kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Aaaaai, mudam-se os tempos...

Ou, se preferirem, "Os pais e o futebol".
Quando eu era menino, lembro-me perfeitamente de ouvir os pais dos meus amigos vociferarem coisas como "ó rapaz, deixa lá a bola e anda mazé fazer os deveres de casa! Tens muito tempo para jogar futebol!!" Hoje em dia, nenhum pai ou mãe na posse de todas as suas capacidades mentais, teria a inconsciência de cometer uma atrocidade destas. E porquê? Porque devido aos ordenados pricipescos que se pagam aos jogadores da bola,os pais deste país mudaram completamente a sua estratégia para com o futuro dos filhos, e hoje em dia investem nesse mesmo futuro de uma forma totalmente diferente.
Actualmente, é comum ouvir os meus vizinhos berrarem com os filhos pérolas do género "ó João Cláudio deixa lá os deveres de casa e vai mazé jogar à bola com os teus amiguinhos, tens muito tempo para estudar!!!!", ou "ó Tânia Rita arruma-me esses livros antes que eu os esconda e vai jogar futebol com o teu pai para o parque da cidade!!", ao que responde a miúda "mas ó mãezinha, eu sou rapariga...". Posto isto, a mãe, já não muito calma atira "tão pequenina e já com preconceitos desses? Alguém tem que mudar a mentalidade deste país!"
E depois ainda se questionam acerca do estado do ensino em Portugal...
Eu, felizmente, nunca tive estes problemas, já que nunca tive nem dois pés esquerdos, nem dois pés direitos. Para falar a verdade, os meus dois pés não apontam para lado nenhum, só servem para andar bem calçados, com sapatilhas e sapatos de marca e de design futurista. O meu desporto sempre foi o basket... o que, durante toda a minha vida, só me trouxe amargos de boca, já que só em Portugal é que os jogadores deste desporto tão lindo e espectacular são comparados com homosexuais. E tudo devido ao gesto tão elegante e gracioso de lançar a bola - linda e laranja, quase como um rebuçado - e tentar metê-la no cesto, uma peça tão equilibrada no seu design e tão chique... pronto, realmente tenho de confessar que agora até a mim isto tudo me pareceu um tanto ao quanto... gayola!
Pronto, está decidido, quando tiver um puto - e não, não me refiro aos que se arranjam no Parque Eduardo VII - vou ensiná-lo a jogar futebol. E se ele sair ao paizinho e tiver dois «pés -centro», compro-lhe posters do Vitor Baía e mando-o sempre à baliza. Ora aí está um emprego que requer muita coragem e falta de amor-próprio...