kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

sexta-feira, janeiro 30, 2009

MONKEY: A JOURNEY TO THE WEST

Seguindo o conselho da Sô Dona Chilango - que andava desparecida deste blog - fui espreitar um determinado link que me levou para algo com que eu já me tinha cruzado e entretanto esquecido. Monkey: A Journey To The West é a circus-opera concebida pelo actor e realizador chinês Chen Shi-zheng e para a qual Damon Albarn compôs a partitura e o enorme Jamie Hewlett imaginou tudo o resto. O imaginário Gorillaz encaixa na perfeição na criação de Shi-zheng, e a música de Albarn, a dizer pela amostra, é brutal. Tinha já ouvido nesta gigantesca colaboração, mas a verdade é que não lhe dei a devida atenção. Fica a pergunta: o disco andará por aí?

quinta-feira, janeiro 29, 2009

AINDA ASSIM...

Nada é melhor do que o original. A menina escarleta que me perdoe...

NÃO TÁ MAL...


À especial atenção do senhor da Campaínha (e dos do barraco, já agora) que desde sempre me pareceu ter uma especial predilecção pela menina Scarlett Johansson.
A moça, depois de ter gravado um álbum com versões de músicas de Tom Waits, atirou-se agora a "The Last Goodbye", de Jeff Buckley, para o seu próximo filme "He's Just Not That Into You". Não é mazinha de todo, embora tenha ficado um bocadinho pastosa. Ainda assim, vale pela curiosidade e por sugerir que a miúda Scarlett ainda vai apostar mais na carreira de cantora. A malta agradece enquanto realizarem vídeos para as musiquitas...


quarta-feira, janeiro 28, 2009

CEDOFEITA E ARREDORES










CUBA, 1958 - 2008






Sempre senti, e sinto, uma enorme admiração pela revolução que derrubou o regime de Fulgêncio Batista em Cuba. Sempre me fascinaram as figuras de Fidel Castro e Che Guevara, e que ditaram, sem querer, as regras da imagem do puro guerrilheiro revolucionário. Sinto, como muita gente, um encanto romântico e apaixonado pelo reaccionário abnegado e altruísta que vive na selva, que desce das montanhas para libertar um povo oprimido - parece coisa de filme ou de banda desenhada, mas aconteceu em Cuba e continuará a acontecer em quase todo o mundo.

Hoje, passados cinquenta anos da queda de Batista, percebo que grande parte desse fascínio resulta do que apenas 3000 homens conseguiram face ao poder militar de 80 000. Vale sempre a pena lembrar o que a vontade destes homens e o seu amor pelo seu país fez acontecer. Foi um acontecimento épico, digno das páginas da historia e que faz lembrar tão bem o que 300 espartanos fizeram na cara de milhares de persas.

Romance à parte, interessa, acima de tudo, pensar no que é o país Cuba desde que Fidel Castro assumiu a liderança da ilha. É importante perceber porque ao longo de cinco décadas as mudanças não foram o que todo o povo cubano - e todos os que mais ou menos secretamente apoiaram a revolução - estava à espera. De uma ditadura totalmente egocêntrica e violentamente opressiva, Cuba passou para uma ditadura que pode até nem ser egocêntrica - embora tenha sido desenhada por um homem só e à imagem da sua casmurrice - mas que continua a ser violentamente opressiva. Uma ditadura que continua a ser apoiada por um comunismo mundial que continua a recusar o facto de que está morto, e que só se coloca ao lado de Castro, que só lhe perdoa as consecutivas violações dos direitos humanos mais básicos, porque continua a ser uma das formas mais declaradas de anti-americanismo. Eu também me irrito com a prepotência americana e com a forma como se continuam a achar donos do mundo. Contudo, este tipo de comportamento anti é típico de quem não tem argumentos para contrariar o rufia que bate em tudo e todos no recreio da escola. E é ridículo.

Basta saber um bocadinho de história para percebermos que esse mesmo comunismo que é tão ferrenho no seu anti-americanismo, sempre se comportou da mesma forma que o seu eterno inimigo. Desde o fim da segunda guerra mundial a URSS sempre se dedicou a expandir o seu território e, mais do que isso, a sua ideologia e a sua forma de fazer política, a sua economia e a sua visão do que são os direitos básicos da humanidade. Alguém ainda se lembra da «cortina de ferro» e o que significava para os países ocupados pelos regimes-fantoche fieis a Moscovo? Ou seja, os dois lados que alimentaram a guerra fria durante cinquenta anos são exactamente iguais e no entanto... é irónico, não é? As pessoas e a sua curta e tão oportuna memória.

