kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

EM LIÉGE







terça-feira, fevereiro 24, 2009

TUP - LIÉGE - 2009


Afinal, tantas viagens de que me orgulho e de que me lembro sempre com prazer, e as melhores férias ainda estavam por vir. A ida a Liége, para lá da esmagadora reacção que obtivemos com o nosso trabalho, foi especial pelo convívio de um grupo e pela forma como ele se fez notar junto de todos os outros. Daí nasceram seis dias absolutamente irrepetíveis, em constante gargalhada, até os músculos da barriga se queixarem e isto sempre desde as primeiras horas da manhã - muitas das vezes já depois da uma da tarde.

Incrível, e tantas vezes comentado, como podem os elementos de um grupo tão diferentes entre si demonstrar uma ligação tão forte. A natureza do trabalho associada à própria natureza das pessoas conseguem, sem esforço, eliminar as diferenças da idade.

Por outro lado, foi uma sorte encontrar grupos de outros países igualmente generosos e vibrantes, com vontade de nos conhecer,
de saber como somos, como funcionamos, o que temos para dizer. Pessoas, da Inglaterra, da Croácia e do Quebéc, desejosas de partilhar todo o tipo de informação e sempre prontas para gagalharem connosco.

As melhores férias de sempre. Não com certeza por causa da Bélgica. Como já disse o país é realmente
muito feio e desinteressante - embora duas meninas do nosso grupo tenham viajado até Bruges e ficado impressionadas com a beleza da cidade. Os belgas são feios, deprimidos, vestem-se sempre de preto ou cinza escuro, são moles, desinteressados, fumam demasiado, bebem demasiado, comem mal, têm péssimo café e as cidades, ao contrário do que eu estava convencido, são sujas e muito degradadas. O que fez com que estas férias fossem as melhores de sempre foi única e simplesmente a companhia. Já me tinha esquecido de que isso era possível.

O regresso, no Domingo, foi extremamente difícil, quase doloroso. Sozinho, por questões relacionadas com os
vôos serem diferentes, passeri quase um dia inteiro sem ouvir a minha própria voz. Depois de uma semana em festa com uma família tão especial, o sentimento de solidão e a saudade foram ainda maiores. Incrível, não é? Nem me lembrei dos momentos que passámos juntos. O que custou foi mesmo estar sem vocês.

Agora existem as hipóteses de irmos à Croácia e/ou a Casablanca. Os convites foram feitos, existe obviamente a vontade e pela parte que me toca vou tentar reunir as condições necessárias para o fazermos. Vocês deram-me todas estas experiências e estas opotunidades. Obrigado. Já sinto a vossa falta.






sexta-feira, fevereiro 20, 2009

DESDE LIÉGE, AINDA

A ressaca do nosso espectáculo ainda está a ser algo de extraordinário. Depois de tantos problemas técnicos criados pela falta de experiência da organização com trabalhos tão exigentes - à mistura com alguma evidente falta de vontade - o resultado acabou por ser esmagador. As reacções dos colegas participantes foram e continuam a ser absolutamente inacreditáveis, ao ponto de nos terem perguntado se seríamos profissionais.



Ao fim de dez minutos de espectáculo arrancámos as primeiras (inesperadas) palmas. A coisa estava ganha. Ao longo do pouco mais de uma hora recebemos o mais variado tipo de entusiasmadas reacções, palmas, gargalhadas, gritos. No final, nos agradecimentos, um súbito blackout e a sensação de que era uma brincadeira do Alain Chevaliér, director do festival, que habitualmente presenteia os grupos com um símbolo da cidade e com uma provocação retirada de cada uma das peças. Não foi. A coisa deu mesmo o berro mas foi o melhor que podia ter acontecido. De repente toda a gente - nós e o público - estava em absoluto delírio; novamente palmas, gritos e as palavras eles acreditam que nós somos os outros por cima de tudo.



À chegada à pousada, e perante as reacções completamente eufóricas do pessoal dos Camarões, Marrocos, Rússia, Inglaterra, Croácia e de toda a organização, sentíamo-nos estrelas de cinema. Especialmente por nos apercebermos de que o nosso trabalho, mesmo numa língua totalmente incompreensivel, foi perfeitamente transparente e ultrapassou essa barreira tantas vezes intransponivel. É universal e disse muito mais a estrangeiros do que a muitos portugueses que nos viram em Portugal.

(A eventual falta de alguns acentos resulta deste teclado marado)

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

DESDE LIÉGE

Apesar de todo o ambiente de festa permanente; a mùsica que mais me tem feito companhia e que tem feito todo o sentido, é esta. E nunca pensei que poderia ser tão difícil escrever este pequenino post num teclado AZERT...

