kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

segunda-feira, dezembro 31, 2007

ORA BEM...



Era suposto o último post do ano ser recheadinho de resumos, compilações e best-offs, mas não só não tenho paciência para coisas dessas, como nunca me consigo organizar mentalmente para conseguir fazer isso de uma forma eficaz; acabo sempre por me esquecer de tanta coisa, que me irrito até à exaustão.
E é fim de mais um ano, e eu continuo a não saber porque é que acabo sempre por festejar a pôrra do reveillon. É que me deprime sempre um fim de mais um ano e nunca tenho vontade nenhuma de celebrar esta ocasião. Faz-me sempre lembrar de que todas as decisões que tomo na minha vida, me afastam daquilo que eu quis sempre fazer, desde que me lembro de me lembrar.
Mas enfim, para não dizer que não disse nadinha neste último post de 2007, sigo o exemplo de uma das minhas vizinhas de um blog ao lado, e congratulo o nosso governo pela decisão de avançar com a lei que proíbe fumar em recintos fechados. Mais ainda, felicito alguns bares e cafés que já assumiram a iniciativa de ir avisando os seus clientes de que a partir de amanhã se acabou a brincadeira. Sou fumador e, embora não seja um ávido fumador, sou daqueles que gosta de ir ao café depois do jantar fumar um cigarrito. Aprecio o ritual. Mas aprecio ainda mais o facto de poder ir a qualquer lado, sem sair de lá de dentro a cheirar a chaminé de fábrica. Ver espaços como os cafés "Piolho" e "Espaço 77", locais obrigatórios na noite do Porto, proibirem terminantemente a presença de um cigarro aceso, mostram-me claramente que para lá de toda a histeria criada em torno desta nova lei, Portugal e os portugueses afinal até nem são assim tão grunhos. Confesso que tinha ficado irritado com tanta celeuma, e já estava pronto para escrever aqui um manifesto anti-portugueses, convencido da confusão que iriam provocar em torno desta proibição. É claro que resta ver se vai haver realmente respeito pela nova lei, e se vai haver um eficaz controlo por parte dos agentes envolvidos.

E este é o momento em que a minha confusão natural me começa a impedir de desenvolver mais assuntos. Fico-me mesmo por este, que é, precisamente no final de um ano repleto de acontecimentos especiais, o assunto fumegante de 2007.
E para celebrar, ficam as imagens de uma época em que fumar era um charme do caraças. E a voz incomparável de um senhor de quem o cigarro - e o copo de whisky, já agora - era companheiro inseparável.

Inevitavelmente, bom ano!!!


domingo, dezembro 30, 2007

RESTOS E APROVEITAMENTOS



Ontem, ao remexer em restos de coisas e projectos, recuperei idéias do fundo de caixotes de cartão. Desenhos, sketches para fazer um dia com um rapaz que eu cá sei, e um texto, escrito pelo senhor Devendra Banhart, que é também a letra de uma das suas canções, e a que eu me propus um dia a dar uma imagem.
"Little Yellow Spider" vai ser um livro para crianças em 2008. Não sei ainda se para crianças-crianças, ou se para aquelas crianças mais mal comportadas que trazemos cá dentro. Mas vou fazê-lo.
Só porque sim...




Little yellow spider laughing at the snow
Well maybe that spider knows something that I don't know
Cuz I'm goddamn cold

Little white monkey staring at the sand
Maybe that monkey figured out something I couldn't understand
Who knows

Well I came upon a dancing crab and I stopped to watch it shake, I said,
'Dance for me just one more time before ya hibernate,
and ya come out a crab cake'

And hey there little snapping turtle, snapping at a shell
Oh there's mysteries inside I know
But what they are I just can't tell for sure

And hey there little baby crow, you're looking kind of mean
I think I oughta split before ya start letting off your steam
For sure

And hey there little sexy pig, you mated with a man
And now you've got a little kid
With hooves instead of hands

And oh all of the animals, all of the animals

And hey there little mockingbird, they sing about you in songs
'Oh where ya been? Have ya broke a wing?'
I haven't heard ya in so long

And hey there little albatross, swimming in the air
'Aw, come on you know I can't fly and I
Think we really oughta play fair'

And hey there mister happy squid, you move so psychedelically
You hypnotize with your magic dance all the animals in the sea
For sure

And oh all of the animals, all the animals

And hey there Mr. Morning Sun, what kind of creature are you
I can't stare, but I know you're there
Goddamn, how I wish I knew

And hey there Mrs. Lovely Moon, you're lonely and you're blue
It's kind of strange the way you change
But then again we all do, too.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

BENAZIR BHUTTO


E onde é que está a surpresa? Já se sabia que ia acontecer, e era mesmo só uma questão de tempo. Em certos países do mundo, um grupo de terroristas não falha um atentado mais do que uma vez, e no Paquistão a coisa é levada a sério. Benazir Bhutto sabia-o, e isso também contribui para que honremos a sua coragem.

Apesar das consecutivas acusações de corrupção, despotismo e abuso do poder, que fizeram com que por mais do que uma ocasião se tivesse de exilar no Dubai e em Londres; apesar de as acusações serem mais do que certas, e das provas contra Bhtto e o marido serem bastante credíveis, Bhutto era uma mulher do caraças! Conquistar o poder e o respeito do seu povo da forma que ela conseguiu e ainda por cima num país muçulmano, é obra. Que se lixe o politicamente correcto! A verdade é que a maioria das nações muçulmanas ainda tratam as mulheres como se fossem um bibelô; sem qualquer tipo de direitos, sem respeito e, acima de tudo, sem direito a uma opinião. Uma mulher chegar ao poder através de eleições livres num país destes, e tornar-se a primera governante feminina de um país muçulmano, não é coisa para ser menosprezada. Bhutto conseguiu-o, e mesmo a sombra da corrupção não foi suficiente para afastar o povo da mulher que sempre foi uma ameaça para o poder vigente.

