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Bom Karma... ou não!

quinta-feira, dezembro 20, 2007

2007




Tenho tido o tempo tão ocupado por toda esta azáfama natalícia - compras, filas e mais filas de trânsito, filas e mais filas em tudo o que seja balcão com uma caixa registadora -, que não me posso dedicar, como queria, a fazer uma resenha do ano que finda.
Ainda assim...

Pessoalmente, 2007 fica na memória como o ano em que participei numa peça de teatro à séria; uma peça que me ensinou muito da arte de representar e que me deu um prazer imenso, e da qual tenho (estranhamente) saudades. "Cara de Fogo" fez-me - e aos meus colegas de «palco» - sentir actor de verdade. A intensidade exigida pelo encenador, e as condições nada fáceis do local em que foi exibida obrigou a que o trabalho fosse mais rigoroso e, ao mesmo tempo, mais saboroso. Termino o ano com uma vontade irresistível de a voltar a fazer, mesmo sabendo que isso não será possivel.

2007 teve mais momentos pessoais inesqueciveis. Um fim de semana brutal no Gerês com os meus putos, umas férias de sonho na Zambujeira do Mar, uma viagem alucinada a Espanha para ver pela primeira vez o Cirque Du Soleil. 2007 tem também o sabor da redescoberta do prazer que é viver com alguém que se ama, mesmo que essa experiência tenha sido totalmente improvisada e sempre sob a sombra do prazo limite.

2007 teve uma música, "Às Vezes o Amor", de Sérgio Godinho. É uma das músicas mais bonitas de que tenho memória e faz o meu coração olhar imediatamente para a menina que manda nas coisas dele.





2007 teve uma banda sonora escrita por Rodrigo Leão, e que - não sei se por estranha coincidência - é a mesma partitura do que sinto pela tal menina. E apercebi-me disso sentado à mesa do Carlos Moura, depois de ter enchido a pança com um belíssimo Feijão Tropero - de que ainda não decorei a receita. Há coisas assim...

2007 teve um triplo álbum de Tom Waits. Ponto.

2007 teve muitos e belos filmes, mas teve "Ratatui", e isso só serve para rapidamente me esquecer de todos os outros.

2007 teve momentos tristes.
Teve a morte da Maria.
A morte de Luciano Pavarotti, de Michelangelo Antonioni, de Ingmar Bergman, de Max Roach, de Marcel Marceau, de Deborah Kerr, de Norman Mailer, de Ike Turner. Alguém vai sempre dizer que morreram muito outros anónimos, e abem da verdade, está certíssimo. Mas nomes como estes, que desapareceram, deixam de nos maravilhar e de nos dar o prazer que davam, quer fosse através da música, da imagem ou simplesmente da palavra.

2007 teve a morte do meu IPod...

2007, é verdade, teve um sem número de mortos anónimos. No Darfur, no Iraque, no Afeganistão; na Indonésia, no Brasil, nos liceus da Finlândia e (sempre) dos Estados Unidos. Balas, bombas, chuvas, ventos e tempestades, e a eterna estupidez humana a lutarem pelo primeiro lugar nas causas de morte mais populares em 2007.

2007 teve uma nova e refrescante luta pelo meio ambiente, e um consequente Nobel da Paz para Al Gore.

2007 teve uma Maddie, uma cimeira UE-África, um tratado assinado sem referendo, dívidas, dúvidas e desconfianças (nada de novo), teve uma Vanessa Fernandes que deve ter nascido em Saturno e um Nélson Évora que não salta, voa.

2007 teve, como sempre, mais do mesmo. Continuo apaixonado, perdido, e sem saber bem como ir não sei para onde. E entretanto passa 2007 e aproxima-se 2008 com o ar desafiante de quem diz "e então, o que é que vales, bandalho?".
Não sei.

Mas parece-me que ainda volto aqui a falar de 2007.

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