A SELECÇÃO E OS «INTELIGENTES»
Irrita-me esta febre em torno da participação de Portugal no europeu de futebol. Carradas de anúncios por toda a parte, programas especiais que de especial não têm nada, entrevistas a jogadores e a ex-jogadores e a supostos especialistas da arte de jogar à bola e uma histeria generalizada que de bom não tem nada. Mas irritam-me ainda mais as pessoas que publicamente se têm assumido como anti-selecção. Não por algum sentimento patriótico ou nacionalista - doenças de que nunca padeci - mas porque o motivo desse odiozinho é fraco, desprovido de sentido e, no limite, perfeitamente estúpido.
Argumentam esses indivíduos que desprezam a selecção de futebol e o europeu porque de repente o povo se vai esquecer da crise e das dificuldades como se nada de preocupante se passasse. Ainda bem, digo eu. Foi por isso mesmo que algum dia alguém inventou a noção de entretenimento. É por isso que passamos a vida a defender as artes do entretenimento, para que sirvam como escape a toda a merda que, normalmente, nos rodeia nas nossas vidinhas.
É por isso que vamos ao teatro, lemos um livro, vemos um filme, ouvimos música e, sem dúvida alguma, vemos jogos de futebol ou outro desporto qualquer. É para, mesmo sem darmos conta de que o estamos a fazer, nos distrairmos de tudo o resto e para, pelo menos por hora e meia, podermos pensar noutra coisa que não nos nossos problemas. Acreditar que um povo se esquece da crise porque está a decorrer uma competição de futebol é, no mínimo, infantil.
Sim, em tempos de crise, a despesa que resulta desta participação no europeu da Ucrânia e da Polónia é uma tanto ao quanto chocante. Por outro lado, achar que Portugal se podia esquivar ao evento e que esse mesmo dinheiro podia ser investido na saúde, na educação ou no emprego é só absolutamente parvo e não merece sequer ser aprofundado pelo cronista.
O problema do nosso país é que sempre nos faltou dinheiro para aceder ao entretenimento. Se vamos ao teatro, vamos apenas uma vez por mês ou menos, que os bilhetes estão pela hora da morte. Comprar livros, então, está fora de questão e o que vale é que no Natal há sempre alguém que se lembra de que ainda gostamos de ler e vai e compra-nos um livrito qualquer. O futebol tem essa vantagem, dá-nos uma hora e meia de diversão gratuita. Neste caso, uma hora e meia multiplicada por alguns dias a que acresce o suspense da incerteza: é desta que somos campeões?
Falar mal por falar sempre foi uma das formas de entretenimento privilegiadas em Portugal. O que estes indivíduos fazem é isso mesmo, falar mal por falar. É uma espécie de intelectualismo bacoco, um marxismo pop resultante de um marxismo mal lido, se lido de todo. É acidez biliar sem nexo, de pessoas que até defendem as artes, que produzem entretenimento, que incentivam ao gasto de dinheiro para assistir a eventos que no fundo têm o mesmo objectivo do campeonato europeu de futebol ou os jogos olímpicos ou o Rock in Rio. São pessoas com demasiado tempo livre nas mãos. Como eu, que perdi cinco minutos do meu Sábado para escrever sobre elas.
Argumentam esses indivíduos que desprezam a selecção de futebol e o europeu porque de repente o povo se vai esquecer da crise e das dificuldades como se nada de preocupante se passasse. Ainda bem, digo eu. Foi por isso mesmo que algum dia alguém inventou a noção de entretenimento. É por isso que passamos a vida a defender as artes do entretenimento, para que sirvam como escape a toda a merda que, normalmente, nos rodeia nas nossas vidinhas.
É por isso que vamos ao teatro, lemos um livro, vemos um filme, ouvimos música e, sem dúvida alguma, vemos jogos de futebol ou outro desporto qualquer. É para, mesmo sem darmos conta de que o estamos a fazer, nos distrairmos de tudo o resto e para, pelo menos por hora e meia, podermos pensar noutra coisa que não nos nossos problemas. Acreditar que um povo se esquece da crise porque está a decorrer uma competição de futebol é, no mínimo, infantil.
Sim, em tempos de crise, a despesa que resulta desta participação no europeu da Ucrânia e da Polónia é uma tanto ao quanto chocante. Por outro lado, achar que Portugal se podia esquivar ao evento e que esse mesmo dinheiro podia ser investido na saúde, na educação ou no emprego é só absolutamente parvo e não merece sequer ser aprofundado pelo cronista.
O problema do nosso país é que sempre nos faltou dinheiro para aceder ao entretenimento. Se vamos ao teatro, vamos apenas uma vez por mês ou menos, que os bilhetes estão pela hora da morte. Comprar livros, então, está fora de questão e o que vale é que no Natal há sempre alguém que se lembra de que ainda gostamos de ler e vai e compra-nos um livrito qualquer. O futebol tem essa vantagem, dá-nos uma hora e meia de diversão gratuita. Neste caso, uma hora e meia multiplicada por alguns dias a que acresce o suspense da incerteza: é desta que somos campeões?
Falar mal por falar sempre foi uma das formas de entretenimento privilegiadas em Portugal. O que estes indivíduos fazem é isso mesmo, falar mal por falar. É uma espécie de intelectualismo bacoco, um marxismo pop resultante de um marxismo mal lido, se lido de todo. É acidez biliar sem nexo, de pessoas que até defendem as artes, que produzem entretenimento, que incentivam ao gasto de dinheiro para assistir a eventos que no fundo têm o mesmo objectivo do campeonato europeu de futebol ou os jogos olímpicos ou o Rock in Rio. São pessoas com demasiado tempo livre nas mãos. Como eu, que perdi cinco minutos do meu Sábado para escrever sobre elas.
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