VAMOS AVATAR UMA QUESTÃO
"Avatar", que estreou esta semana um pouco por toda a parte, tem sido apresentado como uma reviravolta no mundo dos efeitos especiais, uma nova forma de fazer cinema, o 3D definitivo, o ponto mais alto da tecnologia digital e, no limite, o regresso de um dos mais bem sucedidos realizadores de Hollywood. Há, no entanto, quem insista em considerar "Avatar" a salvação de Hollywood, o filme que vai acabar com a crise da meca do cinema e trazer de novo a magia às salas de todo o mundo. Verdade?
Para quem não sabia, convém dizer que 2009 foi o annus horribilis de Hollywood. O ano em que as pequenas produções fizeram esquecer os mega-blockbusters, e em que filmes como "District 9" ou "Paranormal Activity"
fizeram mais dinheiro que as produções bilionárias dos gigantes da indústria. Um nem sequer tem nada a ver com os estúdios americanos - apenas o dedo de Peter Jackson - o outro, é uma produção quase caseira, que esteve para ser transformada pela Dreamworks num desses blockbusters e só por sorte viu a luz do dia. "Avatar" é o último blockbuster de 2009 e aquele que parece apresentar os melhores argumentos. No entanto, é também o que tem um elenco secundaríssimo de actores quase desconhecidos. É uma aposta arriscada de Cameron, habituado a impôr a sua vontade aos estúdios.
O cinema nos EUA é feito acima de tudo para o mercado interno. Um filme produzido em Hollywood divide a facturação entre as salas americanas, as salas do resto do mundo e o mercado mundial da televisão e do DVD. Se partirmos do princípio de que o principal argumento de "Avatar" é a esta moderna tecnologia 3D, e de que de forma alguma lhe podemos aceder sem os clássicos óculos que completam o efeito técnico, então como podemos esperar que o filme de Cameron seja um sucesso também no homevideo? Ou seja, "Avatar" é um filme realizado para ser visto numa boa sala de cinema e mais nada.
Contudo, as primeiras críticas falam de uma aparente falta de necessidade do tal 3D. Falem mal ou bem, os críticos parecem concordar num ponto: o de que o filme não precisava do 3D para ser bom, ou que o 3D não chega para o salvar da mediocridade. E não esqueçamos que o 3D continua a ser visto como um truque de feira; um ardil para arrastar espectadores para as salas de cinema cada mais vazias. Mesmo que a tecnologia esteja cada vez mais avançada e que não tenha já nada a ver com a da década de 50. Para além disso, os filmes de Zemeckis - "The Polar Express", "Beowulf" e "A Christmas Carol" - eram tentativas honestas e despretensiosas de fazer um novo tipo de cinema de animação. O que Cameron pretende com "Avatar", é descobrir o El Dorado que já tantos outros tentaram.
James Cameron quer o actor digital realista, verosímil e (quase) de carne e osso. George Lucas tentou-o na nova trilogia Star Wars e ficou bastante distante do objectivo. Os japoneses tentaram-no com a saga Final Fantasy e fizeram melhor figura que Lucas. Agora "Avatar". As primeiras imagens mostram uma qualidade de detalhe absolutamente deslumbrante. Os movimentos, no entanto, continuam a ser os de um desenho animado bem feito. Apetece dizer que nestas coisas mais vale o falhanço estrondoso que o «quase lá». E Cameron parece estar somente quase lá.
A estreia de "Avatar" foi, como não podia deixar de ser, esmagadora. 27 milhões de dólares só no primeiro dia de exibição. Ainda assim, o topo da lista continua a pertencer ao terceiro episódio da saga Senhor dos Anéis, seguido de muito perto por "I Am Legend". O terceiro lugar de "Avatar" não é caso para sustos, mas também pode significar que provavelmente o filme ainda vai ter de pedalar muito para ultrapassar o que custou. Os 500 milhões de dólares foram prontamente negados pela produtora, que assumiu 250 milhões como o custo total da obra. Ainda assim, é somente o mais caro de sempre...
2 Comments:
At 11:40, pinkpoetrysoul said…
eu já vi o filme e gostei muito...acho que o 3D era dispensável, na minha opinião não acrescentou nada de extraordinário ao fime... beijinhos e bom natal! :*
At 16:10, Carlos said…
O 3D é um acrescento, mas não faz grande diferença. "Avatar" é um grande produto de entretenimento.
Já vimos aquela história em qualquer lado? Já.
Traz uma narrativa nova e surpreendente? Não.
Mas a verdade é que, em Avatar, o tempo voa. E voa bem. E sentamo-nos no cinema e sentimos aquilo que devíamos sentir sempre: magia.
É uma obra de fantasia e de delírio visual. É a montanha russa mais cara do mundo. E vale a pena. E que se lixem os críticos: por mais que apontem, seria dificil pensar em outro senão Cameron para realizar esta obra-prima da diversão e do entretenimento. É bom. É divertido. É grande. E quero ver outra vez, em casa, com pipocas e com um sorriso nos lábios.
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