No dia do aniversário da revolução cubana, corri a imprensa precisamente para tentar saber mais um bocadinho deste episódio da história contemporânea que tantas paixões faz eclodir. Foi pelo jornal que fiquei a saber que a maior parte dos seguidores de Fidel que fizeram a revolução já há muito abandonaram a ilha. Já há muito que perceberam que afinal não conseguiam viver na ilha de Castro. Fico a saber os que defendem o ditador, argumentando que em Cuba há ensino e saúde gratuitos, e que o povo não passa fome, têm mesmo razão. O que eles não sabem é que é unânime a opinião das mais diversas organizações mundiais e dos seus observadores e que defendem que Cuba vive num generalizado estado de miséria. E que já há muito que o povo deixou de se orgulhar de se ter tornado mais culto, de ter uma taxa de mortalidade infantil das mais baixas do mundo, dos sucessos desportivos em diversas modalidades. O que lhes continua a doer é existirem duas moedas no seu país, a sua e a dos estrangeiros. É existirem hoteis e restaurantes onde lhe é barrada a entrada, "tourists only". É não poderem aceder à internet, não só porque até há bem pouco tempo lhe era totalmente proibido, mas também porque não a podem pagar. Dispõem de uma intranet, lenta, filtrada, altamente condicionada. O que lhe custa é não poderem sair e entrar do país à vontade, não poderem falar à vontade do governo, não poderem criar partidos opositores ao regime, não terem o direito à manifestação, nao saberem o que são eleições livres. Aos comunistas que tanto defendem Castro deixo uma pergunta: o que acham que aconteceria a alguém que em plena via pública exibisse um cartaz com as palavras "Fora Fidel!"? Para além disso, o tão saudado sistema de saúde cubano - e que de facto é um dos melhores do mundo - é construído sobre péssimas condições profissionais para quem o exerce. O salário médio de um médico oscila entre os 2€ e os 5€. Um litro de leite estrangeiro custa 1.6€. Um barbeiro ganha 12€ por mês, mas um guia turístico ganha 100€. Enquanto isso, um simples par de sapatos vale de 25€ a 50€ e uma garrafa de azeite 11€.



Por esta altura, os que conseguiram ler este texto até aqui devem estar a pensar "pois, o maldito embargo". Desenganem-se. O boicote político-económico que dura há quase tanto tempo quanto a revolução dos barbudos, faz cada vez menos sentido. Pelas razões que se conhecem e por mais uma: porque não é de facto o causador de todos os males cubanos, como algumas classes políticas e sociais querem fazer parecer. O embargo é a melhor maneira que os dirigentes cubanso têm de responsabilizar o vizinho pelo mal que se passa no seu próprio quintal. Na realidade, a ilha apenas esteve vedada ao mundo durante a famosa crise dos mísseis, em 1962. De lá para cá muita coisa mudou, nomeadamente o facto dos EUA serem o país que clandestinamente mais negoceia com Cuba. Legalmente, porém, a coisa fica ainda mais curiosa, já que a América é o maior exportador de alimentos para a ilha de Fidel e o sexto maior parceiro económico. Na verdade, os problemas graves por que passam os cubanos resultam tanto ou menos desse famigerado embargo do que da corrupção e da falta de liberdade impostos pelo regime castrista. Na ânsia de manter os seus cubanos num regime à prova de capitalismo, Fidel Castro cortou-lhes todas as ligações com a humanidade, sujeitando-os a um estilo de vida miserável e de constante sacrifício. Sacrifício que ele e os altos cargos dos seus sucessivos governos nunca tiveram de fazer, claro está. Para além disso, nos últimos 50 anos, mais de 15% da população cubana fugiu do país, e é precisamente dessa população - da população considerada traidora pelo regime - que vem o maior contributo financeiro para o regime. Só da comunidade residente nos EUA chegam anualmente aos cofres cubanos 1000 milhões de dólares.

