O MUNDO ÁRABE
A recente movimentação popular nos países árabes parece estar a passar pelo opinião pública sem fazer grande mossa. E no entanto, as revoltas que têm acontecido, em
especial nos países do norte de África, são acontecimentos dos que ficam na história da humanidade. Por serem inesperados mas também porque vão mudar, inevitavelmente, a face da sociedade árabe. Como já aqui escrevi, a hipótese destas revoluções abrirem portas a um movimento político mais próximo do fundamentalismo muçulmano, é mais do que uma mera possibilidade.
Em Marrocos, tive a sorte de conversar com um estudante do Corão, um muçulmano com uma vida religiosa activa, ajudante de um Imã, e que resumiu o extremismo na sua religião a uma mera, mas não menos importante, questão política. E é precisamente isso que está a mudar no mundo árabe, a política. Ver o povo líbio nas ruas, desafiando um dos mais duros ditadores de que há memória, é algo que nunca imaginaria. Como ainda não consigo imaginar as respectivas consequências.
Impressionante é a força que uma só revolução pode ter numa população - porque os árabes são, de facto, uma população só. A reacção em cadeia despoletada pela Tunísia parece não ter um fim à vista. E se já chegou à blindada Líbia, é impossível prever o verdadeiro alcance desta onda revolucionária.
Uma coisa foi evidente, nesta viagem a Marrocos: a desigualdade social, que tem como base uma hierarquia social totalmente distorcida, é uma bomba-relógio. E essa tem sido a principal força motriz desta reacção popular.
1 Comments:
At 10:32, elena sines said…
Desigualdade social. Então mas aqui também não há disso?Só que aqui não somos árabes e ficamos sentadinhos à espera de mais cortes e cortes e cortes!
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