kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

domingo, junho 13, 2010

TÁ A DAR A BOLA!!!

Sou fã destas coisas dos mundiais e europeus de futebol, Jogos Olímpicos e mundiais de atletismo e o diabo a quatro. Sou fã e fico preocupado quando, perante a importância e dimensão de uma competição destas, o tema mais falado são as malditas vuvuzelas. E preocupado com razão, porque o maldito instrumento devia realmente ser proibido nos estádios. Chiça!

Entretanto, e porque já andam aos biqueiros à famigerada Jabulani, falemos do que interessa e que é o futebol - quem diria? E para esclarecer a minha opinião em relação a outro assunto que costuma ocupar grande parte do temo de antena dos meios de comunicação: Leonel Messi e Cristiano Ronaldo.

Messi é o melhor jogador do mundo e Ronaldo é o melhor jogador do mundo. Assim mesmo. As diferenças, essas, são grandes, sem dúvida, mas a verdade é que os dois são literalmente de outra galáxia. Uma galáxia de onde todos os outros estão demasiado longe.

Messi é um Rolls Royce, sossegado, de carácter reservado, pouco exuberante. Sempre o mesmo corte de cabelo de Frei Leonel, feio como não devia ser permitido, pequeno, atarracado, sem brilho extra, apenas o que produz quando toca na bola.

Ronaldo é um super-desportivo, espampanante, motor potente com milhares de cavalos, capaz de acelerar dos 0 aos 100 em 2 segundos. Cria moda (infelizmente), está na moda, é desejado, é um verdadeiro produto de marketing. Design quase perfeito.

Pessoalmente prefiro os super-desportivos aos clássicos, pese embora todo o respeito que lhes devoto. Prefiro porque me entusiasmam mais, e Ronaldo é um jogador que entusiasma. Messi surpreende e maravilha, mas Ronaldo faz isso tudo e com um ingrediente suplementar e que está na génese de toda a paixão por um qualquer desporto: a magia. Messi é demasiado low profile.

Como Michael Jordan ou Magic Johnson, no basquetebol; como Usain Bolt no atletismo; como Michael Phelps na natação e como tantos outros em tantos outros desportos. Como Maradona no futebol, e parem de comparar Dieguito com Messi, porque a coisa é incomparável, a sério. Ronaldo é muito mais Maradona que o anãozito argentino do Barcelona.

Nisto tudo, faz-me enorme confusão ver tantos portugueses a torcer pela queda do fenómeno Cristiano Ronaldo. Movidos, talvez, por uma inveja de todos os portugueses que conseguem vencer na vida, estes parasitas dos cafés, espectadores de balcão, fazem as piores figuras a torcer pela desgraça alheia de quem não a merece. Ronaldo e Mourinho, neste caso, partilham este desdém como partilham com inteira justiça o facto de serem os melhores do mundo.

Talvez por isso a resposta de Mourinho, na véspera da final da Liga dos Campeões, à pergunta do jornalista tuga (como não podia deixar de ser - foi tão rápida e acertiva. Perguntava o repórter "se conquistar a Liga dos Campeões, a vitória será de todos os portugueses?". "Não", disparou José. "Alguns portugueses torcem para que eu ganhe e outros torcem para que eu perca. Os que estão comigo, estão comigo; os que não estão... não estão". Melhor que um livre tomahawk do Ronaldo.

A verdade é esta: da mesma forma que adoramos a desgraça dos portugueses que dão nas vistas, estamos mortinhos à espera que a selecção falhe redondamente os objectivos. Se ganhar um jogo, estarão dezenas de mirones informativos à frente dos quiosques no dia seguinte. Se perder um jogo, serão ainda mais os interessados, espumando-se de contentamento, especados à frente das primeiras páginas de todos os diários nacionais. É isto, o ser-se português.