I HEAR DEAD PEOPLE...
É um clássico instantâneo dos filmes de culto, série B que tanta falta fazem ao cinema de terror à boa moda da saudosa Twilight Zone. "Pontypool" é já um dos filmes do ano deste blog, obra representativa de um estilo também ele saudoso e que também tanta falta faz, por exemplo, ao Fantasporto. O segundo must see da semana, depois de "Monsters".
O spoiler alert impede-me de descrever com detalhe sobre o que trata "Pontypool", pelo que adiantarei somente alguns pormenores que considero indespensáveis. Começando desde logo pelo grande trunfo de um filme em que tudo se ouve e quase nada se vê. Fechados num pequeno estúdio de uma rádio local, três indivíduos assistem, incrédulos e confusos, a um acontecimento de proporções e consequências absolutamente aterradoras, relatando, na medida do que lhes é possível, o que vai acontecendo lá fora.
É pouco? É, eu sei. Mas acreditem, se vos estragasse a surpresa, a vossa vontade seria a de me matar à dentada - e bem a propósito, diga-se. "Pontypool" é um dos melhores filmes de terror que vi nos últimos anos, obra pequena, de baixo orçamento, realizada por um canadiano, Bruce McDonald, habituado a séries de televisão. Um filme com um elenco de secundários, liderado por um Stephen McHattie sempre excelente mas que assina aqui a sua melhor interpretação de sempre.
O filme perde algum do ritmo inicial? Perde, sim senhor. Tem alguns deslizes no argumento? Tem, com certeza. O final é precipitado? Talvez, um bocadinho. Mas esses são sintomas da série B do antigamente, e que sabem a refresco, especialmente se tivermos em conta o cinema estafado e parco em ideias que se vai vendo por aí. Não o percam por nada deste mundo, até porque não vão ver, nem nos cinemas, nem nos videoclubes.
Para além disso, "Pontypool" tem verdadeiras pérolas de diálogo, dois primeiros minutos verdadeiramente de cortar a respiração, e que nos agarram de imediato à cadeira, e mexe, remexe e redesenha um género - que não vou revelar - que foi moda durante dois anos e que já começava a dar sinais de se tornar num morto-vivo...
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