Quando chegou ao Paquistão, regressada do seu exílio, afirmou estar disposta a dar a vida em troca da verdade politica para o seu país. Nesse mesmo dia um atentado bombista matou cerca de 140 pessoas, falhando no entanto o seu verdadeiro alvo, Bhutto. Meros dois meses após este terrível incidente, os terroristas que mandam no Paquistão conseguiram finalmente aquilo a que se tinham proposto: calar a verdade politica. E acreditem, o mundo ficou mais pobre.
O Paquistão? O Paquistão agora fica uma verdadeira merda descontrolada. E os resultados já estão à vista.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

E AINDA ME FALTA UM...




Continuando com a febre louca de ver filmes em DVD de forma compulsiva, atirei-me então ao já referido "Children Of Man", e a outros dois que entretanto fui buscar à toda poderosa Blockbuster, "Unknown" e "The Good German".

Começo então por "Unknown", do estreante Simon Brand. E a coisa é muito simples: cinco homens acordam trancados num enorme armazém no meio do deserto, dois deles amarrados e/ou algemados, todos com sinais evidentes de terem levado umas valentes bofetadas, e todos também com uma forte amnésia, provocada pela inalação de um gás, que os impede de saberem quem são ou como foram ali parar e, por isso mesmo, sem terem bem a certeza se vale a pena confiar uns nos outros. Entretanto, e por meio de um jornal encontrado na casa de banho, ficam a saber que com toda a certeza, dois deles foram raptados há pelo menos três dias, e que, muito provavelmente, os restantes três fazem parte do grupo de raptores. Ora, apesar da tão preciosa informação, a verdade é que a memória ainda não está como devia, o que faz com que, apesar da enorme desconfiança e acusações mútuas, os cinco se decidam a tentar, num esforço conjunto, sair dali para fora. O que é um assunto interessante: como não sei se sou raptado ou raptor mais me vale é fugir daqui para fora e logo se vê.
Ou seja, não podia haver ponto de partida mais apetitoso e interessante do que um assim. Mas a coisa logo se começa a desmoronar, por culpa de uma realização defeituosa e que nunca consege criar no espectador o mesmo sentimento de medo e confusão porque devem estar a passar aqueles cinco homens. O realizador não chega sequer a tirar partido de um óptimo elenco - composto por James Caviezel, Greg Kinnear, Joe Pantoliano, Barry Pepper e Jeremy Sisto -, e desfaz todo o suspense do início do filme ao revelar mais do que era pretendido em consecutivos flasbacks, que nos vão dando pistas do passado recente dos envolvidos. Só que ainda antes de qualquer um daqueles homens aprisionados no armazém fazer uma pequena idéia do que realmente se está a passar, já nós percebemos tudo até ao mais ínfimo pormenor e já só nos apetece carregar no stop e passar a tarde a ver os melhores momentos da missa do galo de 2007.
E é pena. Um filme destes entregue a um David Fincher, ou mesmo a um Tarantino - que já tinha andado por caminhos semelhantes em Reservoir Dogs -, teria resultado num thriller arrepiante e intenso. Assim, perde o interesse ao fim dos primeiros quinze minutos, e deixa-nos com mais de uma hora de pelicula chata, óbvia e irritantemente inconsequente. Chiça!


Já "The Good German", de Steven Soderbergh, encheu a minha pança cinéfila de alegria. E porquê? Porque é absolutamente genial. Nunca se tinha visto uma imitação de filme noir da década de cinquenta tão genuino e credivel. Tudo, na obra de Soderbergh, foi feito como se fazia «antigamente». O preto e branco, os cenários, a música, os diálogos (riquíssimos), os movimentos da câmara, os planos e até os tiques dos actores, a forma como se movem e inclusive a maneira como pegam no cigarro, transpira a cinema vintage.
A intriga é verdadeiramente simples, e só uma realização tão brilhante e inventiva quanto a de Soderbergh é que nos obriga a vê-lo de uma assentada, sem pausas para lanche, cigarro, ou festinhas no gato. Na Berlim do final da segunda guerra mundial, numa altura em que se ultimam os preparativos para a conferência de paz entre Truman, Estaline e Churchill, os bastidores corruptos e secretos da acção fervilham de acção, na busca do melhor negócio para cada um dos aliados com representação na capital alemã. Enquanto russos e americanos lutam às escondidas pela «contratação» dos geniais cientistas que haviam ajudado a Alemanha a ser uma temida potência militar - nomeadamente no desenvolvimento da bomba nuclear que nunca chegou a ser concluído senão nos EUA -, civís e militares tentam, na mais absoluta clandestinidade, a melhor solução para os seus problemas.
Lena Brandt - uma magistral Cate Blanchett, aqui a fazer de Marlene Dietrich - é a esposa de um matemático alemão e um dos responsáveis pelo desenvolvimento dos bombardeiros V2. Lena, femme fatale irresistível, usa todo o seu charme para conseguir o que quer dos homens que lhe caiem nas mãos, e que é tão simplesmente sair de Berlim o quanto antes. Jake Geismer - excelente George Clooney, ou se preferirem, Clark Gable - é o capitão americano, jornalista militar, que se desloca a Berlim, depois de já lá ter vivido antes da guerra, para fazer a cobertura da dita conferência.

E agora é que vem a parte boa da coisa: Lena e Geismer eram amantes antes da guerra, o marido de Lena é procurado tanto por russos como por americanos, e ambas as partes acham que Geismer - que obviamente havia de procurar Lena por entre os destroços de Berlim - pode levá-los até ele. Só que Emil Brandt está oficialmente morto há três anos... E o resto tem mesmo de ser visto, porque a intriga envolve-nos de uma maneira absolutamente contagiante. Os actores são magníficos, mas acaba por ser todo o ambiente nostálgico do filme a prender-nos à cadeira e ao ecrã da televisão. O filme tem direito a final à Casablanca e tudo, o que deixa qualquer amante de bom cinema a salivar por mais objectos deste calibre.
O regresso de Steven Soderbergh ao cinema mais sério foi feito da melhor forma, e com um daqueles ovnis que mereciam melhor sorte e mais atenção. Genial!


