kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

sexta-feira, dezembro 30, 2005

O último post do ano

O primeiro dizia:
Terça-feira, Fevereiro 22, 2005

"Ena, ena!
Que emoção!!! O meu primeiro texto no meu blog... e nada para dizer!Mas não se aborreçam, proximamente terão motivos mais do que suficientes para sentir uma vontade irresistível, quase sobrenatural, de visitar este bloguezito."


Este vai dizer muito mais...

Já aqui disse, 2005 foi um ano... peculiar! Mas peculiar não chega, já que nem tudo o que se passou comigo e com pessoas que me são próximas terá sido apenas peculiar.
Hoje de manhã, em conversa com o Carlos Moura, e antevendo já o que pode vir a ser 2006, eu dizia que mais turbulento do que 2005 seria impossivel. A menos que eu mudásse de sexo! E espero que assim seja - não a mudança de sexo...
Quase tudo aconteceu este ano. Quase tudo num ano que às vezes parecia ter mais do que quatro semanas por mês e bem mais do que doze meses.
Num ano em que voltei à vida activa após um longo, demasiado longo, periodo de baixa por acidente.
Num ano em que tive de aprender a viver com uma limitação fisica, não tão pequena quanto parece, e que me deixou para sempre com uma dorzinha no coração.
Num ano em que comecei a fazer teatro cómico, e em que descobri assim a minha maior paixão. De todas a minhas enormes paixões, sem dúvida a maior.
Num ano em que - e não me canso de realçar - conheci o grupo de pessoas mais rico e importante de sempre na minha vida.
Num ano em que esse mesmo grupo de pessoas se viu abalado por uma sucessão de convulsões que afligiu e influenciou tudo e todos.
Num ano em que me vi envolvido subitamente numa espécie de casting para a SIC, em que ajudei a fazer e editar quatro livros, em que contribuí para o relativo sucesso de um grupo de comediantes que ficará para sempre associado á história do LAF - Comedy Club.
Ou seja...
Num ano em que dei asas à minha criatividade e imaginação como nunca antes.
Num ano em que me vi obrigado a abandonar precisamente o projecto LAF por já não me identificar com o mesmo, com as pessoas que passaram a habitar aquele espaço - durante muito tempo a minha segunda casa - e, acima de tudo, por não concordar com algumas decisões tomadas no sentido de melhorar a filosofia daquele clube de comédia.
Num ano em que regressei a Barcelona e a Menorca, dois locais carregados de boas memórias e que voltaram a ser agradáveis surpresas.
Num ano em que me separei da minha mulher...
Num ano em que tive de abandonar a minha casa, uma dor inenarrável e para muitos inexplicável. É simples. Era uma relação de amor. Muitas vezes mimei a minha casa, com abraços, beijinhos de carinho...
Abandoná-la é como perder um amigo querido.
Num ano em que descobri que ainda tinha a capacidade de me apaixonar e, consequentemente, de derrotar muitos dos meus fantasmas, de derrubar todos os meus bloqueios... para descobrir também que estar apaixonado é, muitas das vezes, a garantia de que esses fantasmas nunca me deixarão totalmente.
Num ano em que nunca como amanhã, as emoções vão estar tão instáveis, tão fragilizadas.
Num fim de ano em que vou ter de lidar com tudo e todos que me aconteceram num tão curto espaço de tempo.
Num fim de ano em que vou ter de lidar com o fechar de uma porta - a do LAF - que serviu para me deixar entrar em muitos mundos, muitos palcos, muitos corações.
Num fim de ano em que a partir de uma certa hora, vou estar mais sozinho do que alguma vez estive.
Num fim de ano que vai de certo servir como a explosão que consome o incêndio. E em que o dia 1 de Janeiro de 2006 vai servir como o dia do rescaldo.
O chavão a que não se consegue fugir: o primeiro dia do resto das nossas vidas.
Da minha vida

Estou ansioso e esperançado por este ano de 2006 que se aproxima a passos rápidos.
Mas tenho a noção de que começar o ano que se avizinha com a mágoa que carrego pode funcionar em dois sentidos completamente opostos.
Vamos ver.
Até para o ano
R.E. (HS, SM, PB, X):

Ora, este grupo de amigos, pela variedade de estilos, de personalidades e, logo, de diferentes níveis de intimidade, funcionou um pouco como um famoso prato de Natal, criação de uma família portuguesa e que consiste do seguinte:
Um perú, recheado com um pato, por sua vez receheado com um frango, que por sua vez é recheado com uma codorniz que, finalmente, é recheada, julgo que, por um pardal. Todas as aves convenientemente desossadas e metidas num belo forno a lenha por não menos do que seis horas... Penso ser fácil imaginar a diferença entre as diversas texturas e sabores das diferentes carnes.
Pois este grupo foi mais ou menos isso. Diferentes texturas, diferentes sabores. Infelizmente não foram muitas as oportunidades em que pudemos funcionar mais como amigos e menos como colegas de trabalho. Infelizmente também, parece-me que por variadas circunstâncias, essa ligação «profissional» estará prestes a conhecer o aguardado fim. Felizmente, há uma coisa que certamente fica desde já assegurada e que é resultado directo dessa desagregação: a hipótese e a vontade de explorar esse lado humano que nem sempre esteve presente em 2005.
Estou ansioso!

...do ano

A melhor música do ano, para mim e sem dúvida alguma; a música que consigo ouvir três, quatro, cinco vezes seguidas; a música que me faz dançar para alguém muito especial mas só quando estou sozinho; a música que aprendi a cantar com alma sempre que estou ao volante. "Multiply" de James Lidell. É música para fazer sexo intensamente. Para amar intensamente. Para nos divertirmos intensamente.
Para tudo e mais alguma coisa, desde que intensamente.

A melhor música de dança do ano... só havia realmente uma, não só? "Hung up" da Sô Dona Madonna. Que vontade irresistível de nos abanarmos, de fazermos todo o tipo de coreografias ridículas, de dançar, mesmo que muito mal, ao som, à batida, aos acordes - que pensávamos estafados e gastos - de um antigo hit desses malucos da dance floor chamados ABBA. Que fantástica resuperação e aproveitamento de um sample transformado em loop dos infernos.
Querida Ana, deves-me esta dança...

Música rock do ano, e uma das mais aguardadas, pelo menos por mim, "Juicebox" dos The Strokes. Electrizante! E mais não digo, assim está muito bem.

O vídeo do ano!!!

(Mas é claro que ainda havia inspiração para escrever mais qualquer coisita...)

Não, não é obra dos Chemical Brothers, nem dos Gorillaz, nem muito menos da Björk. Este vídeo, por obra e graça do Sr. Carlos Moura - a quem, desde já queria agradecer em nome dos milhares de pessoas que já tiveram a felicidade de o visionar -, está disponível no seu blog, para o qual têm um link mesmo aqui ao ladinho, e é pura e simplesmente irresistivel. Nem vou desfazer o efeito surpresa, vão lá e maravilhem-se.
Aliás, era uma óptima idéia o moço responsável pelo dito vídeo, agora que se tornou famoso, fazer uma espécie de Best-off. Qualquer coisa do género "Coreografias ao computador das minhas canções favoritas". Seria O sucesso.

P.S: O mais triste é que também eu faço aquelas figuras quando vou ao volante e canto as minhas musiquitas...
Hmmm... há dias uma boa - mesmo - amiga minha, falava do blog do Carlos Moura como sendo mais animaducho que o meu. Tinha razão, como quase sempre aliás.
O ano de 2005 foi, como já aqui disse, o mais atribulado de sempre, pelas boas e más razões. Isso reflectiu-se irremediavelmente neste blog, que de um momento para o outro passou a ser um depositário das minhas emoções, quando a minha intenção ao criá-lo era a de aqui colocar alguns pensamentos, sim, mas acima de tudo as coisas que me são importantes, como filmes, livros, cartoons, etc.
No entanto, sabe-me bem, este despir de preconceitos, esta exposição - se calhar gratuita - das minhas emoções, das lágrimas e das gargalhadas.
Soube bem e vai continuar a saber, acima de tudo porque essa exposição foi sempre abrilhantada e apoiada pelos vossos comentários, sempre bons, sempre amigos. Senti-me apoiado como nunca, neste blog.
Mas como é natural, espero ter mais motivos para me rir em 2006 do que para chorar. Espero que este blog se torne mais amarelo do que azul em 2006.
Mas espero igualmente poder continuar a contar com os vossos comentários sempre importantes.
Se me sentir inspirado ainda deixo aqui mais qualquer coisita antes do fim do ano...
Só porque sim.
B:

A outra mulher chega sempre sem se fazer notar
A outra mulher gosta de guloseimas, mas não gosta de gomas «brancas»
A outra mulher faz-nos sonhar acordados
A outra mulher aperta a minha mão com tanta força...

