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Bom Karma... ou não!

sexta-feira, outubro 02, 2009

SÉRIE B... MAIS OU MENOS



Graças ao mesmo Eduardo do post lá mais em baixo, vi hoje dois filmes saídos directamente do imaginário tão próprio dos filmes série B que há muitos, muitos anos faziam as delícias de quem ia ao Fantasporto à procura de sangue, tripas às carradas, e/ou histórias mais ou menos delirantes, argumentos cheios de teorias da conspiração e big brother is watching you até à medula. E os dois que vi não fariam má figura num cenário assim. De todo.
No entanto...

Um é substancialmente melhor do que o outro. Começo por isso pelo mais fraquinho, "Splinter".

Misto de filme de zombies com algo decalcado do magnífico "The Thing" de John Carpenter, "Splinter" fala-nos de uma espécie de criatura - alien, bactéria, vírus? - que toma posse de todos os ossinhos no nosso corpo e lhes dá uma espécie de vida e vontade próprias. Daí o toque zombie da coisa. E tudo começa razoavelmente bem.

Casalinho totó procura umas férias de paz e sossego. Casalão rude e redneck, meio drogado, meio bandidola de pistola em punho acaba com as esperanças de casalinho totó. Vão todos parar a uma estação de serviço de beira de estrada no meio de nenhures e... o resto é fácil de adivinhar. Como já disse, o filme começa bem, com a dose certa de preparação, sem dar seca nem fazer esperar demasiado pela verdadeira acção, e os primeiros momentos de tensão e horror são bem interessantes, angustiantes e, a abono da verdade, nojentos - o som dos ossos a estalar é tal e qual como o Eduardo me havia dedicadamente descrito.

O problema começa com uma sequência a fazer lembrar um dos velhinhos "Evil Dead" de Sam Raimi, em que uma mão-zombie persegue o nosso herói em busca de sangue. O problema é que num filme que se queria sério, essa «perseguição» tem exactamente o mesmo efeito que no filme de Raimi. Ou seja, é hilariantemente ridícula. Seria essa a intenção de Toby Wilkins, o realizador? Seja como for, essa cena marca o declínio do filme, em ritmo e em interesse, já que se percebe desde logo como tudo vai terminar.

Para além disso, e não satisfeito com a cena da mão, o realizador ainda se atreve a filmar outra sequência digna de figurar na lista das mais caricatas do ano. Novamente, numa série de acontecimentos mais ou menos stressantes, intromete-se o seguinte cenário: homem mau tem de cortar braço, entretanto infectado pelo tal agente contagioso. O que é que há à mão? Um X-acto com uma lâmina pequena de mais. Portanto, temou uma moça a segurar no braço enquanto o moço o corta acima do cotovelo como quem corta uma fatia de lombo. A moça aguenta-se sem vomitar ou desmaiar. O problema é que o pedaço de cutelaria não chega para cortar osso e o médico emprestado tem de se decidir pelo arrancar do membro por tijolo de betão de elevadas dimensões. Minutos depois o amputado está refasteladamente sentado à conversa com os dois totós, sem dores e relativamente bem humorado. O ambiente é quase de festa e todos parecem ter-se esquecido da besta dos infernos que espera por eles lá fora. Senti incontornavelmente que estavam a gozar com a minha cara...
Podia ser bom, mas não é.






"The Killer Room" também não é exactamente original, ou por aí além surpreendente, mas consegue manter uma hora e meia de interesse e de incerteza, tudo embrulhao numa filmagem com estilo, elegância e a frieza necessárias a um filme deste género.

Qual género? O género de filmes inferiores como "Cube" ou "Cube 2: Hypercube", o primeiro "Saw" e outros que tal. Um conto à boa maneira da "Quinta Dimensão", com todos os ingredientes que lhe deram milhões de fãs dedicados. Temos uma agência que não parece ser governamental - aliás, que parece estar acima de qualquer governo - temos cobaias humanas, completamente despreparadas para o que lhes está para acontecer, temos conflito originado pelos instintos mais primários do ser humano e temos um final, isso sim, surpreendente.

Para além de que temos um bom e seguro elenco - Chloë Sevigny, Peter Stormare, um sempre bom Timothy Hutton e o mesmo Shea Wigham que em "Splinter" fica sem o bracinho... - uma óptima banda sonora e uma direcção de fotografia acima do normal para cinema neste patamar.

Conclusão: "The Killer Room" fica mais uns dias no meu computador para quem o quiser ver, enquanto que "Splinter" foi direitinho para a reciclagem.


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1 Comments:

  • At 17:27, Blogger Eduardo Ramos said…

    The Killing Room... deixou-me tipo... "Olha!Queres ver que...?"

     

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