BREVE PONTO DE ORDEM
A invasão de Gaza por parte das forças israelitas reveste-se de uma série de detalhes que importa saber- especialmente porque nem tudo é dito na comunicação social, pelas razões sobejamente conhecidas.
O cessar-fogo de que tanto se tem falado, e que supostamente foi quebrado pelos rockets palestinianos, foi assinado há alguns meses no pressuposto de que Israel libertaria Gaza de um apertado sufoco imposto pelo governo israelita. Não só Israel não cumpriu essa parte do acordo, como intensificou essa pressão ao longo dos meses que o tal cessar-fogo durou. Os rockets disparados pelo Hamas foram o tão aguardado pretexto para o feroz ataque que temos observado.
Ouço as palavras de José Goulão - especialista em assuntos relacionados com o médio oriente - na rádio, e fico imediatamente a saber que Gaza não é maior que o Montijo, e que apesar disso, moram lá para cima de milhão e meio de pessoas, sem água canalizada, sem electricidade e sem os meios básicos para viverem uma vida de seres humanos. Os habitantes de Gaza vivem emparedados e agora, que têm sido consecutivamente bombardeados, nem têm como nem para onde fugir. Simplesmente.
Fico também a saber que o Hamas foi um resultado directo da guerra, e que foi fortemente apoiado pelos sucessivos governos israelitas, na busca de partir a guerrilha palestiniana. O Hamas, apesar de ser uma organização que recorre a métodos terroristas, venceu as eleições palestinianas de forma democrática, o que é particularmente lixado se tivermos em conta que nem todos os países lhe reconhecem a devida legitimidade. Por outro lado, e falando de terrorismo, o que Israel está a fazer neste momento, principalmente numa altura em que já invadiu o território, tem comummente o nome de «terrorismo de Estado», e não é mais do que o que os EUA fizeram no Iraque.
O problema neste ataque israelita, para além do mais evidente, e que é a total aniquilação de Gaza à custa de mortes civís, é que o Hamas está-se nas tintas para o povo que jurou defender. Os mortos são minimizados, e os seus líderes, enquanto o território é destruído, optam pelo discurso patriota, glorificam o valor dos mártires e realçam a sua importância para a causa palestiniana e ainda têm o descaramento de gritar que apesar da ofensiva, o Hamas vai sair vitorioso deste mais recente conflito. Seria para rir, se não fosse uma tão descomunal tragédia.
Por fim, convém realçar um facto que, ou muito me engano, ou já é incontornável. Não esperem de Barak Obama algo próximo de uma viragem na política da casa branca em relação à questão palestiniana. O homem pode ser um porreiro e ter um sem número de ideais maravilhosas para mudar muita coisa, mas continua a ser americano e apoiado fortemente por um potentíssimo lobby judeu.
Só mais uma coisinha: as últimas notícias informam-nos de que hoje já morreram, em Gaza, trinta pessoas, das quais treze são crianças...
1 Comments:
At 01:21, baba said…
São só uns filhos de uma grande puta com o seu mini-holocausto-lab. Não são nada melhores do que o senhor que os perseguia...
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