kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

segunda-feira, julho 09, 2007

EM CONTRAPARTIDA...



... acabei de ver Transformers, e quero deixar desde já uma coisa bem esclarecida: desejo fortemente que continuem a fazer sequelas deste filme até eu ser velhinho!

É que, isto sim, é um óptimo filme de acção. E porquê? Porque tem pés e cabeça. Porque tem o melhor de dois mundos aparentemente impossíveis de conjugar num só filme: a inteligência e a acção a rodos. O mesmo é dizer, o «sempre a abrir» de Michael Bay, e o dedo sábio e experiente de Steven Spielberg. Finalmente alguém teve o bom senso de controlar o cérebro hiperactivo de Bay e usá-lo para construir uma coisa positiva e equilibrada. E esse alguém só podia ser o mestre Spielberg, cujo efeito é bem visivel na aventura dos gigantescos robots. Ninguém, Spielberg sabe gerir esforços e recursos, e durante (também) duas horas e meia, a acção e finamente gerida e distribuída, sem nunca nos dar um minuto de descanso, mas também sem nos fazer desesperar por um momento calmo e contido. Tudo é inteligentemente misturado e condimentado. O humor é muito bom sem ser idiota, o argumento - simples, é verdade - é bem contado, sem deixar espaço a dúvidas ou criar pontas soltas, e tudo é muito, muito bem explicadinho. Sem dúvidas, sem comos ou porquês. E é aqui que Transformers arrasa com a concorrência - leia-se, Die Hard 4 e Piratas das Caraibas-No Fim Do Mundo. É precisamente no saber fazer as coisas que este blockbuster se faz filme maior sem perder um único milímetro do seu propósito: entreter a malta.
É verdade, temos a câmara lenta de Bay aqui e ali. Mas também temos os planos clássicos de Spielberg. Temos o patriotismo - controlado - de Bay, tudo bem. Mas temos os heróis de tantos outros filmes de Spielberg, a concederem o lado humano da história e a destacá-lo, no meio de tanta explosão e pancadaria robótica. E a ironia é mesmo essa: enquanto Die Hard acaba por se tornar um filme irreal e dificilmente credível, em Transformers - e apesar de sabermos que não existem robots extraterrestres a passearem por aí em forma de carros desportivos - tudo rapidamente se torna em algo que podia estar a acontecer já ali ao fim da rua. Somos levados a acreditar que aquilo é verdade e gostamos.
Tenho lido divertido às palavras dos nossos críticos, que atacam o filme dizendo que o realizador deu demasiada importância aos efeitos especiais, esquecendo-se de tudo o resto. Ridículo. É claro que este é um filme de efeitos especiais, como podia não ser? Mas dizer que é só um filme de efeitos especiais é o mesmo que dizer que E.T. é só um filme sobre um extraterrestre, ou que Scarface é só um filme de violência. É fácil perceber que nenhum crítico da nossa praça nunca diria coisas boas de um filme de Michael Bay. E é fácil perceber que se este filme fosse assinado por Steven Spielberg, as críticas seriam bem diferentes.
Vão ver, garanto-vos que no fim - gostem mais ou gostem menos - saiem da sala de barriguinha cheia e com vontade de ter um robot com três andares de altura e com mais toneladas que um elefante africano a passear-se pelo vosso quintal. Se for Autobot, claro, porque se for Decepticon...