kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

domingo, janeiro 18, 2009

2008





Falar de como foi o meu ano de 2008 18 dias depois de ele ter terminado, espelha bem com têm sido estas primeiras semanas de 2009. O ano começou da forma mais acelerada que era possível, com exames da faculdade e preparativos para a estreia do novo espectáculo do TUP. Não há muitos minutos de mente limpa e desimpedida, por estes dias...
2008 terminou mais ou menos da mesma forma e pelas mesmas razões, e sinceramente já nem sei como começou. Sei que pelo meio teve mais uma daquelas grandes decisões a que me habituei nos últimos três anos. Despedir-me aos 35 anos para arriscar um curso superior não é coisa que se assuma todos os dias e confesso que às vezes (não muitas) ainda penso se terei feito bem. Redescubrir a vida de estudante foi um prazer. Confesso, sair de casa para ir para as aulas, ter as tardes livres, o convívio com colegas de turma que, ao contrário do que eu estava à espera, são muito mais maduros do que a sua idade e uma sensação de alívio permanente, resultado do facto de já não trabalhar num escritório oito horas por dia, são tudo coisas novas na minha vida e que servem sempre para me desculpabilizar algum sentimento de culpa que ainda possa sentir por ter tomado esta decisão.
2008 foi também o ano em que assumi a vicepresidência do TUP. Parece menos importante do que realmente é, eu sei. Mas sinto mesmo um orgulho - que de facto não sei explicar - em fazer parte desta instituição e, principalmente, em poder fazer algo por um grupo de teatro que merecia bem mais do que aquilo que tem. E isso representa lutar todos os dias contra as dificuldades que nos levantam. Estar assim à frente de um grupo de teatro é viver aqueles problemas de que sempre ouvimos falar. Que não há apoios, que não há dinheiro, que não há condições. E não há, de facto. Aos primeiros passos desta nova produção fiquei imediatamente a saber que para fazer teatro no Porto o melhor é ter uma sala própria e não depender das que existem na cidade. Reparem, o Teatro do Campo Alegre, e segundo palavras retiradas do sei site na net, dispõe de espaços, infra-estruturas, meios e equipas de apoio, moduláveis à realização de eventos de vários quadrantes e afirma-se também como um lugar aberto aos jovens criadores de qualquer área artística, em especial da Área Metropolitana do Porto, que procurem um local de manifestação e de exposição da sua obra. Muito bonito. O que se esqueceram de referir é que o aluguer do diminuto espaço do café-concerto por um período de três semanas custa a módica quantia de 3700€. E isto é preço de amigo para um dos três parceiros da infraestrutura - Câmara Municipal do Porto, Reitoria da Universidade e, como não podia deixar de ser, Seiva Trupe. E pergunto-me que tipo de negócio farão os grupos de teatro que apresentam os seus trabalhos no TCA e que obviamente não podem pagar estes preços. Especialmente se forem grupos de teatro universitário.
2008 foi por isso marcado por um abandonar de coisas que já fazia há muito tempo. Algumas boas e outras más, claro. 2009 será obrigatoriamente o ano em que me vou ter de habituar a esta nova realidade, aos pequenos sacrifícios, às mudanças. E em que vou ter de tomar um sem número de decisões complicadas. Mas isso fica lá mais para a frente. Depois de ir a Liége com o TUP e principalmente depois do Fantasporto. Depois paro para pensar na vida.