O FEL
Já chega! Estive demasiado tempo afastado deste blog e ainda mais tempo calado em relação a coisas tão más e que me fazem salivar puro fel - sim, eu salivo fel de vez em quando, é uma desordem rara e que atinge pessoas com dois olhinhos na cara.
E começo pelo que mais me deixa tolo da cabeça e que é um dos mais tristes programas de televisão da história da humanidade. Um objecto reles, mal amanhado e pior realizado, verdadeiro recital de vergonha alheia e que dá pelo nome de A Tua Cara Não Me é Estranha.
Resumindo, o programa é um desfile de figuras de urso feitas por figuras mais ou menos públicas, mais ou menos esquecidas, apresentado por duas figuras públicas que já há muito deviam ter sido esquecidas, que fazem de um programa prime time um programa day time para reformadas, donas de casa e mulheres abandonadas no altar. Aos gritos, sempre aos gritos, sempre a roubar a cena aos que supostamente deveriam ser as figuras de cartaz e a exporem-se de uma forma inacreditavelmente ridícula.
Ridículo, aliás, parece mesmo ser o mote do dito programa. Porque tudo é, de facto, ridículo. Os já mencionados apresentadores, os igualmente já mencionados concorrentes, o júri, os bailarinos, as entrevistas, as VT ds ensaios semanais, etc, etc, etc. E é por isso que toda a gente quer ver aquilo. Porque toda a gente quer ver qual a next big figura de urso e por parte de quem. Se é o Goucha, se a histérica labrega que divide palco com ele, se a Alexandra Lencastre - sempre medicada até ao limite do corpo humano - se o colega jurado que lê na net tudo o que diz com aparente sabedoria, se o António Sala, renascido dos mortos com uma insuportável dose de vaidade injustificada. O último jurado não fala português, pelo que não consigo sequer avaliar a sua prestação, mas tudo me leva a querer que não consegue fugir ao ridículo. E acabam por ser as verdadeiras estrelas do programa, bombas relógio sempre prontas a explodir com uma barbaridade qualquer. E a cada semana que passa a coisa fica mais feia e mais feira. Um verdadeiro freak show de mau gosto e parolice saloia.
Por fim, até a realização do programa é ridícula. Tudo parece ser feito em cima do joelho e os erros são mais do que muitos e de principiante e incluem pessoas a passar à frente das câmaras em momentos estranhos, malta da equipa técnica a arranjar seja lá o que for em sítios onde não deveriam estar ou em momentos que não deviam estar a ser filmados, etc, etc, etc - e a repetição do "etc, etc, etc" é propositado porque é impossível falar de tudo o que está mal neste programa sem escrever um manifesto interminável.
O melhor que se pode dizer de A Tua Cara Não Me é Estranha é que cumpre na perfeição os objectivos habituais e o modus operandi da TVI: quando as coisas começas a correr menos bem, fazemos mais e mais alto e mais histérico e mais... ridículo. Parabéns, a coerência afinal compensa.
Por falar em coerência, deixem-me falar de uma coerência elevada ao quadrado: a coerência da RTP, que não sabe fazer nada direito, e a coerência do 5 Para a Meia Noite, que continua a não dar uma para a caixa. Novo e bonito cenário, sim senhora, boa iluminação, não haja dúvida e um elenco de entrevistadores renovado e que poderia deixar antever o sucesso da nova série. De resto, a merda do costume. Ou seja, querer ter piada sem fazer a mais pequena ideia de como se consegue isso. O vídeo da chegada de um dos apresentadores à nova casa, a RTP, é um bom exemplo de como nem a copiar o canal do Estado consegue fazer nadinha que se aproveite. Porquê? Porque é mal pensado, ainda pior executado e, mais uma vez, sem gracinha nenhuma. Mas mesmo nenhuma. Mais do mesmo, mais do mesmo, mais do mesmo. Como o "etc, etc, etc".
E já nem falo dos Gato Fedorento...
Mas falo do Damien Hirst. Quem é que apadrinhou Hirst e o tornou num dos artistas plásticos mais caros da história da arte - e o mais rico do reino Unido? Melhor, quem é que convenceu meio mundo que o que o inglês faz é arte? E nem comecem com o discursozinho de que a arte é subjectiva e mais não sei o quê porque eu para essa tenho a resposta na ponta da língua: enfiar um tubarão ou uma ovelha empalhados num tanque de formol está bem longe, muito, mas muito longe de ser arte. As peças de Hirst são o melhor exemplo do novo-riquismo da arte e do usufruto da parolice saloia dos «apreciadores» de arte para fácil e rapidamente fazer fortuna. E nunca concordei tanto com o Andy Warhol, segundo quem um artista é alguém que faz coisas de que as pessoas não precisam. Mal sabia ele...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home