kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

terça-feira, junho 26, 2007

Desculpem a insistência, mas não consigo evitar dar mais uma machadada no governo de Fidel Castro, especialmente porque - percebo agora - é muito pouco fashion atacá-lo.

Descobri o site de Carlos Wotzkow, um cubano a viver na Suiça, e achei interessante publicar a opinião de alguém que viveu, como ele próprio diz, "em Cuba durante os primeiros 30 anos da revolução".

Ficam algumas passagens de um dos textos que dedica à sua ilha e ao governo de Castro. Já sei que vou ser acusado de ser parcial, e de acreditar em tudo o que me dizem desde que isso vá de encontro à minha opinião - sei que existem sites de apoio a Castro e ao seu governo interminável, e não fecho os olhos a isso -, e que a camisa do senhor é absolutamente horrível e que isso lhe tira credibilidade mas não me importo. Basta-me saber que o governo instalado em Cuba NÃO PERMITE oposição, para ter a certeza absoluta de que algo ali não está bem. E não engulo os postais ilustrados que Cuba abana aos turistas - Aninha, juro que esta não é para ti! Turistas que não se levantam da sua cadeirinha de praia em Varadero para conhecerem as aldeias onde se morre à fome - e por favor, não me venham dizer que em Cuba não se passa fome e que inclusive isso é culpa do incompreensível embargo dos EUA. Caso não saibam, existe uma anedota sussurrada por todos os cubanos nas ruas de Havana, e que diz que os três triunfos do governo de Castro são o atletismo, o voleibol e o basebol, e os três fiascos, o pequeno almoço, o almoço e o jantar.



Carlos Wotzkow

O autor nasceu em Havana, em 1961. Graduado como técnico veterinário e mais tarde Ornitólogo, foi expulso de Cuba em 1992, após passar pela prisão de Villa Marista. Já na Suiça, onde vive até hoje, estudou ecologia humana, ética e deontologia no Swiss Hospitality Engineering Consultants S.A e Biologia Molecular na Universidade de Berna onde trabalha como pesquisador. Autor de vários artigos, conferências e dois livros, dentre os quais “Natumaleza Cubana”, com prefácio de seu amigo Guillermo Cabrera Infante.


"Nós que vivemos em Cuba durante os primeiros 30 anos da revolução, e em contato contínuo com o povo e suas necessidades vitais, contamos com um antecedente nada desprezível que os anteriores nem sequer reconhecem: crescemos na dupla moral junto aos que ainda vivem lá e, embora o sistema econômico no exílio nos tenha desativado, somos capazes de compreender os que ficaram em Cuba. Se Ivan Karamazov (de Dostoievski) tivesse aprendido as atrocidades sociais cometidas pelo regime de Castro em todo o mundo, jamais teria pensado no ser humano como um animal “artisticamente cruel”. Creio, antes, que teria pensado no sadismo dos cubanos para catalogar as atrocidades dos turcos na Bulgária.
De acordo com uma fonte de toda minha confiança dentro do MINSAP (Ministério de Saúde Pública), 11% por cento dos homens jovens do país são os responsáveis por quase 89% dos atos violentos reportados à polícia. “Homens jovens” são aqui todos aqueles que tenham entre 15 e 30 anos de idade. Segundo esta mesma fonte, Cuba perdeu mais de 100.000 pessoas em homicídios (dados não publicados) nos últimos 47 anos. A causa – me explica esse psiquiatra – deve-se a que as pessoas tratavam de sobreviver às expensas, inclusive, de prejudicar o vizinho mais próximo. Mas de 80% dos jovens cubanos (incluindo ambos os sexos) fantasiaram alguma vez em matar as pessoas que eles detestam. A lista é encabeçada invariavelmente por Fidel Castro e depois por aqueles que lhes humilharam em público, membros do CDR (Comando de Defesa da Revolução) e as BRR (Brigadas de Resposta Rápida) e, finalmente, a seus rivais amorosos.

Se uma única cachorrinha na Suiça fosse privada de seus filhotes antes do tempo que estabelece a lei helvética, uma multa insuportável para o salário cairia sobre o criador da maltratada criatura. Porém, quando centenas de milhares de mulheres em Cuba são privadas dos fetos que carregam em seus úteros, e quando isto se faz por decreto estatal, em vez de multiplicar em centenas de milhares as indenizações às vítimas, os observadores o consideram um “ganho social”. Assim é que o aborto veio a ser “normal” e chegou inclusive a ser defendido na Cuba de hoje. Pior, alguns advogam atualmente pela liberdade de uma macabra doutora que, se mal me lembro,
foi na ocasião parte daquela política inumana. Chama-se Hilda Molina, porém na Argentina alguém a chama agora de “avozinha” e o exílio estremece de ternura.


O povo cubano leva quase 5 décadas exibindo uma agressividade seletiva (censurada) nunca antes vista em nossa história republicana. Negá-la, seria negar que na Cuba comunista não tenham existido atos de repúdio, encarceramentos arbitrários, abuso de poder em todos os níveis, roubos à mão armada por parte da própria polícia, violentações repetidas e seduções miseráveis a mulheres de opositores políticos, crimes de guerra fora de nossas fronteiras, abusos estatais contra os particulares, assassinatos de toda índole, interrupções de gravidez por interesses econômicos e desaparecimentos por causas políticas. Os meninos das escolas cubanas não necessitam de nenhum video-game agressivo para violentar suas professoras; necessitam, como qualquer outro indivíduo daquela população, só de mais uma dose de frustração."