PÔRRA LÁ PARA O CARAÇAS!
Por razões que nem me atrevo aqui a divulgar, acabo de ver o primeiro episódio da nova novela da SIC, "Que Perfeito Coração". E ainda bem que o fiz, nada me dá mais gozo do que ter razões para destilar todo o meu veneno.
E vamos a isso.
Primeira observação, fácil, aliás: a SIC percebeu que era melhor começar a fazer novelas com o nome de músicas portuguesas que andam na moda. Neste caso, a horrível versão da música de Amália Rodrigues da responsabilidade de uns indivíduos de que me recuso a mencionar o nome.
Depois, é mais uma novela, com os actores de sempre, em ritmo sonolento de cruzeiro só alternado pelo pior over-acting possível. Mal realizada, mal filmada, mera colecção de clichés gastos, ridículos e que nunca, mas nunca, foram uma boa ideia.
Para além disso, esta novela tem talvez o pior argumento de sempre da história da televisão portuguesa. E literalmente despejado desde logo no primeiro episódio. Portanto, temos uma revolta popular nas ruas de Lisboa, dois jovens que aí se conhecem e imediatamente se apaixonam, que se afastam porque o rapazito tem de ir para Berna em Erasmus, situação que na novela não dura mais do que dois minutos, já que a moça rapidamente vai ao seu encontro, fazem sexo louco que resulta na também instantânea gravidez da desraçada, regressam a Portugal, o rapaz vai ter com uma velha amiga e descobre que ela é vítima de agressões e assédio sexual por parte do dono do banco onde está empregada, acto contínuo decide tirar satisfações com o biltre e ameaçá-lo de pancada ou algo assim, regressa a casa para se pôr bonitinho e ir jantar a casa da moça onde conhece o futuro sogro que só por acaso é o dono do banco que acabou de ameaçar (pausa)
Ora, obviamente nem um nem outro têm intenção de contar à pobre ignorante o que se passou e na primeira oportunidade que têm sem ela por perto decidem insultar-se do piorio, sendo que o rapaz mantém a postura de tipo idóneo, correcto e mesmo boa pessoa, coisa que acaba por não funcionar em seu proveito, já que o velho abutre tem língua afiada e humilha o puto ao ponto de ele se retirar do palacete sem sequer esperar pela moça que entretanto tinha ido pôr perfume sabe-se lá onde (nova pausa para tomar um café)
A moça, confusa pela ausência do moço telefona-lhe em busca de explicações mas o rapazito fica sem bateria no telemóvel e ele não tem outra solução se não voltar ao covil do velho merdoso e entrar pela janela no quarto da prenha e esclarecer a situação, momento em que o pai dela entra pela porta dentro, zanga-se muito - embora não pareça - e empurra o pobretanas para fora de casa, para o meio da intempérie que se faz sentir na noite escura, atitude fortemente repudiada pela filha que, ao tentar ir atrás do pai do filho que ainda nem sequer é mais do que um pó, cria um novo conflito com o seu velho pai que faz a clássica ameaça "se saires excusas de voltar aqui" e à qual ela não liga patavina (pausa para efeito dramático)
O moço entretanto meteu o pneu da carrinha que o seu humilde pai havia emprestado num buraco, e tem de voltar para casa debaixo de um dos maiores dilúvios de que há registos, mas em passo dramaticamente lento, que isto de pensar na vida e em acontecimentos recentes atrasa o passo a qualquer um, e ainda bem, porque é assim que a moça o encontra (pausa porque já não faz sentido escrever tudo seguido)
A moça chama o moço, ela sai do seu carro, ele atravessa a rua e apanha com um carro no lombo que é um mimo. A seguir temos os dois deitados no chão, ele desmaiado e ela aos gritos, mas em posição de quem acabou de fazer sexo quente e louco. O rapaz vai direitinho para o hospital e o que se segue a seguir é digno de uma novela no Burkina Faso. Portanto, os pais do rapaz são classe baixa com dificuldades extra promovidas pelo pai, esbanjador profissional, e estão prestes a perder o seu negócio e a casa para o banco... cujo presidente é o velho gavião, pai da moça. É a oportunidade perfeita de afastar o moço extropiado da sua filhinha querida. E como? Simples. No momento em que o rapaz foi expulso de casa, o senhor presidente do banco telefonou a um investigador pedindo (isso mesmo) que procurasse saber tudo, mas mesmo tudo, acerca do jovenzito. Horas depois, e apenas com o nome próprio do atropelado, já o ditador bancário sabe tudo acerca dele e da sua família. Usando essa preciosa e bem guardada informação, propõe aos agastados pais um negócio do arco da velha e que vou tentar explicar. Subornado pelo mesmo velhaco, o cirurgião de serviço comunica aos pais do infeliz e à moça que o puto não se safou na operação e quinou. Drama drama drama e então, do nada, o negócio mefistofélico. Cheio de guito e de contactos privilegiados - e com um bom telefone por satélite, obviamente - o bancário oferece-se a pagar um coração novo, made in USA, que será a salvação do sinistrado. Ah, pois, não disse... O rapaz afinal está vivo, mas se eles concordarem em não dizer nada a ninguém, ele permanece «morto», especialmente para a filhota.
E pronto. É assim que se conseguem audiências. No entanto, passar por esta provação serviu-me para esclarecer uma coisa: a moça, a mesma que fez de Amália no filme "Amália", e que se chama Sandra Barata Belo, é mesmo muito má actriz. É esforçada, mas é fraquinha, muito fraquinha.
