mau acontece.
    A meu ver essa não é a forma de estar na vida, podemos mudar muita coisa, mesmo que comece no nosso jardim.
    Há exemplos historicos deste facto, o 25 de Abril é um deles.
    A política não tem que ser necessáriamente má, nem é feita só ao dentro dos partidos e pagando as quotas. Fazer política é votar sempre, é dizer o que pensamos, é no fundo ter a coragem de não cruzar os braços.

    As pessoas perguntam-me muitas vezes como consigo estar permanentemente bem disposta, eu acho que o segredo é esse, estar certa de que há medida que me torno uma pessoa melhor, estou a mudar significativamente o mundo à minha volta!

    Beijinhos revolucionários!
    Avante Nuno, Avante!

     
  • At 23:00, Blogger Unknown said…

    mais do que os el dorados que são prometidos pelos partidos e mais do que escolher o partido A ou B, acho que a consciencia politica deve estar sempre presente em todos os actos que cometemos enquanto individuos e enquanto agentes sociais que somos, quer no nosso escritorio, quer n café com os amigos ou ate mesmo em cima de um palco a representar. o partido perfeito não existe mas podemos procurar aquele com que mais nos identificamos e tentar melhora-lo nem que seja melhorando o nosso pequeno jardim. por outro lado podemos ter acção politica sem pertencer a nenhum partido e antes de qualquer coisa acho que disso nunca devemos prescindir.

    assinado por alguem de esquerda que ja teve orgulho em ser do Partido ;)

     

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