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Bom Karma... ou não!

quarta-feira, outubro 22, 2008

BLAH, BLAH, BLAH: GWB




... de George W. bush, claro.
Agora que o dia finalmente se aproxima em que o mundo se vai ver livre deste cowboy ignóbil, tornam-se particularmente interessantes os acontecimentos que, de uma maneira ou de outra, se relacionam com Bush filho. Para começar, a polémica criada em torno da declaração de Collin Powell, que afirmou em entrevista ser apoiante da candidatura de Barak Obama - facto que o seu filho já havia publicamente assumido. Pois bem, só mesmo os distraidos é que podem ver nesta viragem à esquerda do general Powell algo de inesperado. O homem foi secretário da defesa de Bush, é certo. Mas a verdade é que sempre demonstrou uma rectidão e uma dignididade impróprias do governo republicano vigente. De tal forma que acabou mesmo por se retirar do cargo que ocupava, revoltado e envergonhado com a situação do Iraque. Powell, que nunca foi um político à séria - o que, nos dias que correm, é cada vez mais um defeito -, deve ter tido a melhor das intenções, quando aceitou o convite para fazer parte de um executivo como o de Bush. O rumo dos acontecimentos é que acabou por o atropelar sem dó nem piedade. A ele e ao mundo inteiro, diga-se. A escolha de Powell para as eleições que se avizinham, reflecte exactamente a rectidão e a dignidade com que sempre pautou as suas acções. Podia estar enganado, e pode mesmo ter cometido erros graves, mas lá que é um bom homem, disso não tenham dúvidas.

Por estes dias já ninguém parece ter dúvidas de quem vai ocupar a cadeira deixada vaga por George W. Com as sondagens cada vez mais favoráveis a Obama, e com o já aguardado fim do efeito Sarah Pallin - a mulher afunda-se cada vez mais no ridículo que é a sua personalidade, e no descabimento da sua candidatura -, é quase uma certeza que o homem que os republicanos se têm esforçado por apelidar de terrorista e outras coisas piores, vai mesmo liderar os desígnios da nação mais poderosa do mundo. E bem o merece. Obama fez uma campanha anormalmente limpa; centrou as suas atenções nos problemas reais da América, tratou de antecipar uma aproximação amigável aos líderes dos países mais fortes da Europa, e esquivou-se à quase inevitável guerra suja em que estas coisas se costumam tornar. Ao contrário dos rivais republicanos, a candidatura democrata não optou pela busca de segredos sensacionalistas, factos da vida de McCain que o pudessem denegrir de alguma forma, ou mesmo pequenas curiosidades que o pudessem ridicularizar. Obama, ao contrário do que já toda a gente estava à espera - e para muita pena dos meios de comunicação -, foi um respeitador e honroso competidor. Até porque já sabia que o seu concorrente, herói de guerra reconhecido e uma figura no seu todo afável e simpática, gozava de alguma popularidade mesmo junto de alguns sectores democratas. Como já aqui referi, McCain é um republicano muito mais à esquerda do que aquilo a que os republicanos estão habituados. A prová-lo, está o facto de John Kerry ter pensado nele para seu vice-presidente, nas presidenciais que perdeu para Bush. Obama vai ganhar estas eleições. Porque todo o mundo o quer. Obama, se não nos enganar monstruosamente, vai-se tornar numa figura incontornável da história do século XXI. Tem o perfil indicado para isso. McCain, por sua vez, não vai ser o grande derrotado destas eleições. O seu partido sim, será o gigante arrogante e desleixado que, por não ter atempadamente apertado os cordões dos sapatos, vai cair por uma longa e profunda escada abaixo.

Nem a propósito, eis que temos o louco Oliver Stone a estrear a sua visão (sempre muito pessoal) de George Bush. Stone, realizador amado e odiado - muitas vezes pelas mesmas pessoas -, é e será sempre um outsider a viver à custa da mama de Hollywood. Faz mais ou menos o que lhe dá na gana, choca, ou faz sempre por mexer com o espectador, e é um hábil autor de um cinema a meias experimental e comercial. Não se espere de "W", o biopic deste presidente que agora se retira, algo de muito realista ou sequer preocupado com a verdade dos factos - Stone sempre foi um acalorado panfletário. Não se espere que seja um filme convencional, banal, normal ou sequer correcto na sua aproximação biográfica - Stone sempre se esteve nas tintas para os produtores, crítica, público e todos mais os que orbitam à volta da indústria cinematográfica. Pode-se esperar, isso sim, uma obra feita a pensar mais nos europeus do que nos compatriotas americanos; feita para agradar os que desprezam George W. Bush (realizador incluido), e para dar uma valente alfinetada nos que ainda insistem em o defender. Seja como for, Oliver Stone já conseguiu o que queria: realizar um filme em tempo recorde de maneira a poder estreá-lo mesmo em cima de uma fase na vida dos americanos que pode bem ficar para a sua história como A Fase da radical mudança. Ou talvez não...

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