RESSACA NATALÍCIA
Como de costume, a época em curso permite-me ver alguns filmes que perdi durante o ano. Estes dois dias de pura inactividade foram passados na companhia de três exemplares aos quais não dediquei a devida atenção no cinema. Contas feitas, confesso que afinal lá tinha as minhas razões.
O primeiro, "John Rambo", é objecto para afastar público só à conta do nome que carrega. Quando já ninguém pensava ser possível o regresso do herói americano, eis que Stallone decide fazer o mesmo que já havia arriscado com Rocky e ressuscitar o veterano de guerra. O resultado não é coisa para espantar ou surpreender ninguém, mas que também não é nenhum lixo, lá isso não é. E também não é mais do que aquilo que pretende ser, ou seja, hora e meia de mortandade violenta, sem qualquer tipo de censura, com litros e litros de sangue, tripas e bocados de corpos a voar por tudo quanto é ecrã. O quarto episódio da saga Rambo é puro entretenimento embrulhado numa fina mensagem de alerta para as atrocidades que se passam na Birmânia. Não é bom cinema, nem coisa que lhe valha, mas não é nada de deitar fora.
O mesmo se pode dizer de "Speed Racer", o filme dos manos Wachowski que me fez pensar o pior aquando da sua passagem por salas nacionais. Depois de o ver admito que a minha primeira impressão não estava muito longe das perspectivas. E por uma razão muito simples: "Speed Racer" é um misto de jogo de Playstation com anime da pior espécie. O filme é mesmo a versão de uma famosa série de animação japonesa dos anos 90 mas que, como já referi, respeita um estilo que, pesoalmente, não aprecio. Portanto, admito que os fãs de séries como "Speed Racer" ou "Oliver & Benji" - idênticas no estilo - possam gostar deste filme de corridas de carros num futuro incerto. Eu, não gostei. Mas adianto que nem há assim muita coisa a criticar nesta última obra dos Wachowski. O visual é fantástico e propositadamente cartoonesco, os actores prestam-se aos personagens com generosidade e diversão, e o filme chega mesmo a ser agradável. O problema é que ao fim de duas horas ficamos com uma sensação de vazio que nos alerta para o facto inegável de termos visto uma maluqueira megalómana desprovida de sentido.
Por fim a surpresa agradável do lote escolhido, "Horton Hears a Who". Não o fui ver ao cinema por pura falta de tempo, mas o aspecto do filme e algumas críticas surpreendentes tinham-me deixado curioso o suficiente. E de facto estamos perante uma pequena maravilha. O filme é absolutamente delicioso, infantil de uma forma quase didática, até, mas incrivelmente bem feito, muito bem interpretado (pelas vozes, claro) e completamente irresistível. Horton, e toda a bonecada que se lhe junta neste filme, são personagens retiradas de mais uma história do inultrapassável Dr. Seuss - responsável, entre outros, pelo Grinch «de» Jim Carrey. O que temos aqui é então uma delirante fábula moralista, pois claro, mas altamente cómica, absurda e insana. A culpa, desde já, é dos dois actores principais, Jim Carrey (novamente) e Steve Carrell e da forma como os animadores se apropriaram dos seus trejeitos, tiques e recursos vocais. Algumas das expressões faciais de Horton e do Mayor de Whoville são decalcadas daquelas que já reconhecemos como sendo de Carrey e Carrell, e isso é sem dúvida alguma um dos argumentos mais fortes do filme. Já se sabe, a Pixar é o que é, e como já aqui defendi várias vezes não tem rival à altura. No entanto, este filmezinho maravilhoso vai mais longe do que mesmo a Pixar no pormenor da expressividade dos rostos. A sequência inicial é impressionante, a sequência em que conhcecemos o mau de serviço, é incrível, a sequência em que vemos o que o filho do mayor fez no observatório é do caraças, e este texto podia continuar nesta toada até me cansar, porque "Horton..." é uma preciosidade que merece toda a atenção possível. Para além disso os diálogos são impagáveis, as situações são hilariantes e o ritmo é avassalador. Vão ver! Já!!!
