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Bom Karma... ou não!

terça-feira, dezembro 04, 2007

CULTURA A CORRER

A correr porque já vi isto tudo há uns dias e ainda não tinha aqui falado sobre os dois filmes e a peça de teatro que se seguem:


Pois bem, confesso que ia para American Gangster de Ridley Scott com a esperança de ver uma boa obra, e a verdade é que não saí da sala desiludido. É cinema clássico, American Gangster. Clássico porque não arrisca um milímetro fora dos cânones do filme de gangsters tal como é conhecido. Não apresenta nada de novo, nem na forma como conta a história - bem interessante, por sinal -, nem na maneira como é filmado. No entanto, a grande qualidade do filme de Scott acaba precisamente por ser a maneira como está construido. A reconstituição da época - década de setenta no Harlem de Nova Iorque - é preciosamente real, não só no guarda-roupa, carros e tudo o mais que se possa imaginar, mas também na banda sonora e especialmente na fotografia e na câmara. Juro que a dada altura pensei estar a ver um episódio da velhinha série "Zé Gato", tal é o impecável aspecto seventees que o realizador britânico imprimiu à sua obra.
Bons actores, sólidos e bastante credíveis, e a maravilha que é ver Denzel Washington a esquivar-se de forma louvável ao seu já clássico overacting.
Repito, não acrescenta nada de verdadeiramente original, nem à carreira de Ridley Scott, nem ao mundo da sétima arte, mas que enche a barriguinha, lá isso enche.




Quanto a Beowulf, devo admitir que estava convencido da total estopada a que ia assistir. Aliás, confesso mesmo que o fui ver na busca de alguma coisa para atacar ferozmente, aqui no blog.
No entanto...
No entanto, lixei-me. Lixei-me porque Robert Zemeckis soube muito aproveitar a lição retirada do fracasso de Polar Express, e, contrariando aqueles que já anunciavam o fim da animação «quase real», realizar um filme de inegável qualidade narrativa, de maravilhosa técnica e que nos prende à tela do início ao fim. Beowulf foi escrito por Neil Gaiman, e só isso significa uma vantagem pela qual muitos realizadores dariam um bracinho em troca. A história de Beowulf é magnífica e poderosa, e é o tónico que faz o filme passar a correr, como se não tivesse de facto a hora e meia que tem. Infelizmente já não consegui ver a versão em 3D, mas mesmo assim, gostei, aconselho vivamente, e até acho que o vou ver outra vez. Ele há coisas...




Finalmente, fazer referência a "A Noite Dos Assassinos", peça escrita pelo cubano, José Triana, encenada por António Pires, e interpretada por Graciano Dias, Margarida Vila-Nova e Filomena Cautela.

Na minha opinião a encenação é mesmo o que o espectáculo tem de pior. António Pires é uim encenador bastante experiente e não se justifica um tamanho descuido no tratamento do texto, na direcção dos actores e, especialmente, em tantos lugares comuns em que a peça acaba por se deixar cair.

Os actores são fraquinhos, todos eles, e embora a experiência televisiva das duas actrizes pudesse parecer à partida uma vantagem inegável, a verdade é que o facto dessa mesma experiência ser em grande parte resultado de umas quantas novelas, acaba por sujar o seu trabalho com um cunho plástico e muitas vezes desajustado do trabalho de palco. Quanto a Graciano Dias, o seu desempenho é sempre demasiado morno e nada consentâneo com o espirito do personagem. A boa vontade dos actores é notória, mas de nada vale contra a sua falta de experiência - embora já andem nesta vida há alguns anos - e contra uma direcção defeituosa e descuidada.

A separação entre teatro dramático e cómico nunca é bem conseguida, e a opção de transformar algumas situações no mais puro burlesco acaba por fazer mesmo com que alguns momentos se tornem ridículos e penosos. O espectáculo é enorme e sonolento, muito em parte pela quase total ausência de uma mensagem clara e credivel. E isso faz-se sentir na inquietação que começou a influenciar o público, já incapaz de estar quieto nas cadeiras, e no birburinho impaciente que a dada altura se fez ouvir na sala.

Morno, desinteressante e aborrecido.

3 Comments:

  • At 04:48, Anonymous Anónimo said…

    Independentemente da qualidade da peça, da representação dos actores e da encenação, que não está em causa, não a vi, convém dizer que qualquer dos três actores já tem outras representações em palco e no cinema. -Se não estiveram bem não é nem pela falta de experiência, nem por, também, já terem feito televisão. É sempre bom verificar factos, numa wikipédia, por exemplo, nem que seja para concluir que, se calhar, são mesmo fracos actores...
    "Margarida Vila-Nova (n. Lisboa, 6 de Junho de 1983) é uma actriz portuguesa.

    Teve as primeiras aparições em televisão nos programas de Filipe La Féria para a RTP (1990 - Grande Noite, 1994 - Cabaret). Recebeu formação no teatro com Michael Margotta (2002).

    No teatro salienta o trabalho com o encenador António Pires, nas peças Morte de Romeu e Julieta, baseado na obra de Shakespeare (Teatro da Cornucópia), Por uma Noite de Pedro Neschling (Clube Estefânia), entre outras. Foi dirigida por Maria Emília Correia em Os Sete Dias de Simão Labrosse de Carole Frétechette.


    No cinema participou em cerca de cinco títulos, salientando O Fatalista de João Botelho (2005), O Milagre Segundo Salomé de Mário Barroso (2004) e A Falha de João Mário Grilo (2001). Premiada com a Menção Honrosa do Festival de Cinema da Covilhã, na categoria de Melhor Actriz Secundária.


    [editar] Televisão
    Protagonista, como Maria Laurinda/Laura em "Tempo de Viver", TVI 2006/2007
    Protagonista, como Rita em "Mundo Meu", TVI 2005/2006
    Elenco Principal, como Carolina Vilar em "Ana e os Sete" ,TVI 2003/2004
    Elenco Adicional, como Bárbara Correia Marques em "Anjo Selvagem", TVI 2001/2002
    Elenco Adicional, como Inês em Jornalistas, RTP 1999

    [editar] Cinema
    Protagonista, como Sofia em "Corrupção (filme)" de João Botelho, 2007 "

     
  • At 00:27, Blogger karmatoon said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 00:31, Blogger karmatoon said…

    karmatoon disse...
    Caro anónimo,

    confesso que não percebi se o seu comentário veio reforçar o que eu disse ou, pelo contrário, contradizer a minha opinião. Seja como for, convém relembrar de que a Wikipedia é feita nós, e não por uma qualquer instituição idónea e neutra. Pela parte que me toca, os factos que estão por lá publicados acerca de Margarida Vila-Nova podem muito bem ter sido publicados pela própria. Quanto ao resto, e já que não assistiu à peça em questão, deixe-me que lhe diga duas razões que me levam a duvidar da qualidade da encenação de António Pires: o texto não me parecia assim tão bem decorado quanto isso, e algumas movimentações também não. Um encenador exigente e preocupado não permite um trabalho assim tão leviano, por parte dos seus actores.
    Eu sei da experiência dos três jovens intérpretes - até porque conheço bem, e de forma indirecta, a carreira de Graciano Dias - e por isso mesmo reitero tudo o que disse no meu texto.
    Obrigado e volte sempre.

     

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