A outra mulher não usa perfume, não precisa
Nunca se lembra de já me ter contado sempre as mesmas histórias

E encaixa perfeitamente entre o balcão da cozinha e o armário dos pratos, parecendo ainda mais pequenina do que é, enquanto come esparguete sempre ruidosamente
Nunca estou sozinho quando estou com ela
E sei que nunca vou estar
Porque a outra mulher diz o meu nome como ninguém
A outra mulher faz-me sorrir quando come pizza
A outra mulher tem um hálito fresco, sempre
A outra mulher é vaidosa, sempre
e tudo lhe assenta na perfeição, sempre
Tudo em que toca ganha novas cores, novos perfumes
A outra mulher só se vê de quando em vez
Mas vê-se sempre, em qualquer circunstância
Quero poder vê-la sempre
Mas a outra mulher é como uma enguia, escapa-nos por entre os dedos
para mergulhar na àgua escura e desaparecer, livre.


MJ:

É a minha mais pequena grande amiga. Detentora do prémio de "Pior feitio do ano". Feitio esse que faz parte do seu carácter de tal forma que passa automaticamente a fazer parte do seu encanto. E encanta, e como.
A nossa relação começou manca, practicamente mantida á custa de "olá" e "até amanhã". O que nos aproximou foi algo que vai para sempre ser uma das mais doces memórias de 2005. As conversas até altas horas da madrugada mantidas com ela e com o MR. Conversas de tal modo «interessantes» que criaram nos três uma intimidade inabalável. A química que se viria a revelar a seguir - e que se mantém ainda hoje - podia muito bem ter estragado tudo, mas não. Fortaleceu laços, criou cumplicidade, fez-nos amigos á prova de bala.
É mais atenta a tudo à sua volta do que parece à partida. Gosta das coisas boas da vida - as dela, pelo menos - e faz o que for preciso para as conseguir ter. É, sem dúvida alguma, para o bem e para o mal, a pessoa mais genuína que tive a oportunidade de conhecer este ano. Para o bem e para o mal.
Para além disso, fiquei ontem a saber que também gosta de lulas grelhadas.
Miúda, espero sinceramente poder descobrir mais prazeres gastronómicos contigo em 2006.
Fica por aí

quinta-feira, dezembro 29, 2005



Há pouco, em conversa com uma amiga, falava dos Samurais e da história antiga do japão. Invariavelmente a conversa levou-nos ao filme "O último Samurai" com o rapaz Tom Cruise e uma obra fílmica bastante agradável, diga-se de passagem.
Nesse mesmo filme existe uma das cenas de amor mais bonitas - embora talvez isso não seja assim muito evidente - de que tenho memória.
Quando Cruise se prepara para a grande e final batalha, é vestido, como manda a tradição Samurai, pela «sua» mulher. Ora bem, neste caso, a moça não é a mulher do bom Tom, mas sim a mulher do guerreiro que ele mata logo no início do filme. Seja como for - e nós sabemos que o moço tem os seus atributos -, a mocinha perde-se de amores por ele e trata nessa situação de assumir o papel de honrosa esposa de tão valoroso guerreiro.
Toda a sequência em que ela lhe veste a complexa roupa de um Samurai mostra-nos que o acto de vestir alguém pode realmente ser tão sensual e bonito como o já estafado e tão filmado acto de despir quem se ama. Ao vestí-lo com toda a calma do mundo - e com uma indesfarçada tristeza, por ver o seu amado partir para uma batalha da qual dificilmente sairá vivo - a mocinha dá uma lição de amor puro, respeito e, acima de tudo, de beleza.
Desengane-se quem acredita que os homens não sabem apreciar momentos assim.
Há homens que esperam toda a vida por alguém com quem criar essa intimidade; uma ligação assim tão forte, tão indestrutível.
As palavras mais ouvidas este ano...

"(...) maybe i'm too young to keep good love from going wrong
but tonight you're on my mind so you never know
broken down and hungry for your love with no way to feed it
where are you tonight, child you know how much i need it
too young to hold on and too old to just break free and run
sometimes a man gets carried away, when he feels like he should be having his fun (...)"

Para o ano espero que hajam outras bem mais animaditas.
M.R:

É engraçado. É um dos meus melhores amigos e aquele com quem passei a maior parte deste ano de 2005, e no entanto... poucas foram as ocasiões em que estivemos juntos sem ser para trabalhar.
As diferenças entre nós podem ser gigantescas, mas acabamos sempre por conseguir encontrar um ponto de contacto. O ponto onde as nossas idéias arranjam sempre um entendimento, mesmo na discórdia.
Ajudou-me bastante ao longo do ano, inclusive em situações para as quais não estava minimamente preparado. E ainda ajuda, todos os dias.
Foi ele o responsável por uma viragem tremenda na minha vida. Uma viragem feita em cima de um palco e que, independentemente do resultado ser bom ou mau, vai influenciar o resto dos meus dias.
Espero sinceramente que as coisas continuem a evoluir. Espero sinceramente e do fundo do coração que possas agora criar o espaço e o tempo para voltares ao teu processo de crescimento - que nunca pára, como sabes - e que isso possa ser partilhado comigo. Como eu tenho partilhado tudo contigo. As minhas dores, os meus fantasmas, as minhas conquistas, as minhas alegrias, o meu amor por ti.
Não espero outra coisa de 2006 que não seja continuar o processo criativo que nos une mais do que tudo. E que seja produtivo, meu amigo. Mais nada.

quarta-feira, dezembro 28, 2005



H:

O melhor amigo que tive este ano.
A pessoa que sem me conhecer de parte alguma me fez recuar vinte anos no tempo. Para o tempo em que tudo era possível e o caminho da escola para casa parecia tão grande, sempre tão longo, tão bem passado. A pessoa que sem saber nada a meu respeito carregou em todos os botões com uma precisão assustadora.
Com ele aprendi - porque subitamente tudo me parecia tão novo - que é bom brincar com carrinhos feitos de latas velhas e rolhas a servirem de rodinhas; aprendi que não há nada melhor do que roubar maçãs das àrvores dos vizinhos e comê-las até nos doer a barriga; aprendi que nada é mais importante do que abraçar um amigo com vontade, porque há sempre vontade de abraçar um amigo.
Foi também aquele que provavelmente mais terei desiludido. Porque não tenho ainda o seu ritmo. Porque ainda não consigo andar descalço no prado sem me preocupar em sujar os pés ou em pisar um cardo. Porque ainda sinto uma vergonha pequenina sempre que nadamos nus no rio. Porque nem sempre o consigo acompanhar quando sobe ao mais alto ramo.
Gosto tanto de ti que já nem tenho medo dos castigos da minha tia, sempre que falto às aulas para irmos contar quantas formigas tem um formigueiro.
És tão importante na minha vida que já nem consigo comer maçãs sem estares ao meu lado...
Espero que não desistas de construir aquela casa no topo da minha àrvore.

terça-feira, dezembro 27, 2005



Not talkin' 'bout a year
no not three or four
I don't want that kind of forever
in my life anymore
forever always seems
to be around when it begins
but forever never seems
to be around when it ends
so give me your forever
please your forever
not a day less will do
from you
People spend so much timee
very single day
runnin' 'round all over town
givin' their forever away
but no not me
I won't let my forever roam
and now I hope I can find
my forever a home
so give me your forever
please your forever
not a day less will do
from you
Like a handless clock with numbers
an infinite of time
no not the forever found
only in the mind
forever always seems
to be around when things begin
but forever never seems
to be around when things end
so give me your forever
please your forever
not a day less will do
from you

Ben Harper

A.F:

Provavelmente a pessoa que conheço (apenas de vista) há mais anos de todas estas que num ano deram a volta à minha vida.
Detentora do abraço mais importante do ano, é uma das pessoas que me faz rir com mais facilidade. E rir assim é tão bom.
Eu sei que parece pouco, mas a melhor maneira de a descrever - e uso esta expressão sempre que a vejo - é dizer que é uma mulher do caraças!!! Porque é. Mesmo que eu não saiba explicar convenientemente porquê. É algo que se sente sempre que estamos na sua presença. Presença essa que - e embora seja uma mulher discreta - se faz sentir inequivocamente. Como se de repente toda a gente numa sala se calásse ao mesmo tempo por pressentir que algo de realmente bom e descomunalmente maior que todos tivesse acabado de chegar.
Vais-te embora, A.F, e os corações de todos que aprisionas com o teu sorriso aberto e tão sincero, vão contigo.