Finalmente, "Children Of Man"...
Acabei o filme cansado e sem fôlego. Porque durante toda a duração do filme somos obrigados a correr, saltar, rastejar e a fugir das balas com o protagonista. Nunca como neste filme tinha visto um uso tão eficaz e tão exaustivo dos planos sequência. Nunca como neste filme, tinha visto travellings tão assustadoramente reais e elaborados. E funcionam. Funcionam porque nos colocam directamente no centro da acção, por entre as balas e as explosões, e os mortos, e os vivos que, como nós, fogem da morte mais do que certa.
Alfonso Cuarón, realizador do excelente "E a Tua Mãe Também", quis fazer este filme assim. Para ele era vital que as sequências de acção fossem filmadas recorrendo ao minimo número de cortes possivel. Para isso era obrigatório que tudo fosse coreografado de modo a não existirem falhas, e para que o resultado fosse impecavelmente brutal. E é.
Estamos portanto em Londres, no ano 2027, a humanidade está basicamente lixada, o governo inglês é, aparentemente, um governo militarizado, e há já dezoito anos que não nasce uma criança no mundo. Até que aparece uma mulher, africana - e se pensarem bem, percebem que isto não é despropositado -, que transporta no seu ventre, e contra toda a lógica e esperança, uma criança que importa proteger. A idéia é retirá-la de Inglaterra o mais rapidamente possivel, já que o governo britânico practica uma politica de agressão ao imigrante ilegal, violenta e arrasadora. E a escolha para quem deve acompanhar Kee - a futura mãe - recai precisamente no mais inesperado e improvável dos heróis: Theo Faron, um cínico e totalmente descrente jornalista, caído em desgraça por causa da morte prematura de um filho. Bêbado, indigente e sem um pingo de amor-próprio, Theo acaba por descobrir, sem saber bem como, que tem em si a coragem e a fé necessárias para proteger a mulher e a sua criança, e levá-las até ao barco Tomorrow, a porta de saída de uma Londres caótica e em ponto de ruptura total.
O filme é altamente influenciado por um senhor chamado George Orwell, o que resulta numa obra triste, cinzente e completamente desprovida de esperança. Chega a ser desmoralizante e deprimente, mas é sempre também um filme magnético, vibrante e que apetece ver uma e outra vez.
Clive Owen bem que podia ter vencido o Oscar para que estava nomeado, já que a sua entrega só deve ter sido proporcional à quantidade de nódoas negras que coleccionou. O homem atira-se para o chão, rasteja, salta, cai e volta a cair, leva porrada e o diabo a quatro, e empresta ao seu Theo uma dignidade tal, que lhe transborda dos olhos. Sem dúvida alguma, um dos melhores filmes de 2006, e uma peça de cinema inovadora, criativa e diferente de tudo o que havia sido feito no género.
A título de exemplo duas sequências notáveis. Uma de quase quatro minutos, filmada quase sempre dentro de um carro, e que acaba por se transformar numa verdadeira corrida contra a morte - e de que o Carlos Moura já me havia falado muito bem -, e outra, de mais de seis minutos de intnso tiroteio, bombas, tiros de carros de combate, civís, militares e o diabo à solta, e o nosso herói no meio da confusão. Tudo num só take...
Da primeira só encontrei esta filmagem foleira e que está incompleta, da segunda... bem, vejam e depois comentem.






segunda-feira, dezembro 24, 2007

KARMABOX WITH A VIEW (CHRISTMAS SPECIAL) - POLLY PAULUSMA - "FINGERS AND THUMBS"

Não é uma música de Natal, mas bem que o podia ser.
Polly Paulusma é a minha cantora favorita dos últimos anos, e este novo álbum - também intitulado "Fingers And Thumbs" - só veio provar que a inglesa não sabe fazer má música. E cada vez mais me arrependo de não ter chegado a tempo de a ver actuar em Paredes de Coura, aqui há três anos. Paciência.

Portanto, "Fingers And Thumbs" não é uma música de Natal, mas é a minha música para este Natal, e é com ela que vos desejo... um feliz Natal.
Especialmente a ti, que estás longe de mim, mas mais perto do que é habitual. E que tens mãozinhas de aranhiço...




After I kissed you, a sweet darkness came down
Fingers were search lights, leading the way down
We talk in fingers and thumbs
In an ancient braille of daily vacant overflow

Fingers and thumbs can never lie
We talk in fingers and thumbs
With my hands stretched I read your scars from head to toe
No need to fake it anymore, that's what our tongues were made for

Now I see you feelingly and my fingers have eyes
They search for you constantly in sorrows and smiles like this
We talk in fingers and thumbs
In an ancient braille of daily vacant overflow

Fingers and thumbs can never lie
We talk in fingers and thumbs
With my hands stretched I read your scars from head to toe
No need to fake it anymore, that's what our tongues were made for

Be my translator till there's no more to tell
Till our skin turns to water and our bones turn to sea shell
We talk in fingers and thumbs
In an ancient braille of daily vacant overflow

Fingers and thumbs can never lie
We talk in fingers and thumbs
With my hands stretched I read your scars from head to toe
No need to fake it anymore, that's what our tongues were made for

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FILMES DE NATAL... (?)



Já sabendo da tota seca que é o dia 24, e por isso mesmo vendo-me na obrigação de queimar tempo até à jantarada com a familia, aluguei uma série de filmes. Daqueles que não chegamos ver no cinema, ou que acabam por nunca estrear nas nossas salas de cinema.
Já vi dois e passo agora a contar-vos como foi.

Comecei por um filme que foi um sucesso no Fantasporto de há um par de anos. Um sucesso... Ora bem, a organização do festival considerou-o como um sucesso, mas a verdade é que o filme é uma valente merda! Já frequento o que outrora se chamou "Festival de Cinema Fantástico do Porto" há 20 anos, e graças a isso já vi tantos filmes de terror, que desconfio sempre daqueles que vêm catalogados como "o filme mais pertubador que já viu", ou "horror no seu estado mais puro", ou ainda "só para quem tem um estômago de aço". Desconfio e sempre com razão. Este "The Hostel" não foi excepção. É fraquinho a todos os níveis. Não assusta, não incomoda e é, acima de tudo uma grande e arrastada seca. Mais de metade da sua duração é gasta com um pequeno grupo de amigos e as suas aventurinhas imberbes numa viagem pela Europa. Chato, muito chato.
A história fala-nos de uma velha fábrica na Eslováquia, onde «turistas» pagam verdadeiras fortunas para terem o prazer de torturar jovens raptados de uma pousada da juventude local. A premissa é interessante e pode-se imaginar o fantástico «filme-de-molhar-o-pãozinho» que podia sair daqui, mas a coisa resvala para o ridículo a cada passo e o ambiente do filme é constantemente light, nada semelhante ao de "The Texas Chainsaw Massacre", com que é injustamente comparado em tudo que é publicidade. Vê-lo foi uma absoluta perda de tempo. Irra!!!