E vamos a isso.
Primeira observação, fácil, aliás: a SIC percebeu que era melhor começar a fazer novelas com o nome de músicas portuguesas que andam na moda. Neste caso, a horrível versão da música de Amália Rodrigues da responsabilidade de uns indivíduos de que me recuso a mencionar o nome.
Depois, é mais uma novela, com os actores de sempre, em ritmo sonolento de cruzeiro só alternado pelo pior over-acting possível. Mal realizada, mal filmada, mera colecção de clichés gastos, ridículos e que nunca, mas nunca, foram uma boa ideia.
Para além disso, esta novela tem talvez o pior argumento de sempre da história da televisão portuguesa. E literalmente despejado desde logo no primeiro episódio. Portanto, temos uma revolta popular nas ruas de Lisboa, dois jovens que aí se conhecem e imediatamente se apaixonam, que se afastam porque o rapazito tem de ir para Berna em Erasmus, situação que na novela não dura mais do que dois minutos, já que a moça rapidamente vai ao seu encontro, fazem sexo louco que resulta na também instantânea gravidez da desraçada, regressam a Portugal, o rapaz vai ter com uma velha amiga e descobre que ela é vítima de agressões e assédio sexual por parte do dono do banco onde está empregada, acto contínuo decide tirar satisfações com o biltre e ameaçá-lo de pancada ou algo assim, regressa a casa para se pôr bonitinho e ir jantar a casa da moça onde conhece o futuro sogro que só por acaso é o dono do banco que acabou de ameaçar (pausa)
Ora, obviamente nem um nem outro têm intenção de contar à pobre ignorante o que se passou e na primeira oportunidade que têm sem ela por perto decidem insultar-se do piorio, sendo que o rapaz mantém a postura de tipo idóneo, correcto e mesmo boa pessoa, coisa que acaba por não funcionar em seu proveito, já que o velho abutre tem língua afiada e humilha o puto ao ponto de ele se retirar do palacete sem sequer esperar pela moça que entretanto tinha ido pôr perfume sabe-se lá onde (nova pausa para tomar um café)
A moça, confusa pela ausência do moço telefona-lhe em busca de explicações mas o rapazito fica sem bateria no telemóvel e ele não tem outra solução se não voltar ao covil do velho merdoso e entrar pela janela no quarto da prenha e esclarecer a situação, momento em que o pai dela entra pela porta dentro, zanga-se muito - embora não pareça - e empurra o pobretanas para fora de casa, para o meio da intempérie que se faz sentir na noite escura, atitude fortemente repudiada pela filha que, ao tentar ir atrás do pai do filho que ainda nem sequer é mais do que um pó, cria um novo conflito com o seu velho pai que faz a clássica ameaça "se saires excusas de voltar aqui" e à qual ela não liga patavina (pausa para efeito dramático)
O moço entretanto meteu o pneu da carrinha que o seu humilde pai havia emprestado num buraco, e tem de voltar para casa debaixo de um dos maiores dilúvios de que há registos, mas em passo dramaticamente lento, que isto de pensar na vida e em acontecimentos recentes atrasa o passo a qualquer um, e ainda bem, porque é assim que a moça o encontra (pausa porque já não faz sentido escrever tudo seguido)
A moça chama o moço, ela sai do seu carro, ele atravessa a rua e apanha com um carro no lombo que é um mimo. A seguir temos os dois deitados no chão, ele desmaiado e ela aos gritos, mas em posição de quem acabou de fazer sexo quente e louco. O rapaz vai direitinho para o hospital e o que se segue a seguir é digno de uma novela no Burkina Faso. Portanto, os pais do rapaz são classe baixa com dificuldades extra promovidas pelo pai, esbanjador profissional, e estão prestes a perder o seu negócio e a casa para o banco... cujo presidente é o velho gavião, pai da moça. É a oportunidade perfeita de afastar o moço extropiado da sua filhinha querida. E como? Simples. No momento em que o rapaz foi expulso de casa, o senhor presidente do banco telefonou a um investigador pedindo (isso mesmo) que procurasse saber tudo, mas mesmo tudo, acerca do jovenzito. Horas depois, e apenas com o nome próprio do atropelado, já o ditador bancário sabe tudo acerca dele e da sua família. Usando essa preciosa e bem guardada informação, propõe aos agastados pais um negócio do arco da velha e que vou tentar explicar. Subornado pelo mesmo velhaco, o cirurgião de serviço comunica aos pais do infeliz e à moça que o puto não se safou na operação e quinou. Drama drama drama e então, do nada, o negócio mefistofélico. Cheio de guito e de contactos privilegiados - e com um bom telefone por satélite, obviamente - o bancário oferece-se a pagar um coração novo, made in USA, que será a salvação do sinistrado. Ah, pois, não disse... O rapaz afinal está vivo, mas se eles concordarem em não dizer nada a ninguém, ele permanece «morto», especialmente para a filhota.
E pronto. É assim que se conseguem audiências. No entanto, passar por esta provação serviu-me para esclarecer uma coisa: a moça, a mesma que fez de Amália no filme "Amália", e que se chama Sandra Barata Belo, é mesmo muito má actriz. É esforçada, mas é fraquinha, muito fraquinha.
1 Comments:
At 13:39, Lenitah said…
Eu não sei de nada, não vi nada... e apesar desse veneno todo dei umas belas gargalhadas que desconcertaram o ambiente silencioso da biblioteca :P
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