Liége é tudo o que sempre pensei da Bélgica: demasiado organizada, bonita mas sem grande tempero e acima de tudo cinzenta. Tudo de bom está mesmo aqui ao lado, no albergue onde se encontram os grupos participantes no festival e especialmente no nosso bando que já é conhecido por toda a gente e que já conquistou o prémio do mais ruidoso. O que é bom, dizem eles. Ah, les portugais...

Aumentaram-nos a responsabilidade. Temos mesmo de ser os melhores e pelo que já por aqui se viu, só depende mesmo de nós. O grupo do Quebéc cancelou a viagem a Bruges para nos ver e toda a organização está literalmente à espera de ver o que vem por aí.

Aprendi com alguém que o que se passa em S. Martinho fica em S. Martinho. Pois bem, o que se passa em Liége irá connosco para todo o lado.





Mixtape from http://favtape.com/search/there

sábado, fevereiro 14, 2009

KARMABOX WITH A VIEW - DAVID BOWIE - "QUEEN BITCH"

Para celebrar a ida para Liége...
Lá seremos todos Queen Bitches!


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quarta-feira, fevereiro 11, 2009

ANDY MCKEE




Sempre atento, o senhor da Campaínha fez-me conhecer este moço guitarrista que vai estar, nem mais nem menos, no Auditório de Espinho no dia 8 de Abril. A primeira reacção que tive ao ver este vídeo foi "mas este gajo não sabe tocar guitarra normalmente?"...

Carlos Moura se andas por aqui espreita o vídeo, fazes favor.




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terça-feira, fevereiro 10, 2009

DISCURSO (NADA) ELEITORAL

Por falar em Liége...

A meros dois meses de completar um ano na direcção do Teatro Universitário do Porto, apetece-me falar da experiência. Positiva, diga-se.

Em dez meses conseguimos muita coisa importante para o grupo. Uma ida ao FATAL, um espectáculo que se tornou num enorme sucesso de público e que vai agora a Liége - algo que o TUP não fazia há demasiado tempo, viajar - e mais tarde, lá para Abril, a Orense. Pelo meio, o 60º aniversário e publicidade como eu nunca tinha visto. O TUP voltou a ser falado na cidade e nos orgãos de comunicação, e isso é talvez a nossa maior conquista.

Não foi fácil e deu mesmo muito trabalho, e o sacrifício, pelo menos pela minha parte, foi um bocadinho pesado. Fazer parte de um elenco, tratar de alguns assuntos da produção de um espectáculo e isto tudo mesmo no meio da época de exames não foi nada agradável nem produtivo. Um erro que não volta a acontecer, garantidamente.

Seja como for, 2009 está aí e o objectivo agora é, acima de tudo, encontrar uma casa nova, que a actual está literalmente em ruínas e a cair aos bocados. Para além disso, dois projectos já em vista - mas não confirmados - uma reposição do RECUPERADOS e um novo espectáculo lá mais para o fim do ano. Em 2010 outro curso e consecutivamente novos elementos e, quem sabe, a concretização de um sonho que envolve o assassinato de um panda...
Logo se vê.

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EU AVISEI...

É sempre assim: primeiro conheço e depois não descanso enquanto não exploro tudo o que há.
Vai ser a banda sonora (uma das...) da viagem a Liége. Certinho.


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MARY AND MAX


É outra coisa que obviamente não vai estrear por cá mas que parece merecer toda a atenção. Realizado por Adam Elliot - vencedor de um Oscar para a melhor curta de animação em 2004 com "Harvey Krumpet" - "Mary and Max" é um filme de animação como já não se fazem filmes de animação, e que conta com as vozes de Phillip Seymour Hoffman - que hoje teve particular destaque neste blog - Toni Collette e Eric Bana, entre outros.
Estejam atentos, piratas cibernéticos, coisas destas começam cada vez mais a ficar afastadas das salas cá da terrinha.