Take a walk on the wild side

Nunca aqui tinha falado na minha música preferida de sempre.
provavelmente uma das músicas mais facilmente identificáveis da história da humanidade. usada e abusada em tudo o que é filmes, anúncios de pasta dos dentes, genéricos de novelas, enfim, "Take a walk on the wild side" é indiscutivelmente um hino Pop-Rock.
Embora fã dos Velvet Undergorund, confesso que nunca me rendi totalmente à carreira a solo de Lou Reed, provavelmente o músico mais bem sucedido a sair dessa instituição do rock underground da Nova Iorque dos anos sessenta. No entanto, esta canção... bate-me com uma força descomunal.
E garanto-vos, faz todo o sentido ouví-la enquanto se passeia pelas ruas de Manhatan.

Holly came from miami f.l.a.
Hitch-hiked her way across the u.s.a.
Plucked her eyebrows on the way
Shaved her leg and then he was a she
She says, hey babe, take a walk on the wild side
Said, hey honey, take a walk on the wild side
Candy came from out on the island
In the backroom she was everybody’s darling
But she never lost her head
Even when she was given head
She says, hey babe, take a walk on the wild side
Said, hey babe, take a walk on the wild
Little joe never once gave it away
Everybody had to pay and pay
A hustle here and a hustle there
New york city is the place where they said
Hey babe, take a walk on the wild side
I said hey joe, take a walk on the wild side
Sugar plum fairy came and hit the streets
Lookin’ for soul food and a place to eat
Went to the apolloYou should have seen him go go go
They said, hey sugar, take a walk on the wild side
I said, hey babe, take a walk on the wild side
Jackie is just speeding away
Thought she was james dean for a day
Then I guess she had to crash
Valium would have helped that dash
She said, hey babe, take a walk on the wild side
I said, hey honey, take a walk on the wild

segunda-feira, dezembro 26, 2005



AR (moço):

A primeira pessoa que soube da decisão que viria a mudar decididamente a recta final de 2005 e, sem dúvida alguma, a minha vida futura.
Amigo de longa data. Um dos mais queridos e provavelmente aquele no qual melhor me encaixo - e não, não é nada sexual, ok?
Sentido de humor/timing simplesmente arrasador. Apoia, mesmo sem dizer uma única palavra. Não sei explicar, é estranho de certa forma. Mas sinto-o assim, sempre lá, pese embora a aparente distância.
Não julga ninguém, nunca o faz, mesmo que não concorde com as acções daqueles que o reodeiam.
Pronto, é sexy de uma forma... peculiar...
Faz-me rir como ninguém, faz-me sentir amado como ninguém, acredita em mim e nas minhas capacidades como ninguém.
Às vezes acho que não faço o suficiente para merecer um gajo assim, mas depois lembro-me de todos os favores sexuais que te fiz, ganda maluco, e arrependo-me de ter pensado isso.
Adoro-te ó R, vê se arranjas tempo para aquelas idéias todas...

Continuando...



... e mesmo antes disso, uma pequena sessão de esclarecimento acerca desta minha idéia de «balançar» o meu ano de 2005 através das pessoas que me foram importantes.
Como já tinha explicado, os textos que nascerem desse balanço são para o meu umbigo. Não tenho a presunção de escrever o que vou escrever para agradar, desagradar ou intrigar seja quem for. Da mesma forma não vou perder muito tempo a debruçar-me acerca dos defeitos dessas mesmas pessoas. A verdade é que o ano que está a terminar foi prolífero em novos conhecimentos. Importantes conhecimentos. Novas e fresquinhas amizades. Acima de tudo, 2005 foi um ano de amigos. Um ano que fica na minha memória pelo bem que esses amigos me trouxeram.

Assim sendo...

AR (moça):

A confirmação de uma primeira impressão, já algo longínqua, criada somente em duas ou três ocasiões em que nos juntávamos na casa de amigos comuns. Na altura já tinha ficado com a sensação de que estaria perante uma inteligência altamente esclarecida e esclarecedora. Sem arrogância. Aliás, abrilhantada com uma simpatia e beleza magnéticas. De repente tornou-se uma amiga das mais queridas e divertidas.
O único senão: não joguem Trivial Pursuit com ela, ok? Não que ela saiba tudo de tudo, mas... digamos que sabe algumas respostas que nem o Hermano de Saraiva conseguia saber sem estudar uns dias antes... E isso desconcentra-nos, mesmo quando nos perguntam quem realizou o "Titanic"...
Vou ter saudades tuas, miúda. Boa viagem.

Go


Este post é dedicado expressamente a duas pessoas muito especiais para mim.
Uma delas, o Marco, dizia-me há uns dias no seu habitual tom gozão - o que eu gosto de o ouvir dizer "chabalo" - que o meu blog tinha muita poesia...
Pois bem, Marquito, esta é para te provar que eu não estou só atento às letras de músicas triste, profundas ou depressivas de alguma maneira.
A musiquita chama-se "Go", pertença do sr. Common, um rapper norte-americano, e pode ser encontrada no seu último àlbum do qual agora não me lembra o nome.

She was a bad the type at the club niggaz would grab her
Fantasized when I had her, in the bathroom sweatin' with her ass up
The body of a dancer, we had chemistry cuz she was a Cancer
Thought forever it would last for, but forever move faster, so I had to go
Still I gotta pause when I think about her in dem draws
And baby she liked it raw and like rain when she came it poured
And like a car that I can't afford I would want it, then want some more
The positions our frames explored let me know she was secure, back for more
Freaky like the daughter of a pastor, said I was bait for her to master
Little red corvette now she was faster, wet dreams Le'maire cream the bathroom
We made love and then laughter, and anyway I wanted I could have her
Said there were some girls that did attract her, a new chapter she was after so I said let's go
To a place that you wanna be, get what you want from her and me
Free love I wanna see, hot sex in the third degree
You gettin' served while servin' me, dirty words encourage me to
Rock steady and sturdily on, you turnin' me no turnin' back the further we go

A outra pessoa importante? Não queriam mais nada, não?

sexta-feira, dezembro 23, 2005

A última semana do ano

Acabando este fim de semana festivo, entramos definitivamente nos últimos sete dias do ano de 2005. Como já aqui disse, a título pessoal foi o ano mais... movimentado de trinta e dois anos de vida. Pensei em fazer todo o tipo de balanços, mas concluí que seria melhor restringir esses mesmos balanços de 2005 àquilo que de mais importante me aconteceu. Ou seja, as pessoas que surgiram na minha vida pela primeira vez e que desde logo se tornaram tão importantes, e aquelas que sempre estiveram lá, mas que adquiriram novo significado, nova importância.

Sendo assim, e nos próximos dias, vão poder ler aqui tudo o que sinto por essas pessoas, sempre sem saberem - podendo no entanto imaginar, se preferirem - os seus nomes. É melhor assim.
Por isso mesmo são textos para mim. Poderão não fazer muito sentido para quem os quiser ler. Eu sei que nem sempre faço sentido, mas acreditem, no dia em que eu puder falar de tudo o que me aconteceu neste ano que agora finda, e que influenciou o meu comportamento da forma que foram testemunhando aqui no meu blog, tudo vai encaixar na perfeição. Aguardem.

