Ainda a próposito do segundo post de hoje...


Uma das coisas em que deixei (muito recentemente) de acreditar, é na reposição da peça Cara De Fogo, pelo TUP.
Eu sei, como actor não devia admitir isto, muito menos aqui, para quem quiser ler. Mas a maneira como as coisas foram conduzidas, roubou-me todo o prazer que habitualmente retiro destes processos. Ontem estivemos a fazer contas, e desde o início dos ensaios até ao espectáculo final em Janeiro, foram quase cinco meses de trabalho. Cinco meses de sacrifícios, de horas mal dormidas, de cansaço quase extremo. E, no entanto, quando olho para trás, a única coisa que fica de todo esse tempo é o prazer imenso que resultou de ver nascer um espectáculo de teatro. Sem cicatrizes.
Desta vez, e em apenas três semanas, nada disso existiu, e nada parece já fazer sentido.
“Gosto disso” é a frase mais bonita de todo o texto que levamos a cena. Pela forma como é dita e pelo que significa.
“E eu já quase me esquecia disso”, do “gosto disso”.