500

22 de Fevereiro de 2005.
Foi a primeira vez que escrevi aqui alguma coisa.
De lá para cá atingi o post número 500.
Este post.
E nem sei bem como começá-lo...

De lá para cá significa também um periodo de vida atribulado. Emocionalmente agitado.
Muitas experiências novas, pessoas novas, emoções novas.
Agora que olho para trás apercebo-me que foram tantas coisas.

Assisti de perto, muito de perto, ao nascimento e à morte do projecto LAF, onde descobri a paixão pelo palco; onde conheci pessoas tão importantes; onde encontrava um refúgio para alguns problemas pessoais; onde contribuí para a criação e desenvolvimento da Região Estrangeira... e para o seu fim, também.

Saí de minha casa e do meu casamento.
Já tinha saido há algum tempo, mas por defeito pessoal fui-me acomodando, nunca dando a devida atenção aos problemas.
Foram os dias mais difíceis da minha vida, aqueles em Outubro. Não sei mesmo onde encontrei a coragem para resolver sair de algo que considerei um dia ser mais certo do que qualquer outra coisa na minha vida. Como já aqui tinha citado uma certeza assim só se tem uma vez na vida.
As dores que senti e fiz sentir são ainda muito recentes e estão bem presentes no meu dia a dia.

Fiz parte de um curso de interpretação que, mais do que me formar tecnicamente, enriqueceu-me pessoal e humanamente. Fez-me conhecer um grupo de pessoas a todos os niveis excepcional. Pessoas que para sempre ficam no meu coração. Para sempre.

Fui criticado diversas vezes por me expor demasiado neste blog; por falar dos pormenores da minha vida de uma forma escancarada. Já disse, este blog é meu e é para mim. Tenho uma honra indisfarçada em ter-vos por cá, mas não me levem a mal: escrevo isto tudo para mim.
Já me acusaram de usar o meu blog para me fazer de vitima; já me acusaram de fazer dele o blog do desgraçadinho.
São opiniões. Sempre fui sincero. Posso ter exagerado na procura de metáforas para disfarçar coisas de que não podia ou queria falar abertamente, mas sempre sincero. Posso não ter sido claro em muitas das coisas aqui publicadas, mas isso deve-se à falta de capacidade de me exprimir convenientemente.
Mas a minha alma, as minhas emoções e sentimentos, estão todos aqui da forma mais honesta possivel. Gostava eu de poder falar mais abertamente de certas coisas e este blog teria ficado bem mais interessante.
Nem sempre o pude fazer.

Nestes dezasseis meses, acompanhei revoluções, transformações, decisões nas vidas dos meus amigos e nas dos amigos dos meus amigos (meus amigos são). Vi lágrimas, risos, barrigas a crescer de vida lá dentro, carreiras a evoluir. Vi-os a avançar.

Falei de sentimentos. Tentei ilustrá-los das formas mais bonitas. Falei do que sinto, acima de tudo.
Declarações de amor, declarações de dor, de alegria, de tristeza. Todas ligadas, como o só o amor é capaz de ligar.

Falei de tudo o que é importante para mim. De tudo o que me faz assim.
Filmes, livros, música, muita música, pessoas, influências.
Usei músicas para escrever textos; palavras de outros que melhor percebem destas coisas das emoções e que ás vezes parecem conhecer-nos melhor do que nós próprios.

Vou continuar a fazê-lo.
Porque vão continuar a haver todas estas coisas, todas estas pessoas.
Todos estes assuntos.
A minha vida.
Espero continuar a vê-los por aí.