O primeiro, "John Rambo", é objecto para afastar público só à conta do nome que carrega. Quando já ninguém pensava ser possível o regresso do herói americano, eis que Stallone decide fazer o mesmo que já havia arriscado com Rocky e ressuscitar o veterano de guerra. O resultado não é coisa para espantar ou surpreender ninguém, mas que também não é nenhum lixo, lá isso não é. E também não é mais do que aquilo que pretende ser, ou seja, hora e meia de mortandade violenta, sem qualquer tipo de censura, com litros e litros de sangue, tripas e bocados de corpos a voar por tudo quanto é ecrã. O quarto episódio da saga Rambo é puro entretenimento embrulhado numa fina mensagem de alerta para as atrocidades que se passam na Birmânia. Não é bom cinema, nem coisa que lhe valha, mas não é nada de deitar fora.
O mesmo se pode dizer de "Speed Racer", o filme dos manos Wachowski que me fez pensar o pior aquando da sua passagem por salas nacionais. Depois de o ver admito que a minha primeira impressão não estava muito longe das perspectivas. E por uma razão muito simples: "Speed Racer" é um misto de jogo de Playstation com anime da pior espécie. O filme é mesmo a versão de uma famosa série de animação japonesa dos anos 90 mas que, como já referi, respeita um estilo que, pesoalmente, não aprecio. Portanto, admito que os fãs de séries como "Speed Racer" ou "Oliver & Benji" - idênticas no estilo - possam gostar deste filme de corridas de carros num futuro incerto. Eu, não gostei. Mas adianto que nem há assim muita coisa a criticar nesta última obra dos Wachowski. O visual é fantástico e propositadamente cartoonesco, os actores prestam-se aos personagens com generosidade e diversão, e o filme chega mesmo a ser agradável. O problema é que ao fim de duas horas ficamos com uma sensação de vazio que nos alerta para o facto inegável de termos visto uma maluqueira megalómana desprovida de sentido.
Por fim a surpresa agradável do lote escolhido, "Horton Hears a Who". Não o fui ver ao cinema por pura falta de tempo, mas o aspecto do filme e algumas críticas surpreendentes tinham-me deixado curioso o suficiente. E de facto estamos perante uma pequena maravilha. O filme é absolutamente delicioso, infantil de uma forma quase didática, até, mas incrivelmente bem feito, muito bem interpretado (pelas vozes, claro) e completamente irresistível. Horton, e toda a bonecada que se lhe junta neste filme, são personagens retiradas de mais uma história do inultrapassável Dr. Seuss - responsável, entre outros, pelo Grinch «de» Jim Carrey. O que temos aqui é então uma delirante fábula moralista, pois claro, mas altamente cómica, absurda e insana. A culpa, desde já, é dos dois actores principais, Jim Carrey (novamente) e Steve Carrell e da forma como os animadores se apropriaram dos seus trejeitos, tiques e recursos vocais. Algumas das expressões faciais de Horton e do Mayor de Whoville são decalcadas daquelas que já reconhecemos como sendo de Carrey e Carrell, e isso é sem dúvida alguma um dos argumentos mais fortes do filme. Já se sabe, a Pixar é o que é, e como já aqui defendi várias vezes não tem rival à altura. No entanto, este filmezinho maravilhoso vai mais longe do que mesmo a Pixar no pormenor da expressividade dos rostos. A sequência inicial é impressionante, a sequência em que conhcecemos o mau de serviço, é incrível, a sequência em que vemos o que o filho do mayor fez no observatório é do caraças, e este texto podia continuar nesta toada até me cansar, porque "Horton..." é uma preciosidade que merece toda a atenção possível. Para além disso os diálogos são impagáveis, as situações são hilariantes e o ritmo é avassalador. Vão ver! Já!!!
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