kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

segunda-feira, dezembro 24, 2007

FILMES DE NATAL... (?)



Já sabendo da tota seca que é o dia 24, e por isso mesmo vendo-me na obrigação de queimar tempo até à jantarada com a familia, aluguei uma série de filmes. Daqueles que não chegamos ver no cinema, ou que acabam por nunca estrear nas nossas salas de cinema.
Já vi dois e passo agora a contar-vos como foi.

Comecei por um filme que foi um sucesso no Fantasporto de há um par de anos. Um sucesso... Ora bem, a organização do festival considerou-o como um sucesso, mas a verdade é que o filme é uma valente merda! Já frequento o que outrora se chamou "Festival de Cinema Fantástico do Porto" há 20 anos, e graças a isso já vi tantos filmes de terror, que desconfio sempre daqueles que vêm catalogados como "o filme mais pertubador que já viu", ou "horror no seu estado mais puro", ou ainda "só para quem tem um estômago de aço". Desconfio e sempre com razão. Este "The Hostel" não foi excepção. É fraquinho a todos os níveis. Não assusta, não incomoda e é, acima de tudo uma grande e arrastada seca. Mais de metade da sua duração é gasta com um pequeno grupo de amigos e as suas aventurinhas imberbes numa viagem pela Europa. Chato, muito chato.
A história fala-nos de uma velha fábrica na Eslováquia, onde «turistas» pagam verdadeiras fortunas para terem o prazer de torturar jovens raptados de uma pousada da juventude local. A premissa é interessante e pode-se imaginar o fantástico «filme-de-molhar-o-pãozinho» que podia sair daqui, mas a coisa resvala para o ridículo a cada passo e o ambiente do filme é constantemente light, nada semelhante ao de "The Texas Chainsaw Massacre", com que é injustamente comparado em tudo que é publicidade. Vê-lo foi uma absoluta perda de tempo. Irra!!!




"28 Days Later", de Danny Boyle, revolucionou o cinema de terror do início do século, e relançou a moda dos filmes de zombies. E a verdade éque os que lhe seguiram as pisadas acabaram por não o envergonhar. Os filmes de zombies feitos depois da obra de Boyle foram, regra geral, interessantes o suficiente para merecerem a ida ao cinema - com pipocas, claro -, e tiveram, provavelmente, o seu climax no recente "Planet Terror", de Robert Rodriguez. Seja como for, "28 Days Later" foi de todos os melhor, e por isso mesmo a idéia de uma sequela admirou tudo e todos, principalmente por se saber que Danny Boyle estava por trás do projecto, embora como produtor. Juan Carlos Fresnadillo - realizador do excelente "Intacto" - foi escolhido para dirigir a coisa, e tudo parecia fazer acreditar num segundo filme muitíssimo aconselhável. E de facto é. "28 Weeks Later" não chega aos calcanhares do seu predecessor, e é mesmo bastante diferente, não no conteúdo, mas na abordagem que o jovem realizador espanhol faz à clássica história de zombies, mas é um filme de acção distinto daqueles a que estamos habituados. Distinto porque não existem ali heróis maiores do que a vida, nem super-homens aparentemente intocáveis e imortais, mas sim pessoas, de carne e osso, com vidas e uma história para contar.
E tudo começa quase onde havia terminado "28 Days Later". Os infectados morreram à fome, Londres é colocada em quarentena pela ONU e pela exército dos EUA (claro...), e o realojamento começa lentamente a tornar-se uma realidade. E é precisamente quando a normalidade parece querer instalar-se que tudo se desmorona e o exército perde o controlo da situação. O resto é como podem facilmente imaginar mas com uma novidade em relação ao primeiro filme: existe uma familia que é imune ao terrivel virus mas que o pode transmitir da mesma forma que os «zombies» sedentos de sangue e carne humana. Com o pai transformado em monstro pela mãe através de um simples beijo de reencontro - e morta no momento pelo marido e à dentada -, os dois filhos são protegidos por dois militares americanos que compreendem a importância da sua inesperada condição genética, e pela importância que esta pode ter no desenvolvimento de uma vacina para combater o tal virus. E vêem-se obrigados a fugir aos infectados e ao implacável plano do exército para acabar de uma vez por todas com a doença. E deixem-me que vos diga: a imagem dos caças americanos a bombardearem as ruas de Londres com napalm é, não só espectacular como arrepiante.
Em suma, e como já referi, "28 Weeks Later" é inferior a "28 Days Later", mas nem por isso é menos interessante. Comparado com "The Hostel" foi verdadeiro colírio para os meus olhinhos de cinéfilo.

Segue-se "Os Filhos do Homem". Depois conto...