"28 Days Later", de Danny Boyle, revolucionou o cinema de terror do início do século, e relançou a moda dos filmes de zombies. E a verdade éque os que lhe seguiram as pisadas acabaram por não o envergonhar. Os filmes de zombies feitos depois da obra de Boyle foram, regra geral, interessantes o suficiente para merecerem a ida ao cinema - com pipocas, claro -, e tiveram, provavelmente, o seu climax no recente "Planet Terror", de Robert Rodriguez. Seja como for, "28 Days Later" foi de todos os melhor, e por isso mesmo a idéia de uma sequela admirou tudo e todos, principalmente por se saber que Danny Boyle estava por trás do projecto, embora como produtor. Juan Carlos Fresnadillo - realizador do excelente "Intacto" - foi escolhido para dirigir a coisa, e tudo parecia fazer acreditar num segundo filme muitíssimo aconselhável. E de facto é. "28 Weeks Later" não chega aos calcanhares do seu predecessor, e é mesmo bastante diferente, não no conteúdo, mas na abordagem que o jovem realizador espanhol faz à clássica história de zombies, mas é um filme de acção distinto daqueles a que estamos habituados. Distinto porque não existem ali heróis maiores do que a vida, nem super-homens aparentemente intocáveis e imortais, mas sim pessoas, de carne e osso, com vidas e uma história para contar.
E tudo começa quase onde havia terminado "28 Days Later". Os infectados morreram à fome, Londres é colocada em quarentena pela ONU e pela exército dos EUA (claro...), e o realojamento começa lentamente a tornar-se uma realidade. E é precisamente quando a normalidade parece querer instalar-se que tudo se desmorona e o exército perde o controlo da situação. O resto é como podem facilmente imaginar mas com uma novidade em relação ao primeiro filme: existe uma familia que é imune ao terrivel virus mas que o pode transmitir da mesma forma que os «zombies» sedentos de sangue e carne humana. Com o pai transformado em monstro pela mãe através de um simples beijo de reencontro - e morta no momento pelo marido e à dentada -, os dois filhos são protegidos por dois militares americanos que compreendem a importância da sua inesperada condição genética, e pela importância que esta pode ter no desenvolvimento de uma vacina para combater o tal virus. E vêem-se obrigados a fugir aos infectados e ao implacável plano do exército para acabar de uma vez por todas com a doença. E deixem-me que vos diga: a imagem dos caças americanos a bombardearem as ruas de Londres com napalm é, não só espectacular como arrepiante.
Em suma, e como já referi, "28 Weeks Later" é inferior a "28 Days Later", mas nem por isso é menos interessante. Comparado com "The Hostel" foi verdadeiro colírio para os meus olhinhos de cinéfilo.

Segue-se "Os Filhos do Homem". Depois conto...

sexta-feira, dezembro 21, 2007

KARMABOX WITH A VIEW - WHAM - "LAST CHRISTMAS"

E para amenizar o tom, e respeitando a época que atravessamos, um videozinho retirado do baú - embora nunca tenha estado verdadeiramente guardado, graças à sua constante utilização para dar música ao Natal de todos os anos.
E publico-o aqui por uma razão muito peculiar. É que "Last Christmas" nunca foi pensada como uma canção de Natal. A música é tudo menos alegre e fresquinha. Fala de um amor perdido e da dor que isso causa, mas acabou por ser um dos maiores sucessos de George Michael e Andrew Ridgeley precisamente por toda a gente a ter associado com... o Natal. Eles agradeceram.


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O ÓDIO

Ouviste a história daquele tipo que caíu de um prédio? À medida que ia caindo pensava "até aqui tudo bem. Até aqui tudo bem. Até aqui tudo bem". Não é a forma como se cai que importa, é a forma como se aterra...

Ao quinto filme, Mathieu Kassovitz espetava-me com uma bolachada nas ventas tão forte, que saí da sala literalmente zonzo. Nunca tinha visto nada assim, e fiquei seriamente convencido que tinha estado a ver jovens deliquentes dos suburbios parisienses e não actores, filmados com uma mestria anormal, para um realizador tão novo, e sem qualquer tipo de preconceitos em nos mostrar a violência das suas vidas. Afinal estava a descobrir uma forma nova de se fazer cinema, um dos maiores actores franceses de sempre, Vincent Cassel, e um realizador que nunca mais havia de ser tão brilhante. "La Haine" não tem qualquer tipo de contemplações para com o espectador. É cruel, frio e bruto como o preto e branco com que foi pintado e não pretende ser mais do que isso. E quase sem querer é absolutamente genial e obrigatório.




quinta-feira, dezembro 20, 2007

2007




Tenho tido o tempo tão ocupado por toda esta azáfama natalícia - compras, filas e mais filas de trânsito, filas e mais filas em tudo o que seja balcão com uma caixa registadora -, que não me posso dedicar, como queria, a fazer uma resenha do ano que finda.
Ainda assim...

Pessoalmente, 2007 fica na memória como o ano em que participei numa peça de teatro à séria; uma peça que me ensinou muito da arte de representar e que me deu um prazer imenso, e da qual tenho (estranhamente) saudades. "Cara de Fogo" fez-me - e aos meus colegas de «palco» - sentir actor de verdade. A intensidade exigida pelo encenador, e as condições nada fáceis do local em que foi exibida obrigou a que o trabalho fosse mais rigoroso e, ao mesmo tempo, mais saboroso. Termino o ano com uma vontade irresistível de a voltar a fazer, mesmo sabendo que isso não será possivel.