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DOUBT

Há filmes que não sendo uma obra-prima, acabam por nos satisfazer totalmente. "Doubt" é um desses filmes. Não tem um argumento vertiginosamente genial, não é original na forma ou na técnica e não nos surpreende de modo algum. É um filme rígido - o que vai bem com o tema e com o cenário da história - aritmético, desenhado a régua e esquadro, rigorosamente disciplinado. É um filme frio, gélido, e que tem nos desempenhos dos actores principais a chama que lhe dá o equilibrio necessário. Impressionante o trabalho dos quatro actores em torno dos quais a história se desenrola. Meryl Streep - cada vez mais a melhor actriz de todos os tempos - Phillip Seymour Hoffman, Amy Adams - quem diria - e Viola Davis. Streep e Hoffman fazem aquilo que esperamos sempre deles, e se não tivessem tão bons companheiros de cena, facilmente transportariam o filme às suas costas, e a coisa resumir-se-ia a um constante duelo de gigantes. Streep merece o Oscar, mas também a verdade é que parece merecê-lo em cada filme que faz. A irmã Aloysius que desempenha é verdadeiramente assustadora, e uma das melhores personagens inventadas por Streep. Hoffman foi injustamente nomeado para o Oscar de actor secundário, o que não faz qualquer sentido. Assim sendo tem a vida dificultada pelo desempenho de Heath Ledger. Ainda assim, a sequência do confronto entre ele e Streep no escritório da madre superiora é antológica e vital no cetro da história. Amy Adams, que até aqui não tinha feito outra coisa que não fosse papel de tontinha, surpreende completamente com uma freira constantemente à beira do abismo, sempre num estado emocional prestes a explodir. É impressionante, o seu desempenho, e partia desde já como favorita à estatueta de actriz secundária, não fosse a concorrência absolutamente desleal da sua colega de filme, Viola Davis. O trabalho da quase desconhecida Davis podia ser resumido pelo facto de estar nomeada por apenas oito minutos de filme. Uma única sequência, mas que me impressionou como já há muito não acontecia e que deixou metade dos EUA em polvorosa -a própria Merryl Streep, numa qualquer entrega de prémios, gritou ao microfone the giganticly gifted Viola Davis. My god somebody give her a movie! Viola Davis merece sem hipótese de concorrência o Oscar. O Oscar e todos os prémios que conseguir. Como se imita um olhar? Como se consegue transmitir tanta dor e a certeza de que a vida que se tem é um pesadelo insuportável ainda antes de se ter proferido uma palavra sequer? É isso e muito mais que Viola faz numa das cenas mais terrivelmente pesadas e sufocantes dos últimos anos. Um diálogo em que a personagem não diz tudo o que queríamos ouvir, mas mostra-nos o que não gostamos nunca de ver. Uma daquelas situações em que não sabemos bem o que dizer, o que fazer, e que nos esmaga por completo. Viola Davis atropela o espectador de uma forma implacável, e assina uma das melhores interpretações de que tenho memória. Sem exageros. Sem histerias. Completamente low profile mas um poderoso soco na cara (ver a sequência mais abaixo, obrigatoriamente).
De resto o filme é tudo o que já disse e mais uma coisa; uma maldade do realizador - dramaturgo e encenador da peça que originou o filme, e com a qual venceu o Pulitzer - que se dá ao luxo de nos deixar na mais completa dúvida em relação ao que se terá realmente passado com o padre Flynn (Hoffman). O desconforto à saída da sala sente-se entre todos os espectadores, mas a opção é inteligente. Fazer um juízo de valor acerca de qualquer uma daquelas pessoas que vemos no ecrã seria um perigoso condicionar da nossa opinião, e um tropeção imenso do argumento. "Doubt" não é um thriller, um mero filme de suspense. É uma história que fala de um terrível segredo e da ainda mais horrível realidade que surge do facto desse segredo não poder ser esclarecido. Fala da dúvida e do poder que a dúvida tem nas pessoas que têm dúvidas. É um objecto poderoso, o do realizador John Patrick Shanley, obstinado na forma como está desenhado, desconfortável na frieza (no frio) das suas imagens e sons. Já não há muito cinema assim nos EUA; "Doubt" é muito mais um certo cinema nórdico. Repito, não é de todo um grande filme. Está, isso sim, numa categoria de cinema ao lado do habitual. "Doubt" é um filme impressionante.

Viola Davis



Doubt

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segunda-feira, fevereiro 09, 2009

COISA QUE ESTÃO (ESTARÃO?) PARA CHEGAR

Não percebi bem quem é responsável por isto, e a coisa cheira literalmente a OVNI. O argumentista é o mesmo de dois filmes da saga Shrek, e os actores que emprestam a voz até não são desinteressantes - The Rock, Jessica Biel, Joh Cleese...
Parece divertido, não tenho a certeza é se vai ter hipótese de estrear por cá.


Um que não vai mesmo passar nas nossas salas é este tríptico, realizado por Michel Gondry (The Eternal Sunshine Of The Spotless Mind), Leos Carax (Pola X) e Joon-ho Bong (The Host), intitulado "Tokyo". O trailer é promissor, e isto cheira-me a Fantasporto, embora o certame não lhe tenha também dado uma oportunidade...

VICKY CRISTINA BARCELONA

Já para já, não se percebe o título do último filme de Woody Allen. Ao contrário do que lhe costuma ser usual, Allen não faz da magnífica cidade de Barcelona uma personagem central na história. Aliás, os acontecimentos mais importantes do filme têm lugar não em Barcelona mas em Oviedo, o que renuncia por completo o rótulo de filme-bilhete postal que tantos críticos têm atribuido ao mais recente trabalho de Allen. Por outro lado este cartaz também não me parece correcto. Falta claramente aqui uma personagem...

E este é um trabalho muito mais Almodovariano do que Woodyalleniano. O argumento, as personagens, uma certa esquizofrenia saudável - partilhada por ambos os realizadores, mas neste filme muito mais a do espanhol do que a do americano - a música e o facto incontornável de ter dois actores espanhóis e que já estiveram a mando de Almodóvar. Ou seja, depois do cinzentismo arrogante e emproado britânico que fez com que Woody Allen assinasse a pior sequência de filmes da sua longuíssima carreira - uma opinião muito minha, claro - a energia catalã trouxe de volta um dos realizadores mais importantes da história do cinema e ainda por cima com toques exóticos de uma cinematografia fresca e diferente.

Não que Woody Allen já não tenha realizado filmes assim, longe da comédia slapstick que tanto admira e bastante sérios no conteúdo. "Vicky Cristina Barcelona" é um filme sério, nada cómico, nada desbragado, bastante dramático, até, e muito cínico sobre as vidas de todos nós; sobre o que queremos e não temos coragem de assumir, sobre os passos que não damos e devíamos mesmo dar, sobre aquilo que nós somos e aquilo que nós queremos fazer acreditar que somos. Uma história simples de um triângulo amoroso-mais-um, mas feita de pessoas reais, com desejos reais e dúvidas reais, bem reais.

Não é uma obra-prima, mas é um filme que transporta uma energia relaxada e muito confortável, e que ao mesmo tempo demonstra uma enorme sensibilidade de sentimentos. Um filme de Woody Allen e que no entanto tem a cena de amor mais bonita dos últimos tempos. Simples, extremamente bem filmada e ainda melhor interpretada. Vem logo a seguir a uma sequência que tresanda a Almodóvar - que quase parece uma homenagem, aliás - e que envolve um grupo de convivas e um guitarrista clássico num jardim à noite... Familiar, não?

"Vicky Cristina Barcelona" parecia ser mais um filme falhado do mestre. Não o é. Surpreendeu-me, soube bem e acima de tudo deu-me a conhecer o que pode sair de um cineasta genial e que não contente se deixa contaminar pelos tiques de outro cineasta genial. Para além disso tem os habituais diálogos rápidos e brilhantes de Allen, as interpretações sempre no mais alto nível - de onde se destaca o magnífico trabalho de Penélope Cruz, justamente nomeado para o Oscar de actriz secundária - e uma forma de filmar sempre artesanal mas sempre tão perfeita.

Como já disse, foi uma boa, muito boa, surpresa. O único problema - e com que ja me tinha deparado em "Milk" - é o público que vai a estes filmes. Público que tanto se ri do comportamento de um homosexual, como se ri de três pessoas que subitamente se tornam amantes, como se ri, no fundo, da sua própria vida. Público que obviamente devia ter ido ver um filme diferente e que foi a este porque ainda não tinha estreado o "Pantera Cor-de-Rosa 2".
O brinde, absolutamente irresistível, é a música que abre o filme e que é maravilhosa. De uns senhores chamados Giulia y Los Tellarini. Lá mais em baixo, fazem favor.




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domingo, fevereiro 08, 2009

DE UMA CONVERSA...

Daquelas que se escrevem e por razões que sempre me escapam são mais reveladoras do que as que se falam. É curioso como uma página em branco - seja ela um papel ou um ecrã de um impessoal computador - nos permite, nos dá a liberdade, para falar tão à vontade.

Amigos. A conclusão tão simples de que os amigos importantes são os que estão connosco numa determinada altura da vida. Pouco importa se logo a seguir essa relação se desvaneça. Pouco importa os motivos, até porque podem ser tantos. O que importa realmente, o que nos fica na memória - mente, coração e corpo - é esse binómio tão pouco matemático: amigos e determinada altura da vida.

Muitas vezes cria-se algo poderoso nestas relações ocasionais e surpreendentes. Muitas das vezes há algo que fica para lá desse binómio, algo que nos faz querer voltar atrás no tempo, passar nos locais que sobraram de uma rotina à procura de alguém mesmo sem nos apercebermos de que o estamos a fazer.


Vida. A conclusão óbvia de que a vida não pode ser uma flatline, que tem de ter altos e baixos, vazios e cheios, picos e depressões; que tem de ser atribulada, mais, muito mais, do que confortavelmente aborrecida. Aborrecidamente confortável. Já estive lá e agradeço, mas não, obrigado. Prefiro de longe a irresponsabilidade, o arrepio da incerteza, o não saber o que vem a seguir, o calendário de cozinha, com os dias bem à vista. Alguém me contava que um centro de recuperação de toxicodependentes utilizava um método que muitos de nós seguimos - alguns conscientemente, outros... - e que consiste no assumir que hoje não me vou drogar. Amanhã... Pois bem, hoje não vou ser chato, responsável, planeado, defensivo, organizado, consciente. Amanhã, quem sabe?

Precisamente, estou a ler pela segunda vez um fantástico livro de Paul Auster intitulado "A Noite Do Oráculo" no qual o protagonista acaba de ter uma segunda hipótese na vida. Escritor, acaba de sair de um estado de coma para voltar à escrita. Entre outras coisas fala-nos de uma personagem de um outro livro a quem a morte passa ao lado em forma de viga de aço que lhe cai aos pés enquanto passeia na rua. Traumatizado - desperto? - por esse acontecimento decide mudar de cidade, sem dizer nada a ninguém, e recomeçar uma segunda vida do absoluto zero. Tenho a certeza de que já todos tivemos essa vontade/curiosidade. E eu, eterno inconformado mas terrivelmente assustado, preguiçoso, defensivo e aborrecido, nunca tive a coragem para o fazer. Em compensação fui encontrando pequenas mudanças na minha vida que me fizessem sentir menos culpado, e à excpeção de três anos em que me arrisquei a desaparecer da face da terra, a verdade é que sempre me senti aproximadamente feliz com as minhas minúsculas opções. Tardias mas positivas.

Por isso mesmo, por tudo isto, esta ida a Liége integrado num festival de teatro, representa tudo o que eu sempre quis fazer e nunca consegui. Ou seja, aos 36 anos sinto-me no papel do trintão ridículo que se mistura com os jovens para se sentir rejuvenescido. Paciência. Vale bem a pena.

Muito havia agora para escrever, e sinto a vontade de escrever tanta coisa. Mas estou cansado, e a cabeça ainda anda cheia de muita tralha e o espaço para organizar idéias é apertado cá dentro e não consigo pensar direito. Já foi bom.
Obrigado pela conversa.

THE NEXT BIG THING DO MEU iPOD

Mais um dos casos típicos das novidades que o fornecedor do costume me deixa no aparelho e a que não dou a devida e atempada atenção. Os Last Shadow Puppets são o alter ego dos Arctic Monkeys (nem mais) e dos The Rascals. Ou seja, são compostos pelo vocalista dos Monkeys, Alex Turner e pelo vocalista dos Rascals, Miles Kane. O único trabalho editado, em Abril do ano passado, intitula-se "The Age Of The Understatement" e é uma autêntica banda sonora para filmes de espiões. As músicas são magníficas composições de rock/pop, embaladas em belíssimos e sinistros arranjos de cordas que transbordam James Bond por todos os lados - curiosamente numa altura em que os filmes do 007 abandonaram um pouco essa sonoridade clássica e que era uma das suas mais fortes imagens de marca.
Os Last Shadow Puppets e "The Age Of The Understatement" são o outro lado do espelho das duas bandas que lhe deram origem. Arrisco-me mesmo a dizer, sob risco de ser atacado pelos indefectíveis dos Monkeys e dos Rascals, que consigo gostar ainda mais deste trabalho...


sábado, fevereiro 07, 2009

PARA O AJ



Bad day, looking for a way
Oh, looking for the great escape
Gets in his car and drives away
Far from all the things that we are
Puts on a smile and breaths it in and breaths it out
He says bye-bye, bye to all of the noise
Oh he says bye-bye bye to all of the noise

Hey child, things are looking down,
That’s OK you don’t need to win anyways
Don’t be afraid just eat up all the gray
and it will fade away
Don’t let yourself fall down

Bad day, looking for the great escape
He says bad day, looking for the great escape
On a bad day, looking for the great escape
Great escape

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

MAIS PRENDINHAS

Procurei na net, mas os vídeos disponíveis não são de boa qualidade, por isso...

Iron & Wine já foi aqui abordado, e continua a ser presença obrigatória nas audições diárias do iPod. Esta chama-se "Lovesong Of The Buzzard", do álbum com o mesmo nome, e é, como sempre, belíssima. A escutar atentamente, se fazem favor.

Iron & Wine - Love For The Buzzard






Os Pale Young Gentlemen são um daqueles grupos que já toda a gente conhecia menos eu, e que já andavam comigo há muitos meses. Já lhes tinha dado ouvidos mas não o suficiente. O seu álbum homónimo, o primeiro, por acaso, é uma delícia de piano de saloon, violoncelo, bateria de circo, baixo anafado e guitarra distraída. Juntam-se uns guizos, sininhos, pandeireta e a voz preguiçosa de Michael Reisenauer, e a coisa fica com um irresistível sabor a festa de amigos. E para todos os gostos. Há músicas para saltar desenfreadamente e outas delicadas e pequeninas.
Deve ser ouvido sem restrições.

Pale Young Gentlemen - Clap Hands
Pale Young Gentlemen - As a War

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quarta-feira, fevereiro 04, 2009

DEFIANCE

Edward Zwick é um dos raros realizadores que ainda arriscam um certo estilo clássico de cinema. Uma forma que já poucos utilizam de compôr obras com todos os ingredientes de outras épocas. Argumentos, diálogos, personagens e uma maneira de filmar que são nitidamente de uma era quase em extinção. Esse classicismo é, como já disse, arriscado, e às vezes (não sempre) custa caro.

"Defiance" parece-me sofrer com esse classicismo. Tem um bom argumento, é extraordinariamente bem filmado, a banda sonora é magnífica - e desde já uma favorita ao Oscar - e é no seu todo um filme muito agradável. Podia ser um grande filme. Não o é por uma nesga, e essa nesga é composta por uma série de detalhes, alguns consideravelmente chatos. Desde logo um pormenor em que alguns realizadores insistem e que não faz, na minha opinião, qualquer sentido. A acção do filme situa-se na Bielorrússia aquando da ocupação nazi, e o facto dos intervenientes, judeus, falarem inglês com sotaque em vez do hebreu original, é algo que não só me irrita solenemente como condiciona e de que maneira as interpretações. A sequência, em que Tuvia - a personagem desempenhada por Daniel Craig - vai a casa dos responsáveis pela morte da sua família, é a todos os níveis brutal. Crua, dura, o diálogo intenso e angustiante. A cena quase toda é falada em bielo-russo, mas no momento decisivo, em que Tuvia se prepara para matar finalmente o causador da sua desgaça, tudo se desvanece ao ouvirmos "this is for my family" num inglês macarrónico e com um acentuado sabor de leste.

Outro problema, e este mais incompreensivo, é a total perda de gás de que o filme sofre lá mais para o meio. Depois de um início auspicioso, também ele brutal, violento quase e muito bem construído, a história cai numa modorra aborrecida, lenta, sem importância e demasiado demorada para a paciência de qualquer espectador. Só mesmo no final é que as coisas se compõem e tudo volta a adquirir um ritmo e uma incerteza interessantes.

Zwick passou ao lado de um filme forte e que podia ser um concorrente de peso aos Oscar. Assim limita-se a tentar vencer um prémio para a melhor banda sonora, da autoria do fabuloso James Newton Howard. E que é um belíssima e pesada banda sonora. Mais uma vez esta semana, é pena.

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terça-feira, fevereiro 03, 2009

FROST / NIXON

O melhor que se pode dizer do último filme de Ron Howard é que é tecnicamente competente. E já é dizer muito de uma obra que prima pelo aborrecimento, pela desilusão e por ser um tremendo bocejo. Desilusão não porque estivesse à espera de um grande filme de um realizador tarefeiro que, sabe-se lá como, quase atingiu o estatuto de auteur. Desilusão porque no fim, depois de mais de duas horas de filme, saí da sala exactamente como entrei. Ou seja, sem saber que impacto tiveram na realidade as entrevistas que David Frost fez a Richard Nixon na ressaca da sua demissão do cargo de presidente dos EUA.

Toda a gente sabe quem foi Nixon, toda a gente sabe o que ele fez e as consequências que isso trouxe a um país na altura à beira de um esgotamento nervoso. (Quase) ninguém conhecia estas entrevistas, pelo que devia ter sido uma prioridade do realizador de um filme que se propõe a abordá-las, dar ao público uma noção do seu impacto na sociedade americana. Mas não.

O filme arranca bem, com ritmo, com o montar da acção de forma dinâmica e que nos prende ao ecrã. A apresentação das personagens é bem feita e imediatamente ficamos a saber quem é quem e o que é que se está a passar. E pronto, logo a seguir a primeira ejaculação precoce. Para já porque Ron Howard, na dúvida entre fazer um falso documentário ou uma dramatização dos acontecimentos, cria um híbrido sem sentido e que chega a ser ridículo. Os principais intervenientes da realização das entrevistas - os produtores e investigadores que trabalharam com Frost - vão falando para a câmara como se de um documentário se tratasse, explicando ao espectador o que se estava a passar na altura. O pior é que esse estratagema não só não é bem explorado, como a dada altura é totalmente abandonado por Howard. A coisa dá nitidamente a sensação de não ter sido bem pensada e de não ser mais do que isso mesmo: um estratagema.

A segunda ejaculação precoce dá-se quando, já a meio do filme, nos damos conta de que o realizador não tinha planeado dar grande atenção às entrevistas em si. O centro de toda a história é pura e simplesmente passado a correr, e em poucos minutos - bem somados - temos tudo arrumado a um canto. Ou seja, a primeira hora de filme é passada a dar-nos a sensação de que realmente algo de grande se iria passar, e a segunda hora é utilizada para nos dizer que sim, era importante, mas também não tanto. Quando é o próprio Nixon quem diz a Frost, no primeiro encontro que tiveram, que nunca tinha sido desafiado para um duelo. Frost responde que não é um duelo e Nixon, firme e ele próprio desafiador, atira um "claro que é". Ron Howard não achou.

A última ejaculação precoce chega nos últimos instantes do filme, quando nos apercebemos de que não vamos ficar esclarecidos quanto às repercuções destas entrevistas. Nem no que às sondagens diz respeito, nem no que à opinião pública diz respeito, nem coisíssima nenhuma. O filme acaba, tudo segue o seu caminho e vamos lá embora que se faz tarde.

E de repente tive mesmo vontade de ir ver a peça de teatro que deu origem ao filme e ainda por cima com os mesmos actores principais...

É pena. "Frost / Nixon" tinha tudo para ser um bom filme. Tem um elenco do caraças, pura e simplesmente deitado ao lixo - Michael Sheen, Frank Langella, Kevin Bacon, Oliver Platt, Sam Rockwell, Matthew Macfadyen - tem um bom argumento, uma boa equipa técnica e mais uma boa banda sonora da autoria de Hans Zimmer. Só não tem um bom realizador. E é pena.

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segunda-feira, fevereiro 02, 2009

PRENDAS

Já tinha falado da moça, do seu mais recente álbum e em especial de uma música.
Como não consigo encontrá-la em lado nenhum, e como queria muito deixá-la aqui no bloguinho...

E já me fartei de falar do moço e de tantas, tantas musiquitas. Esta bateu com força, mas também não a encontro em lado algum...

Por isso, cá vai.


Emiliana Torrini - Bleeder

Devendra Banhart - There's Always Something Going On

20% OF US ARE YOU

O primeiro grande filme do ano começa precisamente com o protagonista a falar para um gravador - para nós, realmente - e a dizer "no caso de eu ser assassinado...". Ou seja, nós não sabemos que ele vai ser assassinado, mas essa sensação trágica trespassa o filme e acompanha-nos mesmo até ao final, já depois de Harvey Milk, o tal protagonista, ser realmente assassinado. Segundos após a cena em que o activista pelos direitos dos homossexuais é morto - uma sequência angustiante e bela ao mesmo tempo - revemos um dos momentos iniciais de toda a história; o momento em que Harvey Milk diz ao homem da sua vida que acaba de completar 40 anos e sem nunca ter feito nada de que se orgulhasse. Acrescenta, não tão a brincar quanto isso, que não chegará aos 50. Não chegou.

Harvey Milk tornou-se no primeiro homossexual assumido a ocupar um cargo público nos EUA. Em 1978 conseguiu finalmente o lugar de supervisor na Câmara de San Francisco e conseguiu dar ao seu movimento pelos direitos dos homossexuais todo um novo enquadramento e uma projecção que ainda hoje se faz sentir.

O filme de Gus Van Sant - o mais próximo do cinema mainstream que este realizador alguma vez fará - é fascinante. Filmado com um rigor quase coreográfico, conta com um elenco brilhante, liderado por um Sean Penn que consegue um desempenho suave, quase despercebido mas a todos os níveis notável. O olhar da sua personagem não é, nem de longe, nem de perto, o olhar de Penn. E se isso não é uma boa prova das suas capacidades...

Para além disso, vale a pena referir os trabalhos de Josh Brolin e James Franco. O primeiro está nomeado - como Penn, aliás - para o Oscar na categoria do actor secundário, mas foi o segundo que me surpreendeu totalmente. A dignidade que empresta à personagem Scott Smith, o tal homem da vida de Milk, é tocante e temperada com um sem número de pequenos detalhes.

O ponto forte do filme de Gus Van Sant é no entanto essa tristeza que, sem sabermos bem porquê, não nos deixa um só minuto. Como se no fundo já soubessemos que aquela história não tem como acabar bem. E mesmo sabendo - porque a imprensa por estes dias não fala de outra coisa - que Harvey foi realmente assassinado, a verdade é que essa sensação trágica suplanta tudo o resto. Ao ponto de os últimos segundos dessa sequência em que vemos Milk ser baleado, nos trazerem algum alívio. Como se só uma bala pudesse dar algum descanso a Harvey Milk. E no entanto ele tinha tanta vontade de viver.

Última chamada de atenção para a belíssima banda sonora, insuspeitamente assinada por Danny Elfman, novamente a arriscar um filme diferente dos que lhe têm dado fama, e a compôr uma partitura nos antípodas do que tem feito para Tim Burton.

"Milk" é já um dos melhores filmes de 2009, sem dúvida. Está nomeado para oito Oscar, mas não nos podemos esquecer que Gus Van Sant e a Academia não são coisas que se misturem facilmente.





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E ENTRETANTO, E PARA TE CONTINUARES A ENGANAR...



Well, I feel just like a child.
Yeah, I feel just like a child.
Well, I feel just like a child.
Well, I feel just like a child.

From my womb to my tomb I guess I'll always be a child.

Well, some people try and treat me like a man.
Yeah, some people try and treat me like a man.
Well, I guess they just don't understand
Yes, some people try and treat me like a man.

They think I know shit but that's just it,
I'm a child.

Well, I need you to tell me what to wear,
Yeah, I need you to help me comb my hair,
Yeah, I need you to help me tie my shoes,
Yeah, I need you to come keep me amused.

From my cave to my grave I guess I'll always be a child

Well,I need you to help me reach the door,
And, I need you to walk me to the store,
And,I need you to please explain the war,
And,I need you to heal me when I'm sore.

You can tell by my smile,
That I'm a child.

And, I need you to sit me on your lap
And, I need you make me take my nap
could you first pull out a book and read me some of that
cause I need you to make me take my nap.

And, I need you to recognize my friends,
'Cause they're there even though you don't see them,
They got their own chair , a plate, and a seat,
You know I won't touch my food unless they eat.

From the roof to the floor I'll crawl around some more
I'm a child.

And I need you to help me blow my nose,
And I need you to help me count my toes,
And I need you to help me put on my clothes,
And I need you to hide it when it shows.

From being my daddy's sperm to being packed in an urn
I'm a child.

And, when I steal you got to smack me till I cry,
Don't you stop till the tears run dry.
See, I was born thinkin out under the sky,
Didn't belong to a couple old wise guys.

From sucking on my mama's breast to when they lay my soul to rest.
I'm a child.

Well, I'm a little child.
Oh, I'm a little child.
I guess I'll always be,
A little child.

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Começou a contagem decrescente, bebé. Não tarda nada e levas nas ventas com a idade que ficou tristemente imortalizada pelo Paco Bandeira. Entretanto vê se continuas a fazer pela vida e a tomar grandes e acertadas decisões, sim? Juízo.

domingo, fevereiro 01, 2009

RECUPERADOS

RITA MELO




Confesso, não sei quem é esta menina, mas recebi um mail com o link para o seu site pessoal, e a verdade é que o que por lá vi me deixou impressionado. Sim senhora, Rita, grande trabalho. Todos já a espreitar, se fazem favor. A qualidade merece sempre ser vista com olhinhos atentos.
Os quadros da Rita são magníficos, usam cores incríveis e de uma forma belíssima, que transformam simples retratos em algo de hiper real e surreal ao mesmo tempo.

Ver
aqui, já!!!


RECUPERADOS - FINAL(?)


Acabou a carreira de RECUPERADOS. Pelo menos esta primeira experiência, já que existe a possibilide, merecida e justificada, de uma reposição.
Foi um sucesso. Sem margem para dúvidas. Sala quase cheia todos os dias, duas sessões esgotadas e outras duas em que a lotação foi ultrapassada e com pessoas a quererem a todo o custo abrir a porta para entrar. De loucos!
Ainda não temos um número certo de espectadores, mas não temos dúvidas nenhumas de que durante duas semanas fomos o único espectáculo de teatro no Porto a fazer frente ao La Féria. Mais nada!
Agora a experiência de Liége, que não vai ser menos do que absolutamente fantástica, e depois, lá para Março ou Abril, quem sabe, a tal reposição.
Obrigado a todos os que já foram aqui mencionados e obrigado à Fundação José Rodrigues, e especialmente à Ilda, com quem foi tão fácil trabalhar e que nos ajudou como se fizesse parte do TUP. Assim é fácil...
À reitoria da Universidade do Porto e à sua quase total falta de vontade em ajudar muita coisa havia para ser dita, mas isso é já a seguir e é um assunto demasiado reles para ocupar espaço neste blog. Pelo menos hoje.

Nós acreditamos nos outros
Nós acreditamos que temos de acreditar nos outros
Nós não acreditamos nos outros