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Bom Karma... ou não!

quinta-feira, março 18, 2010

FANTAS 2010 - OS MELHORES

E quase que se podia dizer os únicos que realmente valeu a pena ver nesta tão pobre edição do Fantasporto. "Valhalla Rising" e "Fri Os Fra Det Onde", nem por acaso, dois filmes nórdicos. Ou seja, e mais uma vez, a melhor cinematografia que o Fantas tem apresentado nos últimos dez anos - pelo menos a mais consistente e que parece nunca aborrecer - é a de países como a Dinamarca, Suécia e, uma vez por outra, da restante escandinávia.

Estes dois casos eram mais ou menos fáceis de prever. Os realizadores em causa, respectivamente Nicolas Winding Refn e Ole Bornedal já estão fartinhos de provar que sabem muito bem o que fazem e que conseguem apresentar produtos de qualidade inegável.

O primeiro, para além da série "Pusher", realizou "Bronson" em 2008, um filme que deu bastante que falar e que conquistou prémios nos British Independent Film Awards, London Critics Circle Film Awards e no Sundance Film Festival.

Ole Bornedal, por sua vez, causou uma óptima impressão no Fantas em 1997, com "Nightwatch", e regressou agora com o filme que devia claramente ter vencido o festival. Pelo meio teve outras obras que, por razões desconhecidas, não vieram ao Porto. Infelizmente, digo eu.

"Valhalla Rising" não é decididamente um filme para meninos. Não pela violência (que tem), mas porque é mesmo um filme de brutos, interpretado por brutos, em ambientes agrestes, com cores rudes e uma banda sonora incómoda. É, no entanto, um filme de uma beleza rara. Pode parecer estranho, mas a verdade é que Winding Refn tem uma consciência estética invulgar e uma tremenda falta de medo de filmar como quer e de contar a história com o tempo que pensa ser necessário. Não é uma obra fácil, mas "Valhalla Rising" é um dos filmes do ano. E com uma das interpretações do ano, do actor-fetiche deste blog, Mads Mikkelsen.

"Fri Os Fra Det Onde", como já disse, devia ter conquistado vários prémios no Fantas, nomeadamente o de melhor filme a concurso. Porque foi inquestionavelmente o melhor filme a concurso. Bons actores, excelente argumento, realização segura, estéticamente perfeito e com uma série de reviravoltas das que deixam o queixo a abanar. O filme começa por ser um barril de pólvora sempre prestes a explodir - tensões sociais, raciais e culturais em ponto de fusão - e acaba por se transformar numa belíssima homenagem aos mais clássicos filmes de zombies, especialmente apontada ao mestre George Romero. Não é, apesar disso, um filme de zombies, note-se, e é essa a maior surpresa de uma obra absolutamente irrepreensível.

Fica por isso ao aviso: se os quiserem ver têm mesmo de os piratear. Um e outro não são obras de interesse comercial cá no nosso país. Mas valem bem a pena. Terão presença obrigatória na lista dos melhores filmes do ano neste blog.





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