Cá vai:

C.M.
Tem graça, começo pelo C.M. sem nenhuma razão especial. Aliás, é duplamente engraçado, já que a início nem sequer simpatizava particularmente com ele. No entanto, fui «forçado» a mudar a minha opinião. Pelo tempo que passámos juntos, pelo trabalho que fomos elaborando, pelo apoio que me deu nos mais variados assuntos, pela diversão e pelo bom humor que sempre me proporcionou em todos, todos os momentos vividos com ele. Atravessou tempos complicados, tempos que quase deitavam tudo a perder, não para mim... para ele. Safou-se. Deu a volta por cima e agora está ai novamente para novos e excitantes projectos. Contagia todos em seu redor de uma forma irresistível, levando-os a embarcar nesses projectos sem nunca conseguirem sequer pensar duas vezes.
Espero sinceramente continuar a contar com ele para 2006. Continuar a trabalhar com ele, a divertir-me com ele. Continuar a receber os seus abraços sinceros sempre que, mesmo sem lhe dizer nada, se apercebe de que algo... não está bem.
Gosto dele e faz-me falta, o C.M.

Natal

Juro que não entendo esta capacidade extraordinária que as pessoas adquirem sempre que é chegada a época natalícia. A capacidade de se esquecerem de todo o mal que existe à face da terra; de todos os problemas pessoais, delas e de todos. Subitamente o dinheiro que faltava no mês anterior para comprar aquele vestido que tanto "me ficaria bem" ou para mandar arranjar a suspensão do carro que já anda a guinchar, surge do nada para se comprar Ferrero Rocher para toda a família, especialmente para a tia Judite que "nos oferece sempre qualquer coisinha".
Tanto se fala acerca do espírito natalício, tanto se usa esta expressão de uma forma despreocupada e sem sentido. Qual é, verdadeiramente o espirito natalício? Onde se encontra? Quem realmente o respeita?
A única verdade universal relacionada com tudo isto do Natal, é que ele acontece sempre e quando o homem quer. Não precisa só de ser uma semana por ano, pois não? Somos preguiçosos em quase tudo o que fazemos, na forma como encaramos tudo em que nos envolvemos. Fico especialmente preocupado quando somos assim tão preguiçosos no que às emoções e aos sentimentos diz respeito.

Mesmo assim...
Não consigo fugir à época; também eu invento dinheiro para poder presentear as pessoas importantes na minha vida com coisinhas pequeninas mas que me fazem, porventura, mais feliz que aos contemplados. Aplico-me na forma de os embrulhar, nos postais - que esta ano não enviei - , nas mensagens de carinho...

Por isso mesmo...
Gostava de passar o Natal com todos os meus amigos. Sabendo ser isso impossível, deixo aqui o abraço mais forte e apertado que consigo dar a todos vocês que me fazem sentir tão importante... todo o ano.

Recuperação de um post

Publiquei aqui este post no dia 13 de Outubro.
Apeteceu-me publicá-lo novamente, faz sentido.




A Boy Like Him

É a música mais delicada que conheço. E de uma ternura comovente, como só conseguimos acreditar existir em sonhos.
Sou absolutamente fã da carreira desta islandesa, mas se me fosse pedido para descrever o que essa mesma carreira significa para mim... tá tudo nesta pequena canção. Pura filigrana.
Já aqui me confessei como sendo alguém (demasiado) emotivo, emocional; já aqui me «revoltei» contra a falta de romantismo reinante no nosso mundozinho cinzento. O que eu gostava de ouvir palavras assim...

Who would have known that a boy like him
Would have entered me lightly restoring my blisses
Who would have known that a boy like him
After sharing my core would stay going nowhere
Who would have known a beauty this immense
Who would have known a saintly trance
Who would have known miraculous breath
To inhale a beard loaded with courage
Who would have known that a boy like him
Possessed of magical sensitivity
Who would approach a girl like me
Who caresses cradles his head in her bosom
He slides inside half awake, half asleep
We faint back into sleephood
When I wake up the second time in his arms
Gorgeousness he's still inside me
Who would have known
Who would have known a train of pearls
Cabin by cabin is shot precisely across an ocean
From a mouth of a girl like me to a boy

quinta-feira, dezembro 22, 2005

A Porta Encostada - Não tão ligeiro retorno

A porta encostada não foi obstáculo para ela, que num movimento calculado e calmo a abriu apenas o suficiente para conseguir passar da luz para a escuridão do quarto.O chão velho de tábuas de madeira rabugenta também não a demoveu e, com os pés descalços, deslizou sobre ele, não fazendo qualquer ruído.
Tropeçou na gata, que entretanto se atravessara à sua frente, voou dois metros pelo ar quieto do quarto escuro e aterrou com o crânio em cheio na cabeceira da cama.
Desmaiou, resultado de um violento traumatismo craneano.
Ele não estava a dormir...
mas também não se levantou.

A BD do ano...




...mas nem é bem uma BD. É, como diz o subtítulo, um livro de "pequenos versos para meninos travessos". No entanto, e apesar de considerar a tradução deste livro uma pérola por si só, prefiro o subtítulo original., "Children's tales for disturbed children", já que reflecte de uma forma mais exacta o nível de insanidade de que estamos aqui a falar.

O seu autor, Roman Dirge, tornou-se uma estrela da BD americana com a sua mini-série "Lenore", apreciada um pouco por todo o mundo pelos BD-freaks... como eu...

A obra de Roman é abertamente influenciada pela de Edgar Allan Poe, sendo inclusive Lenore o nome de uma personagem do poema mais famoso de Poe, "The Raven". Neste novo livro, o autor inclui mesmo uma pequena ode ao seu mestre no poema "Eddie Poe".
Ou seja, o que é que temos aqui? Simples. Um livro de versos perfeitamente negros, negríssimos, mas polvilhados de ironia, sarcasmo e de um bom humor tão contagiante que ainda não me parei realmente de rir. Tudo isto, ilustrado pelo traço tão característico de Roman Dirge, tipicamente underground, tipicamente americano, consequentemente irresistível.

Senão vejamos uma pequena amostra do que por aqui se esconde:


"A pequena Lisa Fazmentumescer

A pequena Lisa Fazmentumescer
era a minha melhor amiga, sem engano.
Até que um dia, sem nada dizer,
resoluta, meteu-se adentro o Oceano.

Ao princípio, pensei estar a brincar.
Desse dia, sem dúvida a melhor piada.
Mas a piada acabou por azedar
quando a maré a arrastou afogada."

Ou:

"A família esquisitóide

É óbvio que numa família esquisitóide
também a progenitura será debilóide."

Descubram esta pequena jóia, façam-vos esse favor. Vão ver que funciona às mil maravilhas como remédio para todos os males de espirito... ou como calço para uma mesa de natal defeituosa.



quarta-feira, dezembro 21, 2005

Well there was a man who lived in a shed
Spent most of his days out of his head
For his shed was rotten let in the rain
Said it was enough to drive any man insane
When it rained
He felt so bad
When it snowed he felt just simply sad.

Well there was a girl who lived nearby
Whenever he saw her he could only simply sigh
But she lived in a house so very big and grand
For him it seemed like some very distant land
So when he called her
His shed to mend,
She said I’m sorry you’ll just have to find a friend.

Well this story is not so very new
But the man is me, yes and the girl is you
So leave your house come into my shed
Please stop my world from raining through my head
Please don’t think
I’m not your sort
You’ll find that sheds are nicer than you thought.


Nick Drake

terça-feira, dezembro 20, 2005

Para B



Vou tentar cumprir esse teu desejo...

Strange face, with your eyes
So pale and sincere.
Underneath you know well
You have nothing to fear.
For the dreams that came to you when so young
Told of a life
Where spring is sprung.
You would seem so frail
In the cold of the night
When the armies of emotion
Go out to fight.
But while the earth sinks to it’s grave
You sail to the sky
On the crest of a wave.
So forget this cruel world
Where I belong
I’ll just sit and wait
And sing my song.
And if one day you should see me in the crowd
Lend a hand and lift me
To your place in the cloud.

