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Harvey Milk tornou-se no primeiro homossexual assumido a ocupar um cargo público nos EUA. Em 1978 conseguiu finalmente o lugar de supervisor na Câmara de San Francisco e conseguiu dar ao seu movimento pelos direitos dos homossexuais todo um novo enquadramento e uma projecção que ainda hoje se faz sentir.
O filme de Gus Van Sant - o mais próximo do cinema mainstream que este realizador alguma vez fará - é fascinante. Filmado com um rigor quase coreográfico, conta com um elenco brilhante, liderado por um Sean Penn que consegue um desempenho suave, quase despercebido mas a todos os níveis notável. O olhar da sua personagem não é, nem de longe, nem de perto, o olhar de Penn. E se isso não é uma boa prova das suas capacidades...

O ponto forte do filme de Gus Van Sant é no entanto essa tristeza que, sem sabermos bem porquê, não nos deixa um só minuto. Como se no fundo já soubessemos que aquela história não tem como acabar bem. E mesmo sabendo - porque a imprensa por estes dias não fala de outra coisa - que Harvey foi realmente assassinado, a verdade é que essa sensação trágica suplanta tudo o resto. Ao ponto de os últimos segundos dessa sequência em que vemos Milk ser baleado, nos trazerem algum alívio. Como se só uma bala pudesse dar algum descanso a Harvey Milk. E no entanto ele tinha tanta vontade de viver.

"Milk" é já um dos melhores filmes de 2009, sem dúvida. Está nomeado para oito Oscar, mas não nos podemos esquecer que Gus Van Sant e a Academia não são coisas que se misturem facilmente.
Etiquetas: Cinema
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