2007 teve mais momentos pessoais inesqueciveis. Um fim de semana brutal no Gerês com os meus putos, umas férias de sonho na Zambujeira do Mar, uma viagem alucinada a Espanha para ver pela primeira vez o Cirque Du Soleil. 2007 tem também o sabor da redescoberta do prazer que é viver com alguém que se ama, mesmo que essa experiência tenha sido totalmente improvisada e sempre sob a sombra do prazo limite.

2007 teve uma música, "Às Vezes o Amor", de Sérgio Godinho. É uma das músicas mais bonitas de que tenho memória e faz o meu coração olhar imediatamente para a menina que manda nas coisas dele.





2007 teve uma banda sonora escrita por Rodrigo Leão, e que - não sei se por estranha coincidência - é a mesma partitura do que sinto pela tal menina. E apercebi-me disso sentado à mesa do Carlos Moura, depois de ter enchido a pança com um belíssimo Feijão Tropero - de que ainda não decorei a receita. Há coisas assim...

2007 teve um triplo álbum de Tom Waits. Ponto.

2007 teve muitos e belos filmes, mas teve "Ratatui", e isso só serve para rapidamente me esquecer de todos os outros.

2007 teve momentos tristes.
Teve a morte da Maria.
A morte de Luciano Pavarotti, de Michelangelo Antonioni, de Ingmar Bergman, de Max Roach, de Marcel Marceau, de Deborah Kerr, de Norman Mailer, de Ike Turner. Alguém vai sempre dizer que morreram muito outros anónimos, e abem da verdade, está certíssimo. Mas nomes como estes, que desapareceram, deixam de nos maravilhar e de nos dar o prazer que davam, quer fosse através da música, da imagem ou simplesmente da palavra.

2007 teve a morte do meu IPod...

2007, é verdade, teve um sem número de mortos anónimos. No Darfur, no Iraque, no Afeganistão; na Indonésia, no Brasil, nos liceus da Finlândia e (sempre) dos Estados Unidos. Balas, bombas, chuvas, ventos e tempestades, e a eterna estupidez humana a lutarem pelo primeiro lugar nas causas de morte mais populares em 2007.

2007 teve uma nova e refrescante luta pelo meio ambiente, e um consequente Nobel da Paz para Al Gore.

2007 teve uma Maddie, uma cimeira UE-África, um tratado assinado sem referendo, dívidas, dúvidas e desconfianças (nada de novo), teve uma Vanessa Fernandes que deve ter nascido em Saturno e um Nélson Évora que não salta, voa.

2007 teve, como sempre, mais do mesmo. Continuo apaixonado, perdido, e sem saber bem como ir não sei para onde. E entretanto passa 2007 e aproxima-se 2008 com o ar desafiante de quem diz "e então, o que é que vales, bandalho?".
Não sei.

Mas parece-me que ainda volto aqui a falar de 2007.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Finalmente - e tão a propósito desta mui bela época natalícia - tive a oportunidade de ver "Open Season", filme de animação de que já tinha aqui falado aquando da sua estreia. E adorei!!!
Ok, pode até ser um tudo nada mais infantil do que as experiências da Pixar, mas a história de Boog and Elliot, uma das mais improváveis duplas da história do cinema animado, é louca e desvairada o suficiente para me ter deixado bem satisfeitinho. O ritmo é frenético, os gags, imparáveis, e as habituais private jokes que nenhum puto entende, são absolutamente geniais. A animação não fica a dever nada ao que de melhor a Pixar tem feito, embora esteja a anos luz de Ratatui - mas também, qual é que não está?
Em suma, "Open Season" é hora e meia de vertiginosa e politicamente incorrecta loucura; uma montanha russa imparável e, ao mesmo tempo, didáctica e que ensina os mais pequenotes alguma coisa acerca da natureza, como por exemplo, que as pedras grandes se chamam montanhas, e as pequenas, os seus bebés...






quinta-feira, dezembro 13, 2007

"YO-HO-HO..."





Com mil raios, nunca pensei vir a ver uma coisa assim. Então não é que o maluco do Paul Watson - membro fundador e dissidente da organização Greenpeace - decidiu criar um bando de piratas que se dedica a afundar barcos que practicam a caça à baleia? O canadiano, que deixou a Greenpeace acusando os colegas de serem demasiado frouxos - embora a versão contrária afirme que Watson teria sido expulso por ser demasiado... radical -, criou a Sea Shepherd, e utiliza todos os meios ao seu alcance - como o já mencionado abalroamento e também granadas de ácido botanóico - para impedir, e se possivel levar ao fundo, dezenas de barcos que caçam os enormes cetáceos de forma ilegal.

Cá por mim, e independentemente do que a Greenpeace possa dizer, acho maravilhosamente justo e radicalmente delicioso, o que Paul Watson faz. Já não acredito nas ferramentas que as mais variadas organizações de defesa ambiental usam para levar a bom porto as suas pretensões, e muito menos acredito na força do diálogo. No ponto em que estamos, parece-me que, mesmo não adiantando nadinha, a maneira de Watson chamar a atenção para crimes como estes, e os métodos que usa para os tentar impedir, são as únicas formas de sentirmos que conseguimos fazer a diferença.

UNTERGUNTHER


Então é assim: os untergunther são um grupo de indivíduos que se dedicam a entrar à socapa nos museus e edifícios históricos de Paris com o objectivo de restaurarem algumas antiguidades e obras de arte...
Confusos?

É verdade, os rapazes inventaram um tipo de terrorismo bom e altruísta, e que teve, como último resultado, a recuperação de um relógio com mais de 150 anos, pertença do Panteão de Paris, e tudo sem que os seguranças se apercebessem, o que torna a coisa ainda mais fantástica.
Podiam vir cá ao burgo, teriam muito com que se entreter...