Nick Drake
Ana,

o abraço espontâneo no Domingo foi tão, tão bom.
Soube a "tu és fixe, miúdo"
E tinhas toda a razão, um abraço nunca precisa de motivo.

sexta-feira, dezembro 16, 2005




The breath of the morning
I keep forgetting the smell of the warm summer air
I live in a town where you can’t smell a thing
You watch your feet for cracks in the pavement
Up above aliens hover making home movies for the folks back home
Of all these weird creatures who lock up their spirits
Drill holes in themselves and live for their secrets
They’re all uptight, uptight, uptight, uptight
I wish that they’d swoop down in the country lane late at night when I’m driving
Take me onboard their beautiful ship show me the weird world as I’d love to see it
I’d tell all my friends but they’d never believe me
They’d think that I’d finally lost it completely
I’d show them the stars and the meaning of life they’d shut me away
But I’ll be all right, all right
I’m all right, all right
I’m just uptight, uptight, uptight, uptight

Obrigado Zé, por me teres lembrado de um disco que já há muito não ouvia.
Por me teres chamado a atenção para o quão injusto eu vinha sendo por me ter dele esquecido.
"Ok Computer" dos Radiohead, para muitos O àlbum da década de 90.
Muito, muito longe, anos-luz de distância, da música-espécie-de-hino de uma geração que os elegeu como uma das melhores bandas do planeta, "Creep".
Quase que diria que não foram estes Radiohead que um dia escreveram essa música.
Não, estes são os Radiohead que se arrependeram amargamente de a ter composto.

Esta canção aqui em cima, "Subterranean Homesick Alien", é puro psicadeli(ri)smo. Ouçam-na faz favor.
Recuperem urgentemente este disco do pó das vossas prateleiras. Vão ver que serão invadidos automaticamente por memórias do ano em que foram presenteados com uma obra imortal. E intemporal.
"Ok Computer".

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Os Gatos


Sempre tive gatos, já devia por isso ter aprendido esta preciosa lição.
Só podemos fazer festas a um Gato quando ele permite. Quando lhe apetece.
Quando é ele quem vem ter connosco.
Assim que se farta de nós, das nossas mãos, levanta-se e vai-se embora.
Assim, simples.
Adoro Gatos

Viva o caril - Parte 2





Pronto, descobri a música mais bonita de 2005! Não me interessa o que ainda está por ouvir daqui até ao final do ano. É esta!!

Intitula-se "Rag Pahadi", pertence ao àlbum Call Of The Valley de que falo mais abaixo neste blog, e são pouco mais de seis minutos de pura beleza, contida e coerente.

Ontem, passava pouco da uma e meia da manhã, e a caminho de casa descobri que não conseguia ir para casa. O meu estado de espirito assim não o permitia.
Tudo em mim me dizia que necessitava de um bom par de horas até estar pronto para recolher á placidez do meu quarto, às mãos da minha mãe.
Necessitava de uma valente descompressão.
Assim sendo, continuei a conduzir.
As imagens de uma memória fresca e recente assaltavam-me os sentidos e revia os últimos minutos da minha noite de uma forma consecutiva, sentindo-os como se voltásse atrás no tempo. O déja-vu mais intenso de que tenho memória.
Por causa disso mesmo não tenho bem a certeza de que caminho percorri até chegar finalmente a casa...
Pela primeira vez em meses senti aquela dor no peito, misto de falta de ar, que nos faz flutuar e sonhar.

Decidi, como sempre, acompanhar essa pequena viagem com a música do meu fiel I-Pod.
E as primeiras notas que ouvi foram desta "Rag Pahadi"... e foram as únicas que ouvi durante todo o caminho. Nunca me deu tanto prazer parar em todos os semáforos que encontrei. Nunca como ontem me soube tão bem conduzir a vinte à hora, com a certeza de que não havia nenhum outro condutor para me insultar do piorio.

Sempre, desde miúdo, que tenho uma vontade. Aliás, já nem sequer é uma vontade, é uma certeza. A certeza de que estarei um dia em frente ao Taj Mahal enquanto ouço música como esta. Não se pode viajar pela India sem uma banda sonora que complete o que os nossos olhos vêem, o que a nossa pele sente. Se é, como dizem, uma viajem dos sentidos...
Ontem descobri qual vai ser a música...

Se o Huck lesse isto aposto que dizia "sempre o mesmo exagerado..."
É por isso que gosto dele

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Viva o Caril!!!




Subitamente, no finzinho de 2005, um dos álbuns do ano, e sem dúvida, um dos mais bonitos.

Ao que sei é uma colectânea de música Indiana- e não sei mais porque não consegui reunir dados exactos e os nomes do indianos assemelham-se concludentemente ao ruído de acidentes automóveis.
No entanto, no site da Amazon este disco vem referenciado como sendo da autoria de Pandit Shivkumar Sharma e Hari Prasad Chaurasia. Não sei se isso ajuda ou não...
Sei, isso sim, que é de facto uma obra de uma beleza encantadora e que merece urgentemente um milhar de audições.
Acompanhadas do melhor caril Madras. Eu ofereço.



Já aqui disse que sempre que escrevo alguma coisa no meu blog, esse momento é acompanhado por uma banda sonora que invariavelmente me inspira e influencia as minhas palavras.
Nunca fiz, no entanto, nenhuma referência específica a uma música, ou músicas, associadas a um determinado post.
Pois bem...
O texto "A Porta Encostada - ligeiro retorno", que podem ler alguns posts abaixo, foi pensado a partir de um primeiro pequenino texto já de há uns meses, mas que evoluiu para esta forma final - ou não - por influência de uma música do Sr. Yann Tiersen, intitulada "A Ceux Qui Sont Malades Par Mer Calme", do seu álbum de originais Le Retrouvailles.
Sinto-a tal e qual como podem ler nesse texto.
Sinto que seria a música de eleição para um momento como o que procurei descrever.
Um momento com o qual só posso fantasiar.
Um momento que revejo de uma forma tão real sempre que ouço a melodia criada pelo músico francês.
Lanço-vos, por isso, um desafio:
Tentem ouví-la e partilhem comigo a vossa interpretação muito pessoal.
Tenho a certeza de que vamos ter aqui alguns textos de rara beleza...
Fico à espera

terça-feira, dezembro 13, 2005



Ou seja...
a todos aqueles que têm problemas. A todos os que têm dores de amor. A todos os que têm bolsos problemáticos. A todos os que andam em busca de um caminho.
Parem um bocadinho com essas merdas e vamos dançar um dia destes. Que dizem?
No fim de semana?
Aceitam-se inscrições aqui neste blog.
Já dizia o Rei Lagarto
"Vamos fazer uma revolução começar uma religião"

A orgia-mais-ou-menos



Pronto, não me aguento. Tenho de vos (tentar) contar a minha noite de Sexta-feira na capital. Minha nossa senhora, que noite!!!

Começou muito bem. Um jantar com amigos em casa da Ritinha - querida Ritinha - onde se juntaram a Ana, o André, o Moura, a Paula, muita garrafa de vinho, muita e boa comida (caramba, aquele babá d'orange com gelado...) e eu mesmo. Logo aí se criou o ambiente de conforto e bem estar de que falo no post anterior. A noite estava, portanto, lançada. Mal sabia eu de que maneira...

De casa da Rita partimos para o Lounge, bar simpático e bem animadinho ali prós lados do Cais do Sodré. Ora, a música puxava, o ambiente puxava, os Bacardis que surgiam do nada puxavam... e foi dançar até cair pró lado.

Mas não caímos! Pelo contrário!! Dali - e enquanto o Sr. Moura e a Paulinha recolhiam aos seus aposentos já vencidos pelo cansaço - a Ana e a Rita ainda me conseguiram arrastar para o Jamaica, local de peregrinação habitual da fauna noctívaga lisboeta e onde eu nunca tinha entrado. Pois bem...

FOI O FIM DO MUNDO EM CUECAS!!!

Quase literalmente. Imaginem um bar/pista de dança com... muito poucos metros quadrados. Imaginem esses metros quadrados em Tóquio, onde habitam em média dez pessoas por cada um desses mesmos metros quadrados. Exacto, parecia uma selva tropical em dia de chuva. Não havia qualquer espaço sequer para levar o copito (com Bacardi) à boquinha ressequida. Mas dançava-se como se cada uma das pessoas que estavam ali estivessem sozinhas na pista.

