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Bom Karma... ou não!

segunda-feira, setembro 04, 2006

Avante camaradas?

Não com tanta desorganização!

Como já tinha dito, passei este fim de semana na festa do Avante. A minha primeira ao fim de trinta edições. As conclusões já a seguir.

Comecemos pelos aspectos negativos, e que nem foram assim tão poucos quanto isso.
Ao fim de trinta anos era de esperar que quem organiza o maior - sem sombra de dúvidas -, e único, diga-se de passagem, evento politico-cultural do país, tivesse aprendido alguma coisa sobre como organizar uma manifestação popular deste género e desta dimensão. Mas aparentemente a coisa deve ser mais complicada do que parece. Para começar, e talvez o aspecto mais negativo da festa, o excesso de visitantes. É de facto muito importante poder subir a um palco e gritar a plenos pulmões que a cada ano que passa o Avante é mais concorrido, mas a verdade é que se pedia talvez alguma contenção na afluência de pessoas àquele recinto. Demasiada gente, demasiado caos, demasiado tudo. Obviamente quem trabalha na realização e manutenção desta festa não estava preparado para tanta gente. As condições de higiene cederam logo ás primeiras horas do primeiro dos três dias de convivio. As marcas eram, já evidentes no sábado, dia em que cheguei ao recinto. A quinta da Atalaia pode ser um espaço fabuloso, em tamanho e em enquadramento natural, mas tudo isso se dilúi quando somos obrigados a esperar longos minutos - para não dizer horas - em filas para tudo e mais alguma coisa. A fila para a casa de banho das senhoras, só para citar um exemplo, era sempre interminável. Ontem, ás quatro da tarde - num dia em que os quarenta graus que se devem ter sentido, tornavam quase impossivel qualquer movimentação - a água nas barraquinhas que vendiam bebidas, pura e simplesmente esgotou. O gelo idem. Uma simples ida do palco principal ao secundário implicava uma enorme dose de paciência e destreza fisica. Para além disso, os diveros partidos comunistas de outros tantos paises ali representados não estavam claramente à espera de tanta boca ávida pelas bebidas tipicas, comidas regionais e doçaria menos convencional. Tudo era dificultado a quem estava ali para usufruir de uma evento que é claramente um dos mais interessantes e ricos realizados em Portugal. Impossivel.
É óbvio que o facto de ser esta a minha primeira vez podia condicionar a minha opinião. Mas a verdade é que as pessoas com quem viajei até à margem sul, e que já participam no Avante há bastantes anos, foram forçadas a concordar que nunca esta festa tinha sido tão descontrolada. Gente a mais, ponto final.

Não sinto qualquer simpatia por nenhum partido politico, nem pelos seus objectivos, crenças e principios, mas não pude evitar sentir um estranho desconforto em relação a certas e determinadas incongruências que pude testemunhar nestes dias passados no Avante.
Um único exemplo - quase em jeito de anedota mas que serve como imagem perfeita do que vos quero dizer. Tanto discurso contra o velho demónio do capitalismo, contra a globalização e o diabo a quatro e na representação cubana era possivel, a troco de oito euros, adquirir uma boina igual a que o bom do Che usava sempre nas fotos - ou devo dizer nas t-shirts? Um pouco como o conhecido episódio de Cristo e os vendilhões do templo, lembram-se?

Quanto à necessidade que algumas pessoas sentem de, nestas alturas, tirarem do fundo do armário, os seus lenços palestinianos, t-shirts e bandeiras com a figura do Che - sempre ele - e outros símbolos comunistas, prefiro não me manifestar. Envolve a liberdade de cada um, e nisso eu não me meto. Mas que me irrita...


As coisas boas foram também muitas, mas prenderam-se mais com circunstâncias externas ao Avante do que propriamente com o evento em si.
Mas falo para já das que vivi lá dentro, na Quinta.
O ambiente é realmente empolgante, embora acredite - mais uma vez apoiado na opinião dos que já conhecem a festa de ginjeira - que já deve ter sido bem melhor, mais genuino. Por entre aqueles que visivelmente estão ali porque se revêm na filosofia comunista, e os que estão ali simplesmente para se divertirem, pululam um sem número de energúmenos que se deslocam à festa para destabilizar. Não há outra razão. Destabilizar. E o choque entre uns e outros é perfeitamente visivel, palpável até. E cria ruído de fundo num acontecimento que devia ter permanecido puro e - mais uma vez - genuino. Mas as coisas são sempre assim, não é? Tudo se estraga, e não parece haver volta a dar.
Gostei da multiplicidade cultural e social. Gostei das músicas, do ambiente festivo e da alegria, enquanto não era corrompido pelas milhares de pessoas que não estavam lá para outra coisa senão estragar a festa dos outros.

Outras coisas boas...
o ambiente vivido entre o grupo com quem fui de viagem. Já sabem, sou fá das relações entre pessoas. De conhecer pessoas e com elas desenvolver relações assim, tão boas e confortáveis. Foi muito bom, ó camaradas. Espero que se possa repetir.
Quanto a outras experiências maravilhosas por que passei nestes quase três dias, peço desculpa, mas prefiro mantê-las comigo e não partilhá-las com mais niguém, sob o risco de, também eu, as corromper.

Prometo, amanhã deixo aqui algumas, poucas, imagens do que foi a minha festa.
Uma coisa é certa: até para o ano.

2 Comments:

  • At 21:28, Blogger peixinho da horta said…

    Então, ó seu energúmeno, e não disseste que estavas lá porquê? Também lá estive! :P

     
  • At 00:20, Blogger General said…

    pro ano? não tejas mt optimista... olha k podes bater a bota entretanto, ja sabes cm é... é a lei da vida... vcs sabem cm é... n é, boneca? hehehehehe

     

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