KARMABOX WITH A VIEW - NEW YOUNG PONY CLUB - "GET LUCKY"

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KARMABOX WITH A VIEW - BOB DYLAN REMIXED BY MARK RONSOM


E é desde já uma das mais dançaveis do ano. Mark Ronson pegou no clássico "Most Likely You Go Your Way (and I'll Go Mine) de Bob Dylan, e com todo o respeito e carinho criou uma música quase nova, com todo o espirito do original, mas com um groove contagiante e absolutamente irresistível. Lindo... do ponto de vista da desbunda, claro!
Ó meninos do Barraco, já conheciam esta?







You say you love me
And you're thinkin' of me,
But you know you could be wrong.
You say you told me
That you wanna hold me,
But you know you're not that strong.
I just can't do what I done before,
I just can't beg you any more.
I'm gonna let you pass
And I'll go last.
Then time will tell just who fell
And who's been left behind,
When you go your way and I go mine.

You say you disturb me
And you don't deserve me,
But you know sometimes you lie.
You say you're shakin'
And you're always achin',
But you know how hard you try.
Sometimes it gets so hard to care,
It can't be this way ev'rywhere.
And I'm gonna let you pass,
Yes, and I'll go last.
Then time will tell just who fell
And who's been left behind,
When you go your way and I go mine.

The judge, he holds a grudge,
He's gonna call on you.
But he's badly built
And he walks on stilts,
Watch out he don't fall on you.

You say you're sorry
For tellin' stories
That you know I believe are true.
You say ya got some
Other kinda lover
And yes, I believe you do.
You say my kisses are not like his,
But this time I'm not gonna tell you why that is.
I'm just gonna let you pass,
Yes, and I'll go last.
Then time will tell who fell
And who's been left behind,
When you go your way and I go mine.

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KARMABOX WITH A (KIND OF) VIEW - SPECIAL DUEL EDITION



Já se sabia que eram uma das melhores e mais entusiasmantes bandas de rock do início do século XXI, mas esta apanhou todos desprevenidos.
Os Arctic Monkeys não fizeram por menos e atiraram-se a "I'm No Good" de Amy Winehouse. E o resultado da cover dos putos de Sheffield, embora de uma música já de si muitíssimo boa, é só este: vitória por goleada, coroada com um golo de pontapé de bicicleta!!!
È impossivel ouvi-la e não bater o pé, abanar a anca e estalar os dedos. Não acreditam?


Amy Winehouse





Arctic Monkeys




Eu não disse?

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terça-feira, dezembro 11, 2007

A CASA QUE ERA TUDO MENOS AZUL (IRONICAMENTE)

Foi completamente improvisado, muito saboroso e inesperadamente viciante.
Durou pouco mais de um ano, mas já está a deixar saudades. E não vai ser nada fácil, garanto-vos.

São boas memórias. A memória daquela tarde tão quente no Verão que tudo parecia escorregar à nossa volta. Dos nachos com ou sem filme. Da vizinha de baixo, por cima ou por baixo, mas sempre aos gritos. Dos gatos no telhado.

Já sei que tudo vai continuar lá, mas confesso que o sabor não será o mesmo.

Vou sentir falta do último cigarro à janela da cozinha, de ter de me levantar um quarto de hora antes de acordar para «calar» o Dr. Miguel, da distância de um braço que parece separar apenas a porta da entrada, da parede do fundo do teu quarto, e vou sentir falta de todas as outras pequeninas coisas, e de todos os outros pequeno rituais que fazem da tua (vossa) casa o que ela é: um encanto.

E foi tão bom.

ACERCA DE ILUSTRADORES...

E só para deixar amostras do trabalho de verdadeiros génios.


De Michael Gibbs, fabuloso ilustrador americano, cujo trabalho encheu já páginas e capas de variadíssimas revistas, campanhas publicitárias e iniciativas humanitárias





















Do famoso Jim Flora, pai de uma estética revolucionaria e responsável pela imagem para sempre associada à editora discográfica RCA



E finalmente, de Charles Bragg, fantástico artista/cartoonista/ilustrador, nem sempre politicamente correcto, mas sempre, sempre brilhante





DELIRIUM




Quanto ao espectáculo do Cirque Du Soleil que esteve em Portugal, só posso dizer que foi o que se esperava que fosse: um espectáculo do Cirque Du Soleil. Fabuloso!
Menos circense do que o habitual, é certo, mas nem por isso menos espectacular.
Delirium consegue a proeza de fugir à imagem de marca do mega-grupo nascido no Canadá; o novo circo que recriou e que mudou a face desta bela arte para sempre, não está tão presente em Delirium, embora não faltem alguns elementos acrobáticos, e uma espécie de palhaços que só muito raramente se fazem notar. Delirium é, isso sim, um espectáculo de dança, música e um verdadeiro festim audiovisual. Neste trabalho, as

personagens principais acabam por ser as luzes e as projecções gigantescas e tridimensionais que acompanham todo o espectáculo de uma forma mais do que interactiva: são practicamente orgânicas.

A banda sonora - que vai do Rock puro ao Samba, passando pelos ritmos africanos - é, como sempre, excelente, e a qualidade das vozes e dos músicos presentes em palco leva-nos a questionar onde estariam escondidos/perdidos antes de se juntarem ao Cirque.


Delirium é belíssimo e grandioso, e essas imagens de marca do Cirque Du Soleil estão lá para quem as quiser ver. Só não as vêm aqui, porque a qualidade das filmagens que andam pela net é demasiado fraca. Paciência.

CHIÇA!!!