Aproveito este momento para um breve rewind e lembrar-vos que eu, a Rita e a Ana, estávamos um tanto ao quanto... alterados pela quantidade de àlcool ingerido até então.

Ou seja, levemente alcoolizados, exageradamente animados, música extremamente dançável, cada uma melhor do que a anterior, absorvidos pelo ambiente escaldante criado pelas pessoas que como nós pareciam querer expulsar o demónio do corpo, dançamos até de manhã.
Mas não foi bem só dançar, meu amigos. Os movimentos executados pela massa uniforme de gente em todo o bar assemelhou-se mais a uma orgia - repito, a uma ORGIA - do que propriamente a uma noite de copos e dança. O roçar de corpos era completamente propositado e assumido e consentido. Consentido pelos olhares cúmplices lançados entre todos. O assumir "sim acabei de roçar os meus seios nas tuas costas, e...?".
Hipnotizante!

Como consequência a roupa começou a sair dos corpos molhados com a mesma facilidade com que se continuava a saltar. O suor, esse, tinha vida propria e mudava de corpo de uma forma em tudo promíscua. Promiscuidade, é isso! Essa era a palavara que faltava aqui.

Enfim, às sete da manhã lá conseguiram expulsar toda a gente do bar. Às sete da manhã lá nos dirigimos para o carro para finalmente nos rendermos ao cansaço. Fomo em diagonal, mas lá chegamos à viatura - que nessas alturas parece sempre ter ficado tão longe.

Cansaço?
Mas qual cansaço? Dormi uma hora, se tanto, e passei o resto do dia a dançar a saltar e a roçar-me no André, que era a única pessoa ali disponível...
Respondam-me por favor a este post. Digam-me, não, expliquem-me, como se de uma equação matemática se tratásse, que energia é esta que junta as pessoas. Que as faz sentir bem na presença de outras. Que cria uma sensação impar de conforto e bem estar sempre que ouvimos o nome deste ou aquele amigo em particular.
O que é isto? Pode ser sintetizado numa fórmula química? Alguém algum dia ganhará o prémio Nobel da Paz por descobrir que sentimento é este que cria laços indestrutíveis entre pessoas muitas das vezes tão diferentes?
Que força é esta que me faz sentir saudades vossas?
Tenho andado a ouvir "Life Goes On" da Angie Stone e, de repente, não me ocorrem palavras minhas para acrescentar às palavras dela.
É assim, simples.
Life Goes On

segunda-feira, dezembro 12, 2005

A Porta Encostada - Ligeiro retorno



A porta encostada não foi obstáculo para ela, que num movimento calculado e calmo a abriu apenas o suficiente para conseguir passar da luz para a escuridão do quarto.
O chão velho de tábuas de madeira rabugenta também não a demoveu e, com os pés descalços, deslizou sobre ele, não fazendo qualquer ruído.
O lençol que o tapava foi afastado, no que lhe pareceu ser uma meiga eternidade.
A forma cuidadosa como ela se deitou ao seu lado e como se encaixou nas suas pernas....
Ela não o queria acordado.
Mas ele não estava a dormir...
O abraço uniu-os como se se nunca mais se pudessem separar e as bocas encontraram-se como se nunca se tivessem perdido.
Mãos despiram corpos com a leveza de uma brisa.
Tocaram pele como se nunca tivesse sido tocada.
Cabelos, afagados pela vontade de os embalar.
O corpo dele tremia nervoso
O dela acalmava-o
Fizeram amor pela primeira vez como se fosse a última
brindados pela luz ténue de um fim de tarde que não queria acabar
Ela disse-lhe ao ouvido "estás dentro de mim"
Adormeceram um no outro...
E nunca mais acordaram

Era só um sonho,
mas que lhe comandava a vida



A minha avó Gloria chamava-lhes mãos de aranhiço
Pequeninas, sem peso, frágeis como papel vegetal
Tão pequeninas e frágeis que acreditamos mesmo que a qualquer momento podem ser levadas por um vento mais egoísta

Tão grandes, tão fortes
Tão levezinhas, mas que fazem tanto
Não as leves nunca, vento


Às vezes gosto de acreditar que a vida ainda é feita de certezas. As relações entre pessoas, o amor, a amizade, o ódio até. Mas vou aprendendo que nem sempre isso acontece. Por não ser possivel, porque nem toda a gente funciona assim, porque não tem realmente de ser assim.
Mas há certezas que nos fazem falta. A certeza de um toque leve na nossa mão. A certeza de um "adoro-te", de um "fazes-me tanta falta". A certeza cruel de um "odeio-te e não te quero ver mais", porque não? A certeza de que a minha mãe me vai tapar à cama mesmo depois de eu já o ter feito...

Queixamo-nos toda a vida da rotina, dos hábitos repetidos até à exaustão, de comer sempre os mesmos flocos todas as manhãs antes de ir para o mesmo emprego de merda de sempre, sempre no mesmo autocarro, sempre com as mesmas pessoas. Procuramos constantemente coisas novas que nos façam sentir renovados. Um amante, um carro, um desporto radical. Saltamos de cima de um penhasco agarrados a um pedaço de tecido para compensarmos o facto de estarmos fartos das nossas gravatas.

Alguém me perguntava ontem se conhecia pessoas simples. Claro que sim e claro que isso é algo de muito bom. No entanto ninguém é inteiramente simples, da mesma forma que ninguém complicado o é inteiramente. A surpresa é essa. Darmo-nos com alguém que julgamos ser simples, a pessoa mais simples do mundo, para nos apercebermos um dia que naquele particular assunto essa mesma pessoa pode ser mais complicada do que algum dia teríamos imaginado. E é mesmo assim. As relações humanas são de longe as mais complexas. Aliás, acredito fortemente que os animais se devem divertir muito às nossas custas sempre que passa mais um programa da BBC - Vida Humana ou da National Humanographic lá na TV Cabo do mundo animal. Somos naturalmente complicados... mesmo as pessoas simples.

À mesa de um fantástico pequeno almoço, a Ana dizia-me ser uma pessoa simples que se sentia satisfeita com coisas simples como um fantástico pequeno almoço com amigos, com o André, com a vista que ela tem de Lisboa a partir da janela da sua marquise. Todas as pessoas são assim, simples. Não o sabem, mas são. Não se dão ao trabalho de procurar saber o que lhes faz bem, o que os realiza. E assim deixam escapar pequenos, muito pequeninos momentos de absoluta felicidade. Às vezes meros segundos, mas que, contas feitas, valem bem por anos e anos de cinzentismo.

Às vezes gosto de acreditar que a vida ainda é feita de certezas. Às vezes fazem-me falta, como se fossem uma lanterna, daquelas que antigamente nos levavam à cadeira do cinema já escuro, incógnitas, mas que sabíamos sempre que iam lá estar quando chegávamos atrasados e a mão do nosso pai, só, não chegava.
Por outro lado, nunca como agora o efeito da surpresa me deu tanto gozo. E neste jogo entre certezas e falta delas perco a noção de como agir.
Se isso é inteiramente bom ou inteiramente mau...


A felicidade não se conjuga no verbo "ser". Conjuga-se no verbo "estar".
E eu estive feliz este fim de semana. Novamente em Lisboa, novamente com os amigos.
Ana, André, Carlos, Paula, Rita, Enia, Raquel...
Foi bom e produtivo. Ajudei o carlos num texto que ele estava a escrever, produzi com ele material para o próximo Sábado - dia em que actuamos no Laf - e conversamos, conversamos, disparatamos e rimo-nos. À gargalhada!
Conheci pessoas que não faziam parte da minha vida e que agora moram nos meus pensamentos.
Dancei, ri, discuti projectos para o futuro...
Mais uma sessão de renascimento.

quarta-feira, dezembro 07, 2005



Esta semana duas pessoas que me são muito, muito queridas, perguntavam-me porque é que me exponho desta forma no meu blog. Uma mostrava alguma preocupação e justificava-a com o facto de falarmos pessoalmente muito pouco. Logo, todos estes posts não lhe eram totalmente claros em relação ao meu estado de espírito. Faz sentido.

