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Bom Karma... ou não!

sexta-feira, novembro 02, 2007

WRISTCUTTERS: A LOVE STORY



Dito e feito, fui ontem ver a exibição, no Festival de Cinema Jovem de Santa Maria da Feira, do filme a que tinha dado aqui destaque na semana passada.
E não me enganei uma grama acerca dele. Sem ser uma obra prima, ou um daqueles filmes que ficam para a história do cinema, "Wristcutters..." delicia o espectador, muito por culpa do tom ingénuo com que foi realizado, e pela imediata empatia criada pelas personagens. O ambiente surreal do filme bebe muito da influência de Emir Kusturica, e o realizador, Goran Dukic -que julgo ser seu compatriota -, utiliza o mesmo tipo de humor visto em obras como "Underground" ou "Gato Preto, Gato Branco".

"Wristcutters..." acaba, por isso mesmo, por ser uma obra composta por pequenos e saborosos pormenores. Pormenores como o buraco negro existente debaixo do assento do carro de Eugene - uma personagem baseada directamente no vocalista dos Gogol Bordelo, que emprestam as suas músicas à banda sonora do filme -, a obsessão de Mikal (Shannyn Sossamon) em vandalizar - ou completar, se preferirem - todo o tipo de sinais ou cartazes com informações (in)úteis, ou mesmo a teoria que defende que sempre que uma mulher se afasta de nós dizendo "volto daqui a cinco minutos", isso significa obrigatoriamente que tão cedo não lhe vamos pôr a vista em cima. Tudo isto, numa espécie de limbo reservado a todos os que cometem suicídio, e onde cresce, à margem de tudo o que é a aparente normalidade, uma espécie de seita que defende que, mesmo naquele lugar, é possivel separar a alma do corpo. Confuso? Sim, mas divertidíssimo.

Repito, não é um filme brilhante, mas merece ser visto porque é um daqueles raros objectos que ainda consegue conquistar o público à custa de ternura e ingenuidade.



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