E que não restem dúvidas, Shoot'em Up é o filme com mais balas per capita que já vi em toda a minha vida. Gostava mesmo de saber quantos tiros foram disparados em pouco mais de hora e meia de acção descontrolada, desgovernada e completamente alucinada. Shoot'em Up é puro cinema-desbunda, uma banda desenhada como já ninguém faz bandas desenhadas. Não faz refens, não pede licença, e entra literalmente a matar. Entre e sai, porque começa com uma sequência de tiroteio e mortandade que faria o diabo corar, e termina da mesmíssima forma, como se nada se tivesse passado entre o primeiro segundo de pelicula, e o trailer final, a não ser tiros, explosões, perseguições de automóvel, pancadaria de criar bicho e cadáveres, muitos cadáveres. Mas... enfim, o que se passa em Shoot'em Up é mesmo isso, sem tirar nem pôr.
O realizador, o nem por isso famoso Michael Davis, esteve-se nas tintas para o establishment e decidiu criar um objecto de puro entretenimento que não pretende ser mais do que isso mesmo: pura diversão, não abdicando, no entanto, de um elenco engraçadinho, encabeçado por Clive Owen - no papel de um vagabundo/agente secreto/assassino profissional com o pior feitio de que há registo na história do cinema, e absolutamente adorável por isso mesmo -, Paul Giamatti - o vilão de serviço e nem por isso menos irresistivel, e a mostrar mais uma vez que é um dos mais versáteis actores da actualidade - e Monica Belucci a armar à vamp, ou seja, a fazer o papel do costume.
O filme tem diálogos do caraças, e mete Die Hard e outros sucedâneos bem no fundo daquele bolsinho que temos nas calças onde só cabem moedas e que nunca é utilizado. Assim mesmo. De uma assentada só faz renascer o cinema de acção de uma certa mordomia chata e sistematizada em que se vinha instalando, e lança aquela que bem podia ser uma das mais importantes personagens «action hero» do século XXI: Mr. Smith
Em suma, DO CA-RA-ÇAS!!!

OS HOMENS NÃO NASCEM ONDE...?




Mesmo sem tempo nenhum para escrever aqui seja o que for - e já estou a dever uma coisinha acerca de Delirium, do Cirque Du Soleil -, vou fazer um esforço, roubar uns minutinhos a tudo o resto, nomeadamente ir para a cama mais cedo, para devidamente homenagear uma das raras séries de televisão que me apetece seguir com regularidade: "Men In Trees".
Gosto de séries de televisão, mas deparo-me sempre com o mesmo problema, que é, basicamente, manter a paciência e a curiosidade necessárias para as acompanhar de fio a pavio. Lembro-me de poucas, algumas bem antiguinhas - não se preocupem, O justiceiro não é uma delas e muito menos Marés Vivas, e de repente enumerei duas com o mesmo tronco em forma de homem como protagonista principal. Safa!!! -, às quais consegui ser fiel. Esta, "Men In Trees", agarrou-me desde o primeiro episódio, e não fosse a desordem habitual dos canais televisivos, teria conseguido manter-me 99% fiel à sua frequência semanal. Tem tudo para me viciar: uma excelente banda sonora, personagens oscilando rapidamente entre o desvairado e o ternurento, argumentos verdadeiramente fascinantes e é filmada no Alaska. Posto isto, só posso desejar ardentemente pelo lançamento em Portugal por uma caixa com todos os episódios, carregadinha de extras, e que traga um manual que nos ensine a expulsar um urso cinzento de dentro da taça dos brownies e de dentro da nossa cottage.
Altamente aconselhavel.


sábado, dezembro 08, 2007

PORTUGAL, UM RETRATO BELÍSSIMO

Ouvido o disco que Rodrigo Leão criou para dar acompanhamento musical ao documentário "Portugal, um retrato social", fica uma certeza inabalável: a de que o músico é o nosso melhor compositor, quem sabe, de sempre.
Sabe perfeitamente o que é necessário para ilustrar as imagens que muitas vezes temos na cabeça mesmo sem o sabermos. Conta quem sabe que quando foi desafiado para o projecto em causa, logo compôs uma música para servir como amostra. Quando os responsáveis pelo documentário a ouviram, rapidamente se aperceberam de que era daquilo mesmo que estavam à espera. E era mesmo. A música de Rodrigo Leão e lindíssima. São melodias que nos fazem sentir saudades de qualquer coisa, que nos deixam um apertado nó na garganta, e que nos fazem querer ouvir o cd uma vez a seguir à outra e a seguir à próxima.
Fico à espera de poder encontrar na net algum vídeo deste novo álbum...

KARMABOX WITH A VIEW - A TRIBE CALLED QUEST - ELECTRIC RELAXATION

E é assim, motivado por uma irresistível saudade, de uma época em que só ouvia música desta, e por uma vontade incontrolável de voltar a Nova Iorque - e porque ao falar aqui da banda de Q-Tip contribuí decisivamente para ter um resto de Sabado nostálgicomo como o caraças -, resolvi ceder à facilidade de procurar vídeos no site do costume, e criar mais um post. Pode parecer fraca a razão, mas para mim é importante, portanto... aturem-me.

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KARMABOX WITH A VIEW - JURASSIC FIVE - CONCRETE SCHOOLYARD

É bom saber que ainda há quem se dedique a fazer bom Hip Hop Old School, à moda antiga, fugindo ao grunho gangsta' rap de que 50 Cent e outros energúmenos são orgulhosos embaixadores.
Os Jurassic Five mantêm a harmonia e melodia dos tempos de De La Soul, A Tribe Called Quest e Erik B. and Rakim e a sonoridade do Hip Hop da costa leste, que sempre funcionou em oposição aos sons das ruas de Los Angeles.

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terça-feira, dezembro 04, 2007

CULTURA A CORRER

A correr porque já vi isto tudo há uns dias e ainda não tinha aqui falado sobre os dois filmes e a peça de teatro que se seguem:


Pois bem, confesso que ia para American Gangster de Ridley Scott com a esperança de ver uma boa obra, e a verdade é que não saí da sala desiludido. É cinema clássico, American Gangster. Clássico porque não arrisca um milímetro fora dos cânones do filme de gangsters tal como é conhecido. Não apresenta nada de novo, nem na forma como conta a história - bem interessante, por sinal -, nem na maneira como é filmado. No entanto, a grande qualidade do filme de Scott acaba precisamente por ser a maneira como está construido. A reconstituição da época - década de setenta no Harlem de Nova Iorque - é preciosamente real, não só no guarda-roupa, carros e tudo o mais que se possa imaginar, mas também na banda sonora e especialmente na fotografia e na câmara. Juro que a dada altura pensei estar a ver um episódio da velhinha série "Zé Gato", tal é o impecável aspecto seventees que o realizador britânico imprimiu à sua obra.
Bons actores, sólidos e bastante credíveis, e a maravilha que é ver Denzel Washington a esquivar-se de forma louvável ao seu já clássico overacting.
Repito, não acrescenta nada de verdadeiramente original, nem à carreira de Ridley Scott, nem ao mundo da sétima arte, mas que enche a barriguinha, lá isso enche.