A segunda pessoa não entende muito bem em que medida é que será útil, ou de qualquer outra forma, positiva, tanta exposição. Acusou-me até de exibicionismo... Conheço-a bem e sei que diz essas coisas para me picar, para me provocar. No entanto, é real o facto de não entender esta facilidade com que exponho a minha vida privada.

São coisas que não se explicam. Com a mesma simplicidade com que deixo aqui alguns testemunhos acerca de filmes ou músicas de que gosto, mostro também alguns aspectos íntimos da minha vida. Aspectos muito pessoais, sim, mas dos quais não me envergonho. Se alguma dessas pessoas aqui estivesse atirava-me já com um "não ter vergonha não chega". Para mim chega.

Eu confesso. Gosto do feedback dos meus amigos. Gosto quando se identificam com o que escrevo. Da mesma forma, gosto quando não se identificam porque mesmo assim têm sempre uma palavra ou um : ) para me oferecer. E isso ajuda-me.

Ou seja, não existem fórmulas. Existem sentimentos que não me cabem cá dentro. Tenho de os partilhar.

De certa forma, é como ser apresentador de um programa de rádio. Não sabemos com quem é que estamos a comunicar, mas sabemos que estamos a comunicar com alguém.
Eu sei que estou a falar da minha vida com alguém; sei até quem são as pessoas que me têm acompanhado neste blog.
Mas a verdade é que sempre que passo os meus sentimentos para esta página em branco estou sozinho...

Uma dessas pessoas dizia que sendo assim eu não teria segredos para ela, e isso é um grande erro. Tenho sempre. Não segredos, mas pormenores que vou dando a conhecer de acordo com os momentos, devagarinho, com toda a calma do mundo.

Não gosto de...



ter as mãos sempre geladas
dormir
unhas sujas
te ver chorar
me esquecer das datas dos aniversários
não ter dias com 48 horas
puxar os pêlos que tenho nos dedos dos pés
usar roupa passada a ferro
de empregados de mesa que atiram os trocos
meias de lã
ter perdido as minhas cassetes com os episódios do Ren & Stimpy
The Gift
ignorância despreocupada
roupa branca
bairrismos
de não estar aí...
Se não tiveram a oportunidade de ler os comentários originados pelo meu post "OntemValha-me-Deus-Nossa-Senhora-e-a-Santíssima-Trindade-todos-os-santos-e-o-Diabo-a-quatro!!!", então espreitem-nos antes de lerem este novo post, que eu espero um bocadinho...

Já está? Pois então, este é o post que eu prometi que iria de certa forma esclarecer tanta, tanta dúvida.
Ontem foi há uns dias, isso pouco importa.

Quais os acontecimentos mais ou menos descritos nos comentários ao meu post?

Pois bem, o primeiro foi o ter assistido a um bocadinho de uma coreografia de Yoga que uma amiga vai interpretar hoje na academia onde tem aulas. Para ela, desde já, um beijinho de boa sorte.

O segundo foi de facto um medley, cantado e dançado, de várias músicas pindéricas/pirosas/divertidas com que essa minha amiga, a irmã e a prima me presentearam. Foi O momento divertido do fim de semana. Hilariante!

O terceiro... bem desse não posso falar, já que estou proibido de aqui falar de certos assuntos... Mas se querem realmente saber foi esse, sim senhora, que originou o post e sim, é esse, que vale por dez, por cem, por mil.
E vai valendo...

Para H.

Cada palavra que dizes,
mesmo que temas dizê-la,
é uma luz que se acende
atrás de cada janela,
é um verso prometido,
é uma rima anunciada
que ás vezes se desfaz
numa alegre gargalhada.

José Jorge Letria


Tens razão, Carlos.
Do que eu gosto mesmo é que me abracem enquanto me completam uma frase...
Sinto falta disso

terça-feira, dezembro 06, 2005

Gosto de...



picante na comida turca
chicletes que vasectomizam
caril de peixe
...pronto, qualquer tipo de caril
andar descalço
...mas adoro calçado
rir até me doerem as costelas
cantar quando vou no carro e ninguém vê a figurinha que eu faço
bolo de chocolate, quando feito pela mãe
abraços dos amigos
filmes piegas
filmes de terror piegas (?)
passear no «meu» Gerês
gatos, mesmo quando me enchem de pêlo
estalar os nós dos dedos, os ombros, os cotovelos e os pés, que parecem pipocas
me deitar e de receber as festinhas da minha mãe, mesmo quando ela me coloca mais um cobertor mesmo depois de lhe ter dito cem mil vezes que não era necessário
mostrar o meu mundo aos meus irmãos
de beijar a barba rija do meu pai
de ti...


Ainda em relação ao post aqui de baixo...

A verdade é que ando cansado de ver pessoas à minha volta com capacidades e aptidões para fazer muitas coisas fantásticas; pessoas que, juntas num mesmo projecto, fosse ele qual fosse, funcionariam ás mil maravilhas.
Pessoas criativas, sonhadoras, cómicas, experientes nas mais diversas àreas profissionais. Conheço designers, publicitários, comediantes, actores, malabaristas e bailarinos, uns melhores outros piores. Acho que juntá-los seria... perfeito!
Espero conseguir essa unificação com esta idéia que me tem assombrado. Acho que sim.
Devo ser maluco!
Como se já não bastásse andar tão ocupado com mil e uma coisas da minha vida privada e profissional, ainda arranjei tempo e espaço na minha cabeça para encher com mais um projecto, este ainda por concretizar.

Tenho esta idéia de criar uma espécie de companhia de teatro amador, com um espectáculo que já está meio planeado na minha cabeça. Existem três skecthes quase completos e que em nada têm a ver com o trabalho que a Região estrangeira tem vindo a desenvolver. Aliás, todo o projecto está a anos luz do que se tem vindo a criar na RE. Outro tipo de humor, outra forma de o representar.
Já tenho bem definido o ambiente que pretendo para o espectáculo; as pessoas com quem quero trabalhar, desde as que vão representar, até às que vão criar, organizar, publicitar...
Sendo que estou a falar de um espectáculo composto por várias situações sem ligação directa entre si, concluo que neste momento me falta o mais importante: um fio condutor.
Este fim de semana vou a Lisboa, e vou partilhar esta idéia com a Ana, o André Ruivo e o Carlos Moura. Acho que no Domingo à noite já vamos ter um monstro-bebé nas mãos.
A partir daí é trabalhar com afinco.
Vamos ver no que dá...

Logo à noite...



...na FNAC do Gaiashopping às 22.00 acontece o lançamento de um livro que eu ajudei a nascer. Chama-se "O Meu Primeiro Livro Em Mirandês", é da autoria do Paulo Magalhães, um amigo, e é absolutamente irresistível.
O Paulo tirou as fotos que ilustram as cuntas - pequenos textos, historietas típicas das gentes da terra - e eu e o Zé Carlos (do qual já tenho falado aqui) fizemos o design gráfico. Modéstia à parte, acho que contribuimos para dar ao livro um cunho muito especial; tornamo-lo na única coisa que sentíamos que ele tinha de ser: um objecto amoroso, terno e enternecedor. Os ingredientes fornecidos pelo Paulo e pelo seu colega na autoria do livro - de quem vergonhosamente não me lembro do nome - ditaram esse sentimento.
Se quiserem testemunhar esse sentimento, esse nascimento, venham logo à FNAC.
Não vai haver comes e bebes...

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Don't stop me now



(Bulha, espero que este não te deixe dúvidas)


Aqueles que defendem que eu sou meio-bicha vão adorar este, mas enfim...

Tonight I'm gonna have myself a real good time
I feel alive and the world it's turning inside out Yeah!
I'm floating around in ecstasy
So don't stop me now don't stop me
'Cause I'm having a good time having a good time
I'm a shooting star leaping through the skies
Like a tiger defying the laws of gravity
I'm a racing car passing by like Lady Godiva
I'm gonna go go go
There's no stopping me
I'm burning through the skies Yeah!
Two hundred degrees
That's why they call me Mister Fahrenheit
I'm trav'ling at the speed of light
I wanna make a supersonic man of you
Don't stop me now
I'm having such a good time
I'm having a ball don't stop me now
If you wanna have a good time just give me a call
Don't stop me now ('Cause I'm having a good time)
Don't stop me now (Yes I'm having a good time)
I don't want to stop at all
I'm a rocket ship on my way to Mars
On a collision course I am a satellite
I'm out of control
I am a sex machine ready to reload
Like an atom bomb about to explode
I'm burning through the skies Yeah!
Two hundred degrees
That's why they call me Mister Fahrenheit
I'm trav'ling at the speed of light
I wanna make a supersonic woman out of you

E o Freddy Mercury é que sabia!

