HIPOCRISIA
Hipocrisia
(grego hupokrisía, -as, desempenho de um papel)
s. f.
1. Fingimento de bondade de ideias ou de opiniões apreciáveis.
2. Devoção fingida.

A comunidade internacional meteu-se na guerra civil do país de Khadafi e, aparentemente, com o beneplácito das mais diversas classes políticas e público em geral. Os opinion makers babam-se de prazer perante a possibilidade de assistirem na primeira fila à queda de Khadafi, e são muitos os políticos e populares que afirmam, sem vergonha ou pudor, sempre terem sido ferozmente antagónicos ao regime do ditador.
É curioso perceber esta reacção positiva a uma intervenção militar, no fundo, idêntica a tantas outras que foram violentamente condenadas pelos partidos de esquerda e que motivaram, inclusive, movimentos populares de protesto. E, no entanto, esta é mais uma acção com um interesse bastante claro e objectivo, disfarçado de preocupação pelo povo que sofre às mãos de um terrível e sanguinário ditador.
E sim, Khadafi é um ditador terrível e sanguinário, e que tem governado o país sem grandes contestações da mesma comunidade internacional agora tão arreliada com o povo líbio. A mesma comunidade internacional que, em virtude de necessitar do petróleo do ditador, se tem mantido à margem dos problemas sociais e das violações dos direitos humanos perpetradas naquela país do Norte de África.
Agora a situação mudou radicalmente, e o mesmo petróleo passa a ser o objecto de desejo irresistível que motiva esta invasão de uma nação soberana. Subitamente, a possibilidade de controlar o combustível que, até aqui, mantinha estes países reféns da ditadura de Khadafi, é boa de mais para se recusar.
O povo e os partidos de esquerda sempre foram céleres em condenar as acções militares dos EUA, mais concretamente, no Afeganistão e no Iraque. E com razão, diga-se. Os interesses dos americanos naqueles países eram bem conhecidas de todos, e o timing escolhido pelo governo de Bush para as invasões foi perfeito e, a princípio, bem justificado aos olhos do mundo. A falta de contestação massiva durou pouco tempo, e cedo se percebeu o que se estava realmente a passar. Não havia, claro, armas de destruição maciça no Iraque, e Osabama Bin Laden não estava nas montanhas do Afeganistão.
O que se passa na Líbia é uma guerra civil. Um confronto em que justificadamente torcemos pelos mais fracos e menos preparados; por aqueles que têm sofrido às mãos de Khadafi, por nossa culpa, porque olhamos para o lado, com o nosso beneplácito. Torcemos por eles, mas não é nosso o direito de os invadirmos, seja qual for a razão.
Isto não é um Darfur ou um Ruanda, onde o massacre de inocentes foi verdadeiramente um genocídio sem paralelo e no qual a comunidade internacional e a ONU, mais concretamente, não quis, assumidamente, interferir. Por achar que o assunto não lhes dizia respeito. Por considerar ser uma questão interna dos países envolvidos. Porque não havia petróleo à mistura. Ponto. Esse encolher de ombros foi a pior forma de interferirem em assuntos, esses sim, que justificavam uma acção rápida, violenta e decisiva.
Khadafi deve deixar o poder e os líbios devem poder escolher o seu governo de uma forma livre e democrática. A comunidade internacional deve apoiar esta luta, mas não com uma invasão militar que resulta na destruição do país e, invariavelmente, na morte de inocentes. E não se esqueçam, a Líbia é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Sem esse petróleo, alguns dos países envolvidos nesta coligação param, pura e simplesmente. E essa é a verdadeira razão por detrás desta intervenção abnegada e tão preocupada.
É curioso perceber esta reacção positiva a uma intervenção militar, no fundo, idêntica a tantas outras que foram violentamente condenadas pelos partidos de esquerda e que motivaram, inclusive, movimentos populares de protesto. E, no entanto, esta é mais uma acção com um interesse bastante claro e objectivo, disfarçado de preocupação pelo povo que sofre às mãos de um terrível e sanguinário ditador.
E sim, Khadafi é um ditador terrível e sanguinário, e que tem governado o país sem grandes contestações da mesma comunidade internacional agora tão arreliada com o povo líbio. A mesma comunidade internacional que, em virtude de necessitar do petróleo do ditador, se tem mantido à margem dos problemas sociais e das violações dos direitos humanos perpetradas naquela país do Norte de África.
Agora a situação mudou radicalmente, e o mesmo petróleo passa a ser o objecto de desejo irresistível que motiva esta invasão de uma nação soberana. Subitamente, a possibilidade de controlar o combustível que, até aqui, mantinha estes países reféns da ditadura de Khadafi, é boa de mais para se recusar.
O povo e os partidos de esquerda sempre foram céleres em condenar as acções militares dos EUA, mais concretamente, no Afeganistão e no Iraque. E com razão, diga-se. Os interesses dos americanos naqueles países eram bem conhecidas de todos, e o timing escolhido pelo governo de Bush para as invasões foi perfeito e, a princípio, bem justificado aos olhos do mundo. A falta de contestação massiva durou pouco tempo, e cedo se percebeu o que se estava realmente a passar. Não havia, claro, armas de destruição maciça no Iraque, e Osabama Bin Laden não estava nas montanhas do Afeganistão.
E a hipocrisia da ONU e destes países agora tão apostados em devolver a Líbia aos líbios - e em esquecer que na verdade sempre estiveram por detrás de um dos mais violentos ditadores da história de África - não é menor do que a dos que condenam hoje uma acção militar americana, para amanhã defenderem uma idêntica aprovada pela ONU.
O que se passa na Líbia é uma guerra civil. Um confronto em que justificadamente torcemos pelos mais fracos e menos preparados; por aqueles que têm sofrido às mãos de Khadafi, por nossa culpa, porque olhamos para o lado, com o nosso beneplácito. Torcemos por eles, mas não é nosso o direito de os invadirmos, seja qual for a razão.
Isto não é um Darfur ou um Ruanda, onde o massacre de inocentes foi verdadeiramente um genocídio sem paralelo e no qual a comunidade internacional e a ONU, mais concretamente, não quis, assumidamente, interferir. Por achar que o assunto não lhes dizia respeito. Por considerar ser uma questão interna dos países envolvidos. Porque não havia petróleo à mistura. Ponto. Esse encolher de ombros foi a pior forma de interferirem em assuntos, esses sim, que justificavam uma acção rápida, violenta e decisiva.
Khadafi deve deixar o poder e os líbios devem poder escolher o seu governo de uma forma livre e democrática. A comunidade internacional deve apoiar esta luta, mas não com uma invasão militar que resulta na destruição do país e, invariavelmente, na morte de inocentes. E não se esqueçam, a Líbia é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Sem esse petróleo, alguns dos países envolvidos nesta coligação param, pura e simplesmente. E essa é a verdadeira razão por detrás desta intervenção abnegada e tão preocupada.
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