Cuba vive em três patamares tão distintos quanto desiquilibrados. O povo, na miséria constante e que por força da forma como encara as dificuldades se considera o mais bem humorado de toda a América Latina - são várias as anedotas criadas para cada uma das evidências da miséria em que vivem - todos os que estão de uma forma ou outra ligados ao governo e os turistas. Os últimos visitam Cuba como se olhassem para um aquário. Passam férias em Varadero, onde tudo é bonito, tudo é limpo, tudo é perfeito até ao dia em que o recepcionista lhes agarra a mão com força e na surdina lhe implora por algum dinheiro para leite em pó. Sempre com um sorriso turístico, claro, que não se pode desapontar os hóspedes. Os dependentes/relacionados/agarrados do/com/ao governo vivem uma vida de regalias. São os turistas que vivem na parte mais bonita do aquário. Uma dessas tais anedotas, quase trágica, reza assim: "Posso tratá-lo por senhor ou prefere camarada?" Resposta: "Senhor. Camarada é aquele que vai no Mercedes".

Cuba continua a não ratificar as principais convenções internacionais sobre liberdade e direitos políticos. Organizações como a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch e Repórteres Sem Fronteiras continuamente acusam o regime cubano de manter pelo menos 58 prisioneiros de consciência e a violentamente perseguir qualquer tipo de opositores. A pena de morte permanece válida em Cuba, e embora a última execução tenha acontecido em 2003, meia centena de condenados à pena capital continua à espera da sua vez. Entre eles, estão homossexuais e, imagine-se, alguns desses prisioneiros de consciência.

Volto ao início: continuo a encantar-me com o acto da revolução cubana. Com os homens que a fizeram e com todo um imaginário construído em torno do protótipo do revolucionário. Tenho no entanto cada vez mais a certeza de que Camilo Cienfuegos, um dos maiores heróis da revolução, e provavelmente o preferido do povo, não merecia este resultado e estes 50 anos de miséria, opressão e desrespeito pelos cubanos.
Fontes: Visão e Público

NO ENTANTO...

... ainda há quem venha cá ao burgo de vez em quando. E felizmente parece que o Festival para Gente Sentada renasceu das cinzas de uma certa incerteza, para nos voltar a providenciar espectáculos ao vivo de gente que por cá de outra forma dificilmente teria visibilidade.
Portanto, dia 14 de Fevereiro temos Josh Rouse ao vivo em Santa Maria da Feira. Absolutamente obrigatório!
Mas temos também um concerto bastante aguardado de Manel Cruz, agora em andanças a solo, e de Russian Red, novidade (pessoal, claro) no meu IPod e que assim de repente vou poder ouvir em palco. Um dia antes tocam os fantásticos Giant Sand, Chuck Prophet e Chris Eckman. Ou seja, antes de partir para Liége, e para uma semana absolutamente incrível, vou fazer uma cura sonora e limpar a cabeça de tanto novelo. Não vejo a hora.


ANDREW BIRD LIVE FROM THE BASEMENT - "SECTIONATE CITY"

A primeira vez que vi Andrew Bird ao vivo foi no Lux em Lisboa, em 2005. Ainda mal conhecia os dois álbuns que tinha no IPod, mas a curiosidade e a oportunidade levaram-me até lá. Obviamente o encanto foi imediato. Principalmente pelo facto de um só músico em palco (e um maravilhoso foot sampler) conseguir com tão grande simplicidade construir malhas sonoras tão requintadas e belíssimas. Três dias depois repetia a dose, desta feita em Famalicão.
Os trabalhos de Bird são sempre assim, rendilhados, riquíssimos e intrincados, mas é ao vivo que melhor se percebe isso. E já era tempo do senhor voltar cá, embora o seu muito aconselhável site oficial inclua apenas uma data na Europa e em Paris. É pena.




terça-feira, janeiro 27, 2009

OSCAR 2009

Para lá de todos os nomeados para a próxima edição dos Oscar - e que ainda farão correr muita tinta - vale a pena referir a escolha do próximo anfitreão e que na minha opinião representa o pior erro de casting da história do evento: Hugh Jackman. A não ser que a intenção da Academia para este ano seja dar um ar mais sério e bem comportado à coisa, nada justifica a escolha de um actor que claramente não tem perfil para estas andanças e que ainda por cima tem um carregadíssimo sotaque australiano. Pessoalmente - e admito, seguindo a linhagem mais recente de apresentadores - não quereria outro apresentador que não o magnífico Steve Carrell. A cerimónia seria algo de absolutamente louco e inesquecível; cómico sem necessitar de ser declaradamente provocador. Hugh Jackman é bom actor, tem uma figura à prova de qualquer defeito, e deve ficar impecável num fato preto, camisa branca e gravata preta, mas encaixa nesta função? Posso estar muito enganado, mas não me parece.

