O Colo
Dei por mim a pensar que o colo, como nós o conhecemos desde que os nosso pais nos embalavam para dormir, é algo de muito forte e poderoso. Confesso que não consigo explicar a avalanche de emoções que sentimos quando estamos ao colo de alguém. O colo dos nossos pais, no início da nossa vida, que nos fornece as defesas contra todos os males do mundo e nos deixa quentes e confortáveis. O colo de alguém que amamos, uma namorada ou um amigo, e que nos permite acreditar que o sentimento que nos une será realmente para sempre - mesmo que assim não o seja.
Contudo, cheguei à conclusão, não muito difícil, de que existe algo ainda mais reconfortante e revigorante do que o colo.
Dar colo a alguém de quem gostamos.
Sentir que estamos a proteger alguém que amamos, um namorado, uma amiga, mesmo que essa protecção não nos tenha sido pedida.
Dar colo aos nossos pais, quando eles já não têm todos aqueles poderes que, aos nossos olhos pequeninos, os faziam parecer heróis da banda desenhada, capazes de resolver quaisquer problemas, combater qualquer vilão escondido no escuro do nosso quarto.
Que fantástica é a sensação de sentir um corpo no nosso colo.
Que beleza emana de dois corpos unidos em aparente perfeição.
Numa altura em que tanto se fala da «nova» revolução sexual; em que homens e mulheres procuram sexo e prazer fisico da mesma forma e com a mesma intensidade e objectividade, apercebo-me de repente que posso perfeitamente passar o resto da minha vida sem sexo.
Não posso, no entanto, imaginar a minha vida sem carinho.
Sem conforto.
Sem segurança.
Sem colo.
2 Comments:
At 00:55, Anónimo said…
Tanta música para o sexo e então a música para o colo, a segurança, o conforto?
;)
Chilango P
At 13:14, karmatoon said…
Vai sair uma colectânea também... só preciso de tempo! Aguardem!!
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