Quanto a Beowulf, devo admitir que estava convencido da total estopada a que ia assistir. Aliás, confesso mesmo que o fui ver na busca de alguma coisa para atacar ferozmente, aqui no blog.
No entanto...
No entanto, lixei-me. Lixei-me porque Robert Zemeckis soube muito aproveitar a lição retirada do fracasso de Polar Express, e, contrariando aqueles que já anunciavam o fim da animação «quase real», realizar um filme de inegável qualidade narrativa, de maravilhosa técnica e que nos prende à tela do início ao fim. Beowulf foi escrito por Neil Gaiman, e só isso significa uma vantagem pela qual muitos realizadores dariam um bracinho em troca. A história de Beowulf é magnífica e poderosa, e é o tónico que faz o filme passar a correr, como se não tivesse de facto a hora e meia que tem. Infelizmente já não consegui ver a versão em 3D, mas mesmo assim, gostei, aconselho vivamente, e até acho que o vou ver outra vez. Ele há coisas...




Finalmente, fazer referência a "A Noite Dos Assassinos", peça escrita pelo cubano, José Triana, encenada por António Pires, e interpretada por Graciano Dias, Margarida Vila-Nova e Filomena Cautela.

Na minha opinião a encenação é mesmo o que o espectáculo tem de pior. António Pires é uim encenador bastante experiente e não se justifica um tamanho descuido no tratamento do texto, na direcção dos actores e, especialmente, em tantos lugares comuns em que a peça acaba por se deixar cair.

Os actores são fraquinhos, todos eles, e embora a experiência televisiva das duas actrizes pudesse parecer à partida uma vantagem inegável, a verdade é que o facto dessa mesma experiência ser em grande parte resultado de umas quantas novelas, acaba por sujar o seu trabalho com um cunho plástico e muitas vezes desajustado do trabalho de palco. Quanto a Graciano Dias, o seu desempenho é sempre demasiado morno e nada consentâneo com o espirito do personagem. A boa vontade dos actores é notória, mas de nada vale contra a sua falta de experiência - embora já andem nesta vida há alguns anos - e contra uma direcção defeituosa e descuidada.

A separação entre teatro dramático e cómico nunca é bem conseguida, e a opção de transformar algumas situações no mais puro burlesco acaba por fazer mesmo com que alguns momentos se tornem ridículos e penosos. O espectáculo é enorme e sonolento, muito em parte pela quase total ausência de uma mensagem clara e credivel. E isso faz-se sentir na inquietação que começou a influenciar o público, já incapaz de estar quieto nas cadeiras, e no birburinho impaciente que a dada altura se fez ouvir na sala.

Morno, desinteressante e aborrecido.

KARMABOX WITH A VIEW - XMAS SPECIAL EDITION - JACK SKELETON - "WHAT'S THIS?"





What's this? What's this?
There's color everywhere
What's this?
There's white things in the air
What's this?
I can't believe my eyes
I must be dreaming
Wake up, Jack, this isn't fair
What's this?

What's this? What's this?
There's something very wrong
What's this?
There's people singing songs

What's this?
The streets are lined with
Little creatures laughing
Everybody seems so happy
Have I possibly gone daffy?
What is this?
What's this?

There are children throwing snowballs here
Instead of throwing heads
They're busy building toys
And absolutely no one's dead

There's frost on every window
Oh, I can't believe my eyes
And in my bones I feel the warmth
That's coming from inside

Oh, look
What's this?
They're hanging mistletoe, they kiss
Why that looks so unique, inspired
They're gathering around to hear a story
Roasting chestnuts on a fire
What's this?
What's this?


In here they've got a little tree, how queer
And who would ever think
And why?

They're covering it with tiny little things
They've got electric lights on strings
And there's a smile on everyone
So, now, correct me if I'm wrong
This looks like fun
This looks like fun
Oh, could it be I got my wish?
What's this?

Oh my, what now?
The children are asleep
But look, there's nothing underneath
No ghouls, no witches here to scream and scare them
Or ensnare them, only little cozy things
Secure inside their dreamland
What's this?

The monsters are all missing
And the nightmares can't be found
And in their place there seems to be
Good feeling all around

Instead of screams, I swear
I can hear music in the air
The smell of cakes and pies
Is absolutely everywhere

The sights, the sounds
They're everywhere and all around
I've never felt so good before
This empty place inside of me is filling up
I simply cannot get enough

I want it, oh, I want it
Oh, I want it for my own
I've got to know
I've got to know
What is this place that I have found?
What is this?
Christmas Town, hmm...

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Está oficialmente aberta a época natalícia aqui no Karmatoon!!!

A EUNICE DISSE...




Já nem ia escrever nada hoje - embora hoje a esta hora já seja amanhã -, mas apeteceu-me falar da peça do António Júlio para que já tinha chamado a atenção aqui. Chama-se "Eunice" e é a coisa mais linda que tive a oportunidade de ver este ano cá pelo Portugal. Já o sabia. Conheço o Júlio e a Anabela (Eunice) e tinha a certeza absoluta de que o mundo que eles criaram - com a ajuda preciosa da autora da peça, Helena A. Silva - para a doce Eunice, seria uma pequena maravilha. E é.

Tenho muita pena de que o espectáculo acabe já esta sexta feira. Merecia mais tempo de exibição e merecia todo o público do mundo. A encenação do Júlio é espectacular, a Anabela cria uma personagem verdadeiramente adorável, o cenário, a luz e a tecnologia aplicada à interacção com o público, e que mantém a actriz em constante contacto com o mundo de Eunice, fazem o resto, emprestando ao espectáculo uma energia vibrante e única.

Muitos parabéns, meus queridos. Foi delicioso e encantador, mas vindo de vocês... só posso dizer qe não fiquei surpreendido.
P.S: A foto é da autoria da Kátia Sá, e podem ver mais e saber mais no blog da produção, www.eunice-disse.blogspot.com.