Pronto, talvez não a parte da sex machine, tenho que ir com calma...


Ontem
Valha-me-Deus-Nossa-Senhora-e-a-Santíssima-Trindade-todos-os-santos-e-o-Diabo-a-quatro!!!

A vasectomia




Ontem, armado em maluco-que-gosta-de-arriscar-porque-sim, meti de uma assentada só, e num movimento seguro e confiante, duas chicletes Max Air à boca...

Fiquei estéril.
Juro-vos.
Executei uma auto-vasectomia com recurso a duas pastilhas elásticas.
Aguardo pelo Nobel...

Primeira revisão do ano 2005...

...que, no meu caso, não foi bem um ano, mas sim ano e meio.

Como algumas pessoas sabem, em Abril de 2004 sofrí um acidente que por pouco não me levava mais do que o braço esquerdo. Foi, portanto, a partir daí que teve início este ano de 2005 e 1/2. De todos estes meus 32 anos, este ano e meio foi o mais... peculiar.

Foi durante estes 20 meses que toda a minha vida sofreu mudanças que me vão acompanhar para sempre.

Nunca, como em 2005 e 1/2, conheci tanta gente nova. E em que voltei a estar com amigos de ontem. Todos ele pessoas que em tão pouco tempo se tornaram essenciais para o meu bem estar. Pessoas que, mesmo sem lhes pedir nada, me mostraram que ainda existem coisas boas que merecem ser vividas e experimentadas.
Amigos de verdade que me fizeram regressar a uma altura na minha vida em que sabia bem ser infantil, arrojado e traquinas. Já não me lembrava como era ser assim...
Já houve quem me acusásse de ser demasiado fácil nas relações que crio com as pessoas. Que exagero na entrega, na confiança, na preocupação. Não consigo viver de outra forma.
Por isso mesmo o meu coração está com vocês... Henrique, Carlos, Marco, Sandro, Baldaia, Jo, Gi, Maria João, Ana, Ana, Xico, Yu, Bárbara...

Para além disso, e também por isso, descobri uma paixão assolapada e surpreendente. O Marco, colega de Região e forte amigo, tinha-me dito uma vez - pura premonição - que ainda me havia de ver num palco... não acreditei, gozei-o por me dizer isso. Meses mais tarde apercebí-me de que nada nunca me daria mais prazer do que subir a um palco. Descobri, portanto, a paixão pelo teatro. Ainda não descobri se me safo bem ou mal, mas no fim de cada actuação isso é o que menos importa, acreditem.

Durante as semanas que faltam para o fim do ano - e o fim de um ciclo na minha vidinha - voltarei aqui para mais resumos.

sábado, dezembro 03, 2005

A segunda melhor noite do ano

Pois, mas uns minutos mais tarde, a surpresa foi ainda maior. Sem nenhum planeamento, de uma forma totalmente espontânea, a minha noite estendeu-se até aos primeiros raios do Sol. Algo que eu já não via há muitos anos. O nascer do Sol.
Sinto-o sempre como se naquele momento fosse só meu e dos que estão comigo. Como se mais ninguém o estivesse a ver.
E em verdade vos digo que me sinto a renascer com ele, não consigo explicar.
Houve uma altura na minha vida em que, com dois bons amigos, repetia todos os dias o mesmo ritual. Conversávamos horas a fio dentro do carro de um deles, até que o Sol, ele mesmo, nos vinha dizer que era chegada a hora de recolher a nossas casas.
E era sempre bom, sempre diferente.
Ontem voltei a esse ritual com alguém que tem sido tão importante na minha vida recente. Alguém que, por diversas vezes e por diversos pormenores, me mostrou que a vida vale realmente a pena ser vivida. Ontem à noite foi mais um passo neste meu regresso a mim.
E pela mão do meu Huck.


Em Junho (que afinal foi em Outubro) escrevi neste blog o seguinte post

"...e por isso mesmo gostava de ter um Sol só para mim.
Um anjo da guarda, que me proteja já eu tenho. Chama-se Gloria.
Mas um Sol, isso ninguém tem. E faz-me falta um Sol, como o da imagem, que me faça companhia.
Que me dê calorzinho bom. Conforto. Enfim, mariquices."

Já está, já o tenho.

Primeiro, o filme...

Andei anos a tentar escapar à maldição do "Dirty Dancing". Ontem, e sem estar minimamente à espera, fui violado por duas amigas que não descansaram enquanto não me meteram em frente da televisão para ver uma casste VHS - o que mais podia ser para que noite fosse perfeita? - já comida de tantas e tantas horas a rolar dentro de todos os leitores de vídeo da familia, vezes sem conta até deitar fumo de tanto sobreaquecimento, contendo... a maldição em forma de película.
Pois bem, deixem-me que vos diga que o maldito filme superou todas as minhas mais loucas expectativas. Sempre tive algum preconceito em relação a tal objecto filmico; confesso isto sempre com um orgulho indesfarçado. Aquela cena de teenager que não quer dar cúnfia às gajas, sabem? O que eu não fazia idéia era que o filme - se é que se pode chamar àquilo, filme... - fosse tão, tão, mas tão mauzinho. Pobre, até.

Contudo, não trocava a penosa hora e meia de duração do filme por nada deste mundo. Vê-lo enquanto admirava o espectáculo que as minhas duas amigas executaram do início ao fim do mesmo, genéricos inclusive, foi... arrebatador! Todas as canções, logo desde a inicial, na pontinha da língua; as coreografias mais ou menos bem reproduzidas - sim, que isto da idade já começa a cobrar os seus dividendos; as memórias de quem, na altura, seria o namorado de qual, sendo que a preferência ia, obviamente, para o estrábico-espécie-de-tronco-com-bracinhos-e-perninhas-pintor-estucador-número-não-sei-lá-qual do Patrick Sawyze... Raios me partam se aquele mono alguma vez foi sensual na vidinha dele!
Enfim, uma verdadeira festa, que me fez compreender o porquê do sucesso que este filme teve na altura e o seu significado para uma determinada geração.
Já não me ria assim há algum tempo. Da mesma maneira, as minhas amigas divertiram-se imenso com a colecção de caras e expressões verdadeiramente genuinas que produzi durante hora e meia.

Tudo isto para dizer muito obrigado às duas. Foi uma noite... inesquecível.

sexta-feira, dezembro 02, 2005



O corpo dela abanava-se de um lado para o outro, sem parar. Frio, dizia ela.
Nervos, pensou ele. Era uma certeza.
As palavras sairam da boca dela sem preparação.
Os ouvidos dele estavam preparados.
Subitamente "a semana foi complicada" soava-lhe estranhamente a "precisamos de conversar".
"Isto não é fácil" a "já não te amo".
"Não sei como é que vai ser" a "é melhor acabar tudo"
E no entanto... nunca tinham começado nada...
Protegido por um casaco enorme, mas que de repente parecia pequeno demais para o esconder, deixou de sentir frio. Deixou de sentir.
O caminho para casa foi feito de ar.
E ainda é

O coração

Não tenho dúvidas de que o coração é realmente o orgão do amor.
É ele que dói quando a pessoa por quem estamos apaixonados nos diz coisas boas e coisas más. É ele que aperta e fica pequenino quando sabemos, acima de tudo, que não existem mais hipóteses de ficarmos com quem queríamos ficar.

Não tenho dúvidas de que é o coração quem descontrola a circulação sanguínea de modo a ficarmos tontos de amor... ou de dor. Que propositadamente nos aumenta a pulsação e nos faz ficar à toa sempre que vemos o objecto da sua paixão.

Não tenho dúvidas de que o coração é practicamente independente do resto do corpo.

Não tenham dúvidas...