RECUPERADOS - SEMANA 1

O resultado é já uma surpresa: em cinco dias de exibição, uma média um pouco superior a 40 espectadores por dia. Tendo em conta que alguns espectáculos profissionais às vezes nem isso conseguem, podemos concluir que RECUPERADOS é um sucesso. Orgulhamo-nos disso. Especialmente por este espectáculo ser literalmente tão nosso. Nosso, dos actores, mas também do António Júlio, da Loreto, da Rute, do Zé Nuno, do Manuel, do Abdala, da Silvana, do Gonçalo, do Emanuel, da Joana.
Apareçam. Têm até Sábado, sendo que Quinta já está com a lotação esgotada.



Pode ser que as fotos - da autoria da Constança Carvalho Homem - ajudem a convencer-vos...











sábado, janeiro 24, 2009

PARA QUE NÃO RESTEM DÚVIDAS

Arrumemos de uma vez com a questão: Heath Ledger merece inteiramente o Oscar para a sua interpretação em "The Dark Knight". Por muitas vozes - se calhar de muita gente que nem sequer viu o filme - que possam vir a público dizer que o prémio só lhe será entregue porque, imagine-se, morreu. É uma das melhores e mais intensas interpretações dos últimos anos. O Joker de Ledger carrega em si precisamente o oposto do cabotinismo que outrora grandes actores têm demonstrado. Todo o exagero a que já não conseguem fugir De Niro e Pacino, por exemplo, foi subliminarmente apagado por Ledger. A força que faz o Joker andar está toda concentrada no seu interior, e isso é uma das coisas mais difíceis de domar, essa energia. Não cometam o tremendo erro de não lhe dar o prémio que já merecia há muito. Ponto

quarta-feira, janeiro 21, 2009

RECUPERADOS (PARA NÃO ESQUECER)





Não tenham medo, é baratinho e jeitosinho. E dava jeito o apoio.





KARMABOX WITH A VIEW - BON IVER - "BLINDSIDED"



Bike down... down to the downtown
Down to the lockdown... boards, nails lye arond
I crouch like a crow
Contrasting the snow
For the agony, I'd rather know
'Cause blinded I am blindsided
Peek in... into the peer in
I'm not really like this... I'm probably plightless
I cup the window
I'm crippled and slow
For the agony
I'd rather know
'Cause blinded I am blindsided
Would you really rush out for me now?
Taught line... down to trhe shoreline
The end of a blood line... the moon is a cold light
There's a pull to the flow
My feet melt the snow
For the irony, i'd rather know
'Cause blinded I was blindsided
'Cause blinded I was blindsided
'Cause blinded I was blindsided

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KARMABOX WITH A VIEW - ANE BRUN - "DON'T LEAVE"



Don’t ever leave
That is what you asked of me
do you know what it means
when you plead?

Don’t you ever leave
that is what you said to me
do you know what that can do
to someone like me?

It won’t do us no good
it won’t do us no good

I have no plan to be
anywhere else to but here
or to become someone that leaves
I didn’t even know there was an exit here
darling, don’t you try
to capture me

it won’t do us no good
it won’t do us no good

I am here now
I’m right here by your side
I’ll lay my hand on the couch next to you
you can hold it if you would like to

it will do you good

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terça-feira, janeiro 20, 2009

Nº 44



Change has come to America



Lembra-te do que disseste no dia em que venceste. É só. E dá-lhe com a alma.

domingo, janeiro 18, 2009

KARMABOX WITH A VIEW - FLEET FOXES - "BLUE RIDGE MOUNTAINS"

Os Fleet Foxes são uma banda de Seattle já com dois anos mas que só em 2008 editaram um álbum à séria. Antes apenas dois EP e com que já tinham dado nas vistas. Os Foxes tocam música de uma outra época, mais concretamente um rock bem americano de raízes country e que soa a anos 60 por todos os lados. É justo compará-los a Neil Young, especialmente pela voz de Robin Pecknold e pelo facto de se assumirem como seguidores do estilo de Young e de outros cantautores como Bob Dylan e Hank Williams.
É bonito e mais nada.

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KARMABOX WITH A VIEW - RADIOHEAD - "HOUSE OF CARDS"

Mais uma daquelas maravilhas que eu deixo para ouvir mais tarde sem saber o que estou a perder...

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2008





Falar de como foi o meu ano de 2008 18 dias depois de ele ter terminado, espelha bem com têm sido estas primeiras semanas de 2009. O ano começou da forma mais acelerada que era possível, com exames da faculdade e preparativos para a estreia do novo espectáculo do TUP. Não há muitos minutos de mente limpa e desimpedida, por estes dias...
2008 terminou mais ou menos da mesma forma e pelas mesmas razões, e sinceramente já nem sei como começou. Sei que pelo meio teve mais uma daquelas grandes decisões a que me habituei nos últimos três anos. Despedir-me aos 35 anos para arriscar um curso superior não é coisa que se assuma todos os dias e confesso que às vezes (não muitas) ainda penso se terei feito bem. Redescubrir a vida de estudante foi um prazer. Confesso, sair de casa para ir para as aulas, ter as tardes livres, o convívio com colegas de turma que, ao contrário do que eu estava à espera, são muito mais maduros do que a sua idade e uma sensação de alívio permanente, resultado do facto de já não trabalhar num escritório oito horas por dia, são tudo coisas novas na minha vida e que servem sempre para me desculpabilizar algum sentimento de culpa que ainda possa sentir por ter tomado esta decisão.
2008 foi também o ano em que assumi a vicepresidência do TUP. Parece menos importante do que realmente é, eu sei. Mas sinto mesmo um orgulho - que de facto não sei explicar - em fazer parte desta instituição e, principalmente, em poder fazer algo por um grupo de teatro que merecia bem mais do que aquilo que tem. E isso representa lutar todos os dias contra as dificuldades que nos levantam. Estar assim à frente de um grupo de teatro é viver aqueles problemas de que sempre ouvimos falar. Que não há apoios, que não há dinheiro, que não há condições. E não há, de facto. Aos primeiros passos desta nova produção fiquei imediatamente a saber que para fazer teatro no Porto o melhor é ter uma sala própria e não depender das que existem na cidade. Reparem, o Teatro do Campo Alegre, e segundo palavras retiradas do sei site na net, dispõe de espaços, infra-estruturas, meios e equipas de apoio, moduláveis à realização de eventos de vários quadrantes e afirma-se também como um lugar aberto aos jovens criadores de qualquer área artística, em especial da Área Metropolitana do Porto, que procurem um local de manifestação e de exposição da sua obra. Muito bonito. O que se esqueceram de referir é que o aluguer do diminuto espaço do café-concerto por um período de três semanas custa a módica quantia de 3700€. E isto é preço de amigo para um dos três parceiros da infraestrutura - Câmara Municipal do Porto, Reitoria da Universidade e, como não podia deixar de ser, Seiva Trupe. E pergunto-me que tipo de negócio farão os grupos de teatro que apresentam os seus trabalhos no TCA e que obviamente não podem pagar estes preços. Especialmente se forem grupos de teatro universitário.
2008 foi por isso marcado por um abandonar de coisas que já fazia há muito tempo. Algumas boas e outras más, claro. 2009 será obrigatoriamente o ano em que me vou ter de habituar a esta nova realidade, aos pequenos sacrifícios, às mudanças. E em que vou ter de tomar um sem número de decisões complicadas. Mas isso fica lá mais para a frente. Depois de ir a Liége com o TUP e principalmente depois do Fantasporto. Depois paro para pensar na vida.


quinta-feira, janeiro 15, 2009

AH BOM...

D. José Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa, é uma besta. Não há como dizê-lo de outra forma, nem existem quaisquer hipóteses de aliviar, aligeirar ou sequer justificar o que disse no Casino da Figueira da Foz - o próprio facto de um clérigo participar numa tertúlia num antro de jogo, é algo indiscutivelmente irónico. Afirmar assim sem mais nem menos que casar com muçulmanos é meter-se num "monte de sarilhos tão grande que nem Alá sabe onde acaba", não só é provavelmente uma das coisas mais graves que se disse dos islâmicos nos últimos tempos, como também um caso sério de blasfémia. Esperava-se que um cardeal percebesse dessas coisas...

Provavelmente o Policarpo devia saber que o ano passado morreram em Portugal 40 mulheres vítimas de violência doméstica, e que de há oito anos para cá, registaram-se no nosso país 132 mil queixas de agressões levadas a cabo pelos estimados esposos. Segundo gente com responsabilidade no assunto, este número representa aproximadamente 30% da realidade nacional. Sinceramente, gostava de saber quantos destes casos envolveram maridos muçulmanos.
O islão é de facto uma sociedade machista? Talvez, não o consigo contrariar. Mas e Portugal não o é? Quantos casos de violência foram já observados em casais de adolescentes? Quantos putos de 15, 16 e 17 anos não demonstram já o machismo típico de uma época que já todos pensavam ter acabado?

Afirmar o que o Policarpo afirmou, especialmente numa altura em que a Palestina está novamente envolvida numa guerra, é contribuir directamente para o agravamento da imagem do muçulmano na sociedade ocidental. Israel agradece, ó Policarpo.

quarta-feira, janeiro 14, 2009



É já de hoje a oito dias que o TUP leva a cena o seu novo espectáculo. Novo e completamente original. Encenado pelo António Júlio, a peça resulta de textos escritos pelos actores durante a primeira fase do trabalho. Numa altura em que a única coisa que fazíamos era improvisar a partir de sugestões de exercícios, o Júlio pediu-nos para escrevermos frases começadas por uma série de palavras atiradas por ele. Lembro-me, os outros, desculpa e mais uma série de textos intimos e muito pessoais são a base deste espectáculo que mostra tudo o que nos vai na alma e que que nos habituamos a manter escondido. Por vergonha, por medo ou por incoveniência. Nunca vos aconteceu serem chateados por alguém - mãe, namorada, patrão - e pensarem em tudo o que vos apetecia dizer nessa altura e no entanto não o fazerem? Essas são as palavras de RECUPERADOS.
Coisinhas sobre como foi o processo de construção e etc, só quando isto tudo acabar. Posso é já adiantar que vamos levar o nosso espectáculo ao festival internacional de teatro universitário de Liége. E isso é muito bom.
Apareçam e tragam amigos. A Fundação José Rodrigues é difícil de encontrar mas eu ajudo, sim?


SINOPSE:
Uma reprimenda do pai. Uma chamada de atenção da professora ou do patrão. Uma pergunta incómoda. Ainda me amas? Tiveste saudades minhas? Estás sozinho? Inventamos constantemente palavras para esconder o que desejamos realmente dizer. Mantemos escondido um eu que não queremos apresentar a ninguém. Guardamos no armário uma personalidade para cada dia da semana que vestimos para poder sair de casa. Desenvolvemos a arte da invisibilidade: não vermos os outros e não sermos vistos. Recuperados conta-nos as palavras que são caladas antes de serem ditas. Mostra-nos os fantasmas que dormem à porta da nossa casa, homens e mulheres que se suicidam em vida, os invisíveis que viajam connosco nos autocarros, que estão ao nosso lado no balcão de um café e que passam por nós na rua. Mostra-nos que na realidade estamos todos sozinhos. Que atravessamos a vida com os ombros encolhidos.Recuperados é o espaço onde podemos ouvir as palavras que ficam por dizer. Onde vemos as pessoas que não queremos ver e que nunca querem ser vistas. Pessoas feitas de sombras, leves como o ar, transparentes e reais.


FICHA ARTÍSTICA:
Titulo: Recuperados
Encenação: António Júlio
Assistência de Encenação: Loreto Martínez Troncoso
Dramaturgia: António Júlio, Loreto Martínez Troncoso
Banda Sonora: Miaketak
Cenografia e figurinos: Rute Moreda
Desenho de Luz: José Nuno Lima
Textos: António Silva, Cristina Teiga, Daniel Viana, Eduarda Mano, Helena Marinho, Milene Silva, Miguel Lemos, Nuno Matos
Interpretação: António Silva, Daniel Viana, Eduarda Mano, Helena Marinho, Milene Silva, Miguel Lemos, Nuno Matos
Operação de Luz: Silvana Alves
Montagem de Luz: Eduardo Abdala
Direcção Técnica: Manuel Pereira
Produção: Gonçalo Gregório, Joana Martinho
Design Gráfico: Emanuel Santos

sexta-feira, janeiro 09, 2009

KARMABOX WITH A VIEW - EMILIANA TORRINI - "BLEEDER"

Encantadora, Emiliana Torrini. A miúda para além de ser assim fofinha, como o vídeo demonstra, tem uma voz como há poucas. Só assim se explica que esta versão ao vivo de uma das músicas mais bonitas de 2008 seja igual à versão de estúdio. Sem falhas, imaculada.

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quinta-feira, janeiro 08, 2009

ANTEVISÕES DO CARAÇAS (OU NÃO)

Com o Fantasporto mesmo à portinha, começam a espreitar alguns filmes que parecem valer bem a pena.
Para já um daqueles que deve ser a desbunda total de início ao fim e que tem o muito sugestivo nome de "The Good, The Bad, The Weird". Se acharam estranha a coincidência com o clássico "The Good, The Bad, The Ugly", podem ficar descansados. É que a coisa é mesmo um western coreano. Leram bem: western e coreano.






segunda-feira, janeiro 05, 2009

BREVE PONTO DE ORDEM


A invasão de Gaza por parte das forças israelitas reveste-se de uma série de detalhes que importa saber- especialmente porque nem tudo é dito na comunicação social, pelas razões sobejamente conhecidas.

O cessar-fogo de que tanto se tem falado, e que supostamente foi quebrado pelos rockets palestinianos, foi assinado há alguns meses no pressuposto de que Israel libertaria Gaza de um apertado sufoco imposto pelo governo israelita. Não só Israel não cumpriu essa parte do acordo, como intensificou essa pressão ao longo dos meses que o tal cessar-fogo durou. Os rockets disparados pelo Hamas foram o tão aguardado pretexto para o feroz ataque que temos observado.

Ouço as palavras de José Goulão - especialista em assuntos relacionados com o médio oriente - na rádio, e fico imediatamente a saber que Gaza não é maior que o Montijo, e que apesar disso, moram lá para cima de milhão e meio de pessoas, sem água canalizada, sem electricidade e sem os meios básicos para viverem uma vida de seres humanos. Os habitantes de Gaza vivem emparedados e agora, que têm sido consecutivamente bombardeados, nem têm como nem para onde fugir. Simplesmente.
Fico também a saber que o Hamas foi um resultado directo da guerra, e que foi fortemente apoiado pelos sucessivos governos israelitas, na busca de partir a guerrilha palestiniana. O Hamas, apesar de ser uma organização que recorre a métodos terroristas, venceu as eleições palestinianas de forma democrática, o que é particularmente lixado se tivermos em conta que nem todos os países lhe reconhecem a devida legitimidade. Por outro lado, e falando de terrorismo, o que Israel está a fazer neste momento, principalmente numa altura em que já invadiu o território, tem comummente o nome de «terrorismo de Estado», e não é mais do que o que os EUA fizeram no Iraque.

O problema neste ataque israelita, para além do mais evidente, e que é a total aniquilação de Gaza à custa de mortes civís, é que o Hamas está-se nas tintas para o povo que jurou defender. Os mortos são minimizados, e os seus líderes, enquanto o território é destruído, optam pelo discurso patriota, glorificam o valor dos mártires e realçam a sua importância para a causa palestiniana e ainda têm o descaramento de gritar que apesar da ofensiva, o Hamas vai sair vitorioso deste mais recente conflito. Seria para rir, se não fosse uma tão descomunal tragédia.

Por fim, convém realçar um facto que, ou muito me engano, ou já é incontornável. Não esperem de Barak Obama algo próximo de uma viragem na política da casa branca em relação à questão palestiniana. O homem pode ser um porreiro e ter um sem número de ideais maravilhosas para mudar muita coisa, mas continua a ser americano e apoiado fortemente por um potentíssimo lobby judeu.
Só mais uma coisinha: as últimas notícias informam-nos de que hoje já morreram, em Gaza, trinta pessoas, das quais treze são crianças...