kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

domingo, março 16, 2008

WATERBOARDING

O título deste post é exactamente o mesmo da crónica que me despertou a atenção para uma coisa que eu já sabia existir, mas que tem um contorno particularmente retorcido e que de certeza muitos portugueses não conhecem.

Leia-se a descrição de Bárbara Reis no "Ípsilon" da passada sexta feira:

(...) Imobiliza-se a pessoa no chão ou numa tábua (e daí o "board", talvez), idealmente um pouco inclinada, e despeja-se água sobre a cara com um balde ou uma jarra, muita água de uma vez ou aos poucos. Há várias formas mas a intenção é sempre a mesma: simular um afogamento. A pessoa sente que vai morrer afogada, que a morte é iminente. Alguns torturadores cobrem a boca e as narinas com celofane, e por isso a água não chega a entrar; outros mantêm a boca aberta com uma barra estreita, segura por dois homens, um em cada ponta, ou põem um pano dentro da boca. Ao contrário de um afogamento simulado num lavatório, no qual a cabeça fica virada para baixo, o "waterboarding" desencadeia quase de imediato o reflexo de vómito, com a parte de trás da garganta a contrair-se repetidamente.

Mais à frente na crónica, ficamos tambem a saber que há três casos oficialmente confirmados de "waterboarding" a seguir ao 11 de Setembro - todos a supostos elementos da Al-Qaeda -, e que todos os agentes da CIA que, para efeitos de treino, se submeteram a esta tortura, não aguentaram mais do que 14 segundos. Ficamos ainda informados de que o médico director do Programa para os Sobreviventes da Tortura disse que um dos seus pacientes, anos após ter diso sujeito a esta tortura, continuava a ter medo do duche e a sentir pânico assim que começava a chover.

Por fim, o tal contorno retorcido: no passado sábado, o ainda presidente dos EUA vetou uma lei aprovada nas duas câmaras do congresso que proibia a tortura da água, e justificou o seu veto dizendo algo como "o perigo mantém-se", e ainda "porque o perigo se mantém, temos que garantir que os nossos agentes secretos têm todos os instrumentos que precisam para combater os terroristas".

A cronista termina a sua peça com a frase "E ainda faltam dez meses para Bush sair da Casa Branca", e eu não podia estar mais de acordo.