OS FERRARI TAMBÉM AVARIAM
A surpresa até nem foi assim tão, grande sejamos sinceros. A hipótese de Portugal jogar bem, cativar a audiência e ainda ganhar o jogo a uma equipa como a Costa do Marfim não era lá muito evidente. Ainda assim, estava à espera de mais qualquer coisinha. Sei lá, uma alegria qualquer nos pés dos moços dentro do campo, que se reflectisse na malta que assistia impaciente.
A selecção portuguesa joga à imagem do seu treinador, Carlos Queirós: conservadora, morna, mansinha, sem vontade de arriscar, polite. À selecção, falta-lhe o bigode tuga, sinónimo do raça-caralho, que corre atrás da bola como se esta escondesse o segredo da fortuna, saúde e sexo diário para toda a vida. Falta-lhe vontade, alegria, confiança; falta-lhe atirar tudo para o alto e tentar, tentar, tentar. Falta-lhe ser emigrante desgraçadinho em França, parentes à espera em baba e ranho na pequena aldeia que o viu nascer.
À selecção, ontem, faltou a coragem e determinação necessárias para quebrar a barreira de barro construída pelos marfinenses. Sólida, resistente, mas de barro, como a mesquita Djingareyber, construída na cidade de Timbuktu em 1325. Só lá está ainda, porque nunca ninguém se atreveu a lançar-lhe um Cristiano Ronaldo a 320km/h com uma bola de futebol nos pés. À selecção ontem foi estendido o convite "joguem no erro, se fazem favor", ao qual os jogadores lusos amavelmente responderam "não obrigado, já estamos stisfeitos".
embevecidamente apaixonados pelo Voltamos à conversinha dos brandos costumes: somos demasiado acomodados e comodistas;jogar seguro, cometemos a invulgar proeza de jogar em ataque continuado sem, porém, atacar verdadeiramente. Dois remates é pouco até para uma selecção como a da Guiana Francesa. Tantos passes perdidos é demasiado até para equipas amadoras da Costa do Marfim.
Deco é um maestro sim, mas um maestro de banda filarmónica de parvónia, gordo, anafado e que não vê a hora do intervalo para poder ir beber uma cervejinha à sombra da árvore mais próxima. liedson é indiscutivelmente o nosso melhor ponta-de-lança, mas o homem precisa de alguém que lhe passe uma coisa sem a qual ele não consegue fazer o seu trabalho e que se chama bola. A equipa de Portugal é descaracterizada, joga sem alma e sem entendimento e é - ou foi - uma grande, pesada e interminável seca. Chiça!
A culpa disto tudo é da selecção portuguesa, que nos habituou mal. Muito mal, até. Desde aquele fantástico e quase irreal Inglaterra-Portugal, em que depois de estarmos a perder 2-0, dobrámos os brits e provámos-lhes que it ain't over 'till it's over baby yeah. Estamos mal habituados desde que, após a primeira derrota com a Grécia no Euro 2004, fizemos jogos fenomenais, com golos fenomenais, nascidos de jogadas fenomenais. Sem este Ronaldo, diga-se. Mas com alegria, querer, coragem. Com aquela consciência não tão comum que nos leva a acreditar que seja o que for, contra quem for, é para ganhar. Fenomenal.
Obviamente também tenho a minha costela de treinador de bancada. Mas guardo-a para mim, que é demasiado ridículo ver os doutos do futebol a cuspir patacoadas em todos os orgãos de comunicação. Não os respeito, nenhum tem bigode tuga. Contudo, há uma coisa demasiado importante para que fique por dizer e que nenhum destes doutores da bola referiram nas suas iluminadas intervenções: ontem Portugal foi terrivelmente coerente. Jogou o primeiro jogo do Mundial 2010 como o fez sempre durante toda a fase de apuramento. Sem cor, sem alegria, sem vontade e sem entusiasmar absolutamente ninguém a não ser os rivais directos.
A partir de ontem, o que era definido à partida como uma vantagem - jogar com o Brasil no fim desta primeira fase, quando tudo estivesse já definido - passou a ser um pesadelo. Um pesadelo que já vivemos no Mundial em 2002, quando perdemos com os EUA, vencemos a Polónia e, quando tudo era já favas com chouriço, fizemos uma das piores figuras da história dos mundiais e fomos humilhados pela Coréia do Sul, ficando de fora do grupo de equipas apuradas para os oitavos de final.
Ontem houve uma coisa bonita de ver, no entanto. O melhor quase-golo deste mundial, obra desse super-desportivo chamado Cristiano Ronaldo. O homem explodiu, como havia prometido, disso não haja dúvida. O problema é este: uma explosão acontece num momento que pode ser mais ou menos súbito, mas que será sempre um momento. O que fica depois da explosão é um incêndio, ou destroços ou caos e confusão. Seja o que for, não é lá grande coisa. Ontem Ronaldo explodiu ao minuto 11' e dessa explosão não ficou mais nada. Resta saber se vai haver outra explosão no próximo jogo, ou se Ronaldo, claramente mau aluno a física, já se arrependeu da promessa que fez.
Quanto ao resto dos jogos, fico à espera que me deixem ficar mal e me façam escrever coisas mais positivas, entusiasmadas e cheias de vida. E por favor, façam o que fizerem, não expludam. Deixem sair essa energia inflamável aos pouquinhos, e bem direccionada, sim?
A selecção portuguesa joga à imagem do seu treinador, Carlos Queirós: conservadora, morna, mansinha, sem vontade de arriscar, polite. À selecção, falta-lhe o bigode tuga, sinónimo do raça-caralho, que corre atrás da bola como se esta escondesse o segredo da fortuna, saúde e sexo diário para toda a vida. Falta-lhe vontade, alegria, confiança; falta-lhe atirar tudo para o alto e tentar, tentar, tentar. Falta-lhe ser emigrante desgraçadinho em França, parentes à espera em baba e ranho na pequena aldeia que o viu nascer.
À selecção, ontem, faltou a coragem e determinação necessárias para quebrar a barreira de barro construída pelos marfinenses. Sólida, resistente, mas de barro, como a mesquita Djingareyber, construída na cidade de Timbuktu em 1325. Só lá está ainda, porque nunca ninguém se atreveu a lançar-lhe um Cristiano Ronaldo a 320km/h com uma bola de futebol nos pés. À selecção ontem foi estendido o convite "joguem no erro, se fazem favor", ao qual os jogadores lusos amavelmente responderam "não obrigado, já estamos stisfeitos".
embevecidamente apaixonados pelo Voltamos à conversinha dos brandos costumes: somos demasiado acomodados e comodistas;jogar seguro, cometemos a invulgar proeza de jogar em ataque continuado sem, porém, atacar verdadeiramente. Dois remates é pouco até para uma selecção como a da Guiana Francesa. Tantos passes perdidos é demasiado até para equipas amadoras da Costa do Marfim.
Deco é um maestro sim, mas um maestro de banda filarmónica de parvónia, gordo, anafado e que não vê a hora do intervalo para poder ir beber uma cervejinha à sombra da árvore mais próxima. liedson é indiscutivelmente o nosso melhor ponta-de-lança, mas o homem precisa de alguém que lhe passe uma coisa sem a qual ele não consegue fazer o seu trabalho e que se chama bola. A equipa de Portugal é descaracterizada, joga sem alma e sem entendimento e é - ou foi - uma grande, pesada e interminável seca. Chiça!
A culpa disto tudo é da selecção portuguesa, que nos habituou mal. Muito mal, até. Desde aquele fantástico e quase irreal Inglaterra-Portugal, em que depois de estarmos a perder 2-0, dobrámos os brits e provámos-lhes que it ain't over 'till it's over baby yeah. Estamos mal habituados desde que, após a primeira derrota com a Grécia no Euro 2004, fizemos jogos fenomenais, com golos fenomenais, nascidos de jogadas fenomenais. Sem este Ronaldo, diga-se. Mas com alegria, querer, coragem. Com aquela consciência não tão comum que nos leva a acreditar que seja o que for, contra quem for, é para ganhar. Fenomenal.
Obviamente também tenho a minha costela de treinador de bancada. Mas guardo-a para mim, que é demasiado ridículo ver os doutos do futebol a cuspir patacoadas em todos os orgãos de comunicação. Não os respeito, nenhum tem bigode tuga. Contudo, há uma coisa demasiado importante para que fique por dizer e que nenhum destes doutores da bola referiram nas suas iluminadas intervenções: ontem Portugal foi terrivelmente coerente. Jogou o primeiro jogo do Mundial 2010 como o fez sempre durante toda a fase de apuramento. Sem cor, sem alegria, sem vontade e sem entusiasmar absolutamente ninguém a não ser os rivais directos.
A partir de ontem, o que era definido à partida como uma vantagem - jogar com o Brasil no fim desta primeira fase, quando tudo estivesse já definido - passou a ser um pesadelo. Um pesadelo que já vivemos no Mundial em 2002, quando perdemos com os EUA, vencemos a Polónia e, quando tudo era já favas com chouriço, fizemos uma das piores figuras da história dos mundiais e fomos humilhados pela Coréia do Sul, ficando de fora do grupo de equipas apuradas para os oitavos de final.
Ontem houve uma coisa bonita de ver, no entanto. O melhor quase-golo deste mundial, obra desse super-desportivo chamado Cristiano Ronaldo. O homem explodiu, como havia prometido, disso não haja dúvida. O problema é este: uma explosão acontece num momento que pode ser mais ou menos súbito, mas que será sempre um momento. O que fica depois da explosão é um incêndio, ou destroços ou caos e confusão. Seja o que for, não é lá grande coisa. Ontem Ronaldo explodiu ao minuto 11' e dessa explosão não ficou mais nada. Resta saber se vai haver outra explosão no próximo jogo, ou se Ronaldo, claramente mau aluno a física, já se arrependeu da promessa que fez.
Quanto ao resto dos jogos, fico à espera que me deixem ficar mal e me façam escrever coisas mais positivas, entusiasmadas e cheias de vida. E por favor, façam o que fizerem, não expludam. Deixem sair essa energia inflamável aos pouquinhos